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domingo, maio 30, 2010

CIDADES

FLORIANÓPOLIS

Área: 433,317 km²
População: 408.161 hab. est. IBGE/2009
Densidade: 941,9 hab./km²
Altitude: 0 (nível do mar) m
Clima: subtropical úmido Cfa

Indicadores
IDH: 0,875 elevado PNUD/2000
PIB: R$ 7.104.195 mil IBGE/2007
PIB per capita: R$ 17.907,00 IBGE/2007

Florianópolis é a capital do estado de Santa Catarina e uma das três ilhas-capitais do Brasil. Destaca-se por ser a capital brasileira com o melhor índice de desenvolvimento humano (IDH), da ordem de 0,875, segundo relatório divulgado pela ONU em 2000. Esse índice também a torna a quarta cidade brasileira com a melhor qualidade de vida, atrás apenas das cidades de São Caetano do Sul e Águas de São Pedro, no estado de São Paulo e Niterói (RJ).
Localiza-se no centro-leste do estado de Santa Catarina e é banhada pelo Oceano Atlântico. Grande parte de Florianópolis (97,23%) está situada na Ilha de Santa Catarina, possuindo cerca de 100 praias, consideradas também as continentais.
Possui, segundo o IBGE no ano de 2009, uma população de 408.161 habitantes, sendo o segundo município mais populoso do estado, atrás apenas de Joinville.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Florian%C3%B3polis

FÁBULA

O LOBO E O CORDEIRO
Esopo

Estava bebendo um lobo encarniçado em um ribeiro de água, e pela parte de baixo chegou um cordeiro também a beber. Olhou-o o lobo de mau rosto, e disse, reganhando os dentes: – Porque tiveste tanta ousadia de me turvar a água onde estou bebendo? Respondeu o cordeiro com humildade:

– A água corre para mim, portanto não posso eu turvá-la. Torna o lobo mais colérico a dizer: – Por isso me hás-de praguejar? Seis meses haverá que me fez outro tanto teu pai. Respondeu o cordeiro: – Nesse tempo, senhor, ainda eu não era nascido, nem tenho culpa. – Sim tens (replicou o lobo) que todo o pasto de meu campo estragaste. – Mal pode ser isso, disse o cordeiro, porque ainda não tenho dentes. O Lobo, sem mais razões, saltou sobre ele e logo o degolou, e o comeu.

sábado, maio 29, 2010

MÚSICA


Borzeguim, deixa as fraldas ao vento
E vem dançar
E vem dançar
Hoje é sexta-feira de manhã
Hoje é sexta-feira
Deixa o mato crescer em paz
Deixa o mato crescer
Deixa o mato
Não quero fogo, quero água
(deixa o mato crescer em paz)
Não quero fogo, quero água
(deixa o mato crescer)
Hoje é sexta-feira da paixão sexta-feira santa
Todo dia é dia de perdão
Todo dia é dia santo
Todo santo dia
Ah, e vem João e vem Maria
Todo dia é dia de folia
Ah, e vem João e vem Maria
Todo dia é dia
O chão no chão
O pé na pedra
O pé no céu
Deixa o tatu-bola no lugar
Deixa a capivara atravessar
Deixa a anta cruzar o ribeirão
Deixa o índio vivo no sertão
Deixa o índio vivo nu
Deixa o índio vivo
Deixa o índio
Deixa, deixa
Escuta o mato crescendo em paz
Escuta o mato crescendo
Escuta o mato
Escuta
Escuta o vento cantando no arvoredo
Passarim passarão no passaredo
Deixa a índia criar seu curumim
Vá embora daqui coisa ruim
Some logo
Vá embora
Em nome de Deus é fruta do mato
Borzeguim deixa as fraldas ao vento
E vem dançar
E vem dançar
O jacú já tá velho na fruteira
O lagarto teiú tá na soleira
Uirassu foi rever a cordilheira
Gavião grande é bicho sem fronteira
Cutucurim
Gavião-zão
Gavião-ão
Caapora do mato é capitão
Ele é dono da mata e do sertão
Caapora do mato é guardião
É vigia da mata e do sertão
(Yauaretê, Jaguaretê)
Deixa a onça viva na floresta
Deixa o peixe n'água que é uma festa
Deixa o índio vivo
Deixa o índio
Deixa
Deixa
Dizem que o sertão vai virar mar
Diz que o mar vai virar sertão
Deixa o índio
Dizem que o mar vai virar sertão
Diz que o sertão vai virar mar
Deixa o índio
Deixa
Deixa

CANGAÇO. Charles Fonseca. Poesia.

CANGAÇO
Charles Fonseca

Passageiro tu que andas
Pelas ruas e vielas
Dize-me por entre velas
Se ela mandou lembrança

Daqueles tempos de outrora
Daquele riso tão largo
Montada em mim em cangaço
Eu seu cavalo na aurora

De sua vida chegada
De susto sem previsão
Sem mais nem menos então
Eu cavalo relinchava

Se a vires por aí
Tão cheia de objetos
De planos diz que abjeto
Estou sem ela a sorrir

Diz também que eu já cansado
De esperar pelo porvir
De ir a ela e ela ir
Se afastando pelo lado

Que estou aqui qual dantes
À mercê da ilusão
De amar por alusão
A ela tal qual foi antes.

PINTURA


Flegel, Georg - 1563/1638, Alemanha. Painting Flowers.

ECONOMIA

Esta é uma lista com as cidades brasileiras mais desenvolvidas segundo o IDH, aquele padrão internacional de análise de desenvolvimento humano. Ele leva em conta a economia, a distribuição de renda, o acesso a educação e ao saneamento básico entre outras coisas.
Esta lista das mais desenvolvidas é de 2000 e os dados vêm do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (PNUD/2000). Em negrito estão as cidades em que eu já estive e posso garantir que o padrão de vida nelas é realmente excelente.
Veja as cidades:
1. São Caetano do Sul (SP) – 0.919
2. Águas de São Pedro (SP) – 0.908
3. Niterói (RJ) – 0.886
4. Florianópolis (SC) – 0.875
5. Santos (SP) – 0.871
6. Bento Gonçalves (RS) – 0.870
7. Balneário Camboriú (SC) – 0.867
8. Joaçaba (SC) – 0.866
9. Porto Alegre (RS) – 0.865
10. Fernando de Noronha (PE) – 0.862
11. Carlos Barbosa (RS) – 0.858
12. Caxias do Sul (RS), Joinville (SC), Jundiaí (SP) e Vinhedo (SP) – 0.857
13. Curitiba (PR), Selbach (RS) e Vitória (ES) – 0.856
14. Blumenau (SC), Luzerna (SC) e Ribeirão Preto (SP) – 0.855
15. Lacerdópolis (SC) – 0.854
16. Santana do Parnaíba (SP) – 0.853
17. Campinas (SP) – 0.852
18. Ivoti (RS), Quatro Pontes (PR), Saltinho (SP) e Videira (SC) – 0.851
19. Ilha Solteira (SP), Jaraguá do Sul (SC) e Veranópolis (SC) – 0.850
20. Concórdia (SC), Iomerê (SC), Pato Branco (PR), Pomerode (SC), São José (SC) e São José dos Campos (SP) – 0.849
21. Araçatuba (SP) e Chapecó (SC) – 0.848
22. Entre Rios do Oeste (PR), Nova Petrópolis (RS) e Paulínia (SP) – 0.847
23. Braço do Norte (SC) e Presidente Prudente (SP) – 0.846
24. Maripá (PR), Santa Maria (RS) e Urussanga (SC) – 0.845
25. Brasília (DF), Farroupilha (RS) e Nova Bassano (RS) – 0.844
http://www.benderblog.com/lista-das-cidades-mais-desenvolvidas-do-brasil/

FOTOGRAFIA


Azul, upload feito originalmente por Charles Fonseca.

sexta-feira, maio 28, 2010

MEDICINA

ESQUIZOFRENIA

E os efeitos colaterais?
As drogas antipsicóticas, como todas as medicações, trazem efeitos indesejáveis junto com seus efeitos benéficos. Nas primeiras fases do tratamento os pacientes podem sentir efeitos colaterais desagradáveis tais como tonturas, inquietação motora, tremores, sonolência, espasmos musculares, boca seca, turvamento da visão. A maioria destes efeitos pode ser corrigida com uma diminuição da dosagem ou controlada com outros medicamentos. São comumente usados para tratar os efeitos colaterais: biperideno, trhexafenidil, e propanolol. É importante lembrar que diferentes pacientes respondem de forma diversa e apresentam efeitos colaterais diferentes aos vários medicamentos antipsicóticos. Os efeitos colaterais de longo-prazo podem representar um problema mais sério. A discinesia tardia é um transtorno caracterizado por movimentos involuntários que afetam mais freqüentemente a boca, os lábios, a língua e às vezes o tronco ou outras partes do corpo, como pernas e braços. Ela ocorre em cerca de 15 a 20% dos pacientes que receberam os medicamentos mais antigos (os “antipsicóticos típicos”) por muitos anos, mas também pode aparecer em pacientes que tenham sido tratados com estas drogas por períodos mais curtos. Na maioria dos casos os sintomas de discinesia tardia são leves e os pacientes podem nem perceber os movimentos.
As medicações antipsicóticas desenvolvidas mais recentemente parecem apresentar um risco muito menor de produzir discinesia tardia do que as medicações tradicionais, mais antigas. Entretanto, este risco não é nulo. Além disso, estas medicações mais novas também podem produzir efeitos colaterais, tais como ganho de peso. Quando prescritas em doses muito altas, podem levar a problemas de retraimento social e produzir sintomas que se parecem com a Doença de Parkinson, um transtorno que afeta os movimentos. De qualquer forma, estes novos antipsicóticos representam um avanço significativo no tratamento e o seu uso adequado é tema de muitas pesquisas atuais.

O que são intervenções psicossociais?
Os pacientes com esquizofrenia podem melhorar muito dos sintomas psicóticos com a medicação, mas ainda assim muitos continuam a sofrer com dificuldades de comunicação, motivação, auto-cuidado e para estabelecer e manter relacionamentos. Além disso, como a doença acomete as pessoas quando estão numa fase crítica de formação na vida (entre os 18 e 35 anos de idade), os pacientes têm menor probabilidade de completar os estudos e treinamento adequado para desempenhar um trabalho mais qualificado. Conseqüentemente, muitas pessoas com esquizofrenia sofrem não somente com dificuldades emocionais e cognitivas, mas também não adquirem ou perdem habilidades sociais e de trabalho, ou seja, experiência de maneira geral.
As intervenções psicossociais podem ajudar principalmente a diminuir o sofrimento e as dificuldades sociais e ocupacionais. Existem muitas abordagens terapêuticas para as pessoas com esquizofrenia, nos diferentes tipos de serviços e contextos de tratamento – no hospital ou na comunidade. Algumas destas abordagens estão descritas aqui. Infelizmente estes serviços não estão disponíveis ou acessíveis de maneira ampla. Muitas pessoas ainda sofrem com a inexistência de tratamento apropriado em suas comunidades.

Reabilitação
Em termos gerais, a reabilitação inclui uma ampla gama de intervenções não-médicas. Os programas de reabilitação enfatizam o treinamento social e vocacional ou ocupacional para ajudar as pessoas a superarem as dificuldades e barreiras nestas áreas de atividade. Em alguns países esses programas incluem desde o desenvolvimento de habilidades específicas como lidar com dinheiro e usar o transporte público, o treinamento de hábitos sociais para ajudar a pessoa a se relacionar melhor socialmente, técnicas de resolução de problemas e até aconselhamento vocacional.
No Brasil, estas abordagens são realizadas principalmente através da intervenção de terapia ocupacional. Estas abordagens são importantes para o sucesso do tratamento na comunidade, porque possibilitam que os pacientes desenvolvam estratégias e habilidades para viver de forma satisfatória na comunidade.
http://www.abpcomunidade.org.br/informese/exibir/?id=25

MÚSICA


Perfume de gardênia, Bievenido Granda

ECONOMIA

A tubulação
Míriam Leitão:

Quem vê o reluzente superávit primário do setor público pode concluir que está tudo tranquilo com as contas públicas. Infelizmente, não está.
O governo teve déficit primário dois meses seguidos, a melhora ocorreu pelo crescimento do PIB. Há sinais apavorantes nas contas públicas, entre elas o que o professor Rogério Werneck define como "tubulação ligada entre o Tesouro e o BNDES".
Há vários sinais de preocupação. O governo tem aumentado seus gastos acima do crescimento do PIB e isso, a médio e longo prazo, é insustentável.
O Brasil já tem uma carga tributária exagerada, impostos mal distribuídos e alíquotas que se transformam em barreira ao crescimento sustentado. Não há austeridade fiscal, nem controle de gastos. O superávit só aconteceu em abril porque a receita está subindo. A arrecadação em abril aumentou 22%.
— O governo brasileiro é uma máquina de gastar e tem contornado todas as formas de controle. O regime fiscal está montado para funcionar com a receita crescendo sempre o dobro do PIB, o tempo todo. Se fosse cauteloso, o governo deveria aproveitar o excesso de arrecadação para baixar as alíquotas. Essas alíquotas altas foram criadas numa época em que o sistema de arrecadação era mais ineficiente. Agora, tem se tornado mais e mais eficiente. Houve uma crise na receita, mas ela foi superada, o país está crescendo. Tudo isso levou ao resultado positivo, mas o governo afirma que está sendo austero por ter resultado positivo. Na verdade, está aumentando os gastos de forma irreversível, aproveitando a elevação da arrecadação. Desta forma vamos para uma carga de 40% do PIB — diz o professor da PUC-Rio Rogério Werneck, especialista em contas públicas.
O que mais preocupa o economista é a tubulação ligando o Tesouro ao BNDES.
— De tudo o que mais me preocupa é o BNDES. Ele tem recebido recursos de fora do orçamento, centenas de bilhões de reais de emissão de dívida pública para a concessão de crédito subsidiado. O governo descobriu essa forma e pensa que ela é mágica. Por essa tubulação podem agora passar quantos bilhões forem necessários para obras faraônicas, para financiar Belo Monte a 30 anos e 4% de juros, para fazer o trem bala. Tem dinheiro para tudo. É uma gambiarra que na prática é emissão de dívida — diz Rogério.
Esse dinheiro contorna tudo, até a contabilidade da dívida pública líquida, porque o governo registra como ativo o dinheiro emprestado ao BNDES. Assim, ele dá a impressão de austeridade.
— Nada acontece com a dívida líquida, mas essa estatística não faz mais sentido de tanta gambiarra feita pelo governo. Ele está bombeando dinheiro para o BNDES e pouca gente fala disso porque o empresariado foi todo cooptado. Antes havia dinheiro para alguns, e os outros reclamavam. Agora parece haver dinheiro para todos e ninguém quer apontar o problema — diz o economista.
Essa despesa além de não ser mensurável encontra um bloqueio de informações por parte do governo. O "Estado de S. Paulo" passou um mês pedindo ao Tesouro e ao BNDES informações sobre as condições dos "empréstimos" concedidos, e eles se negaram a fornecer detalhes.
Só em abril foram R$ 80 bilhões de empréstimos, e com juros ainda mais baixos e prazos superiores a 30 anos. Em um único mês, a dívida cresceu 6,6% por causa dessa operação.
A Controladoria Geral da União (CGU) também procurou saber as condições dessas operações financeiras para executar seu trabalho de fiscalização. O BNDES alegou à CGU que não pode dar detalhes porque é uma instituição financeira e esses detalhes, se tornados públicos, representariam quebra de sigilo fiscal e bancário.
O banco recebe dinheiro de endividamento público — dívida que será paga por todos nós — em condições sigilosas e com esse dinheiro financia as empresas com um enorme subsídio.
A CGU pede informações e o banco diz que isso quebra seu sigilo bancário. Curiosa alegação, já que o BNDES não é banco comercial e sim uma instituição pública financiada por recursos públicos.
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/

O Trabalho. Olavo Bilac. Poesia

O Trabalho
Olavo Bilac

Tal como a chuva caída
Fecunda a terra, no estio,
Para fecundar a vida
O trabalho se inventou.

Feliz quem pode, orgulhoso,
Dizer: "Nunca fui vadio:
E, se hoje sou venturoso,
Devo ao trabalho o que sou!"

É preciso, desde a infância,
Ir preparando o futuro;
Para chegar à abundância,
É preciso trabalhar.

Não nasce a planta perfeita,
Não nasce o fruto maduro;
E, para ter a colheita,
É preciso semear...

ECONOMIA

Lista de estados do Brasil por PIB per capita

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Lista de estados do Brasil por PIB per capita)

Mapa de estados do Brasil segundo o PIB per capita.

Alta renda
██ + R$ 18.000

██ + R$ 16.000

██ + R$ 14.000


Média renda
██ + R$ 12.000

██ + R$ 10.000

██ + R$ 8.000


Baixa renda
██ + R$ 6.000

██ + R$ 4.000

██ + R$ 2.000


Posição Estado PIB per capita em R$
Dados relativos a 2007 Mudança comparada a 2006

1 (0) Distrito Federal ▲ 40.696
2 (0) São Paulo ▲ 22.667
3 (0) Rio de Janeiro ▲ 19.245
4 ▲ (1) Espírito Santo ▲ 18.003
5 ▼ (1) Santa Catarina ▲ 17.834
6 (0) Rio Grande do Sul ▲ 16.689
7 (0) Paraná ▲ 15.711
8 (0) Mato Grosso ▲ 14.954
9 (0) Amazonas ▲ 13.043
10 (0) Minas Gerais ▲ 12.519
11 (0) Mato Grosso do Sul ▲ 12.411

12 (0) Goiás ▲ 11.548
13 (0) Roraima ▲ 10.534
14 ▲ (1) Rondônia ▲ 10.320
15 ▼ (1) Amapá ▲ 10.254
16 ▲ (1) Tocantins ▲ 8.921
18 ▲ (1) Acre ▲ 8.789
17 ▼ (2) Sergipe ▲ 8.712

19 (0) Bahia ▲ 7.787
20 (0) Rio Grande do Norte ▲ 7.607
21 (0) Pernambuco ▲ 7.337
22 (0) Pará ▲ 7.007

23 (0) Ceará ▲ 6.149
24 (0) Paraíba ▲ 6.097
25 (0) Alagoas ▲ 5.858
26 (0) Maranhão ▲ 5.165
27 (0) Piauí ▲ 4.662

http://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_estados_do_Brasil_por_PIB_per_capita

quinta-feira, maio 27, 2010

POLÍTICA

TERÇA-FEIRA, 25 DE MAIO DE 2010
O retrocesso democrático

A proposta da criação do Conselho Federal de Jornalismo levanta, pela primeira vez, em âmbito nacional, a discussão sobre a existência, no governo Lula, de um projeto para reduzir o Estado Democrático de Direito, no Brasil, a sua mínima expressão.

Tenho para mim que existe um risco concreto de estar sendo envidada uma tentativa de impor um controle sobre a sociedade, se possível com a implementação de um ''direito autoritário'', desrespeitando até mesmo cláusulas pétreas da Constituição.

De início, quero deixar claro não considerar que o governo federal esteja agindo de má-fé, ao pretenderem seus integrantes impor uma república de cunho socialista, visto que nunca esconderam suas preferências, quando na oposição, pelos caminhos de Fidel Castro, de Chávez e da ditadura socialista chinesa. Prova inequívoca é o tratamento absolutamente preferencial que dão ao ditador cubano.

O que estão pretendendo impor é apenas o que sempre pregaram - embora não tenham sido eleitos para implementar programa com esse perfil. Tenho-os, entretanto, por gente de bem, que acredita num projeto equivocado de governo e de Estado - ou seja, num modelo a ser desenvolvido sob seu rigoroso controle, se possível sem oposição, que deve ser conquistada ou eliminada.

Como primeiro passo, sinalizaram que adotariam a economia de mercado, com o objetivo de não assustar investidores nacionais e internacionais, e desarmaram resistências, escolhendo uma competente equipe econômica, que desempenha papel distante dos moldes petistas, mas relevante para manter a economia em marcha e assegurar investimentos externos. É a melhor parte do governo.

A partir daí, todos os seus atos foram e são de controle crescente da sociedade. Passo a enumerar os sinais que justificam os meus receios:

1) MST - Trata-se de um movimento que pisoteia o direito, desobedecendo ordens judiciais, invadindo propriedades produtivas - muitas vezes, destruindo-as - e prédios públicos. Embora seu principal líder dê-se o direito de chamar o ministro Pallocci de ''panaca'', recebe passagens grátis do governo para pregar a desordem e a subversão. O ministro da Reforma Agrária, que o incentiva, diz, todavia, que o fantástico número de invasões - o maior que já se verificou, na história do país - é normal. Esse senhor, que saiu do MST, apóia abertamente as constantes violações da lei e da Constituição. A idéia básica é transferir toda a terra produtiva para as
massas do MST.

2) Judiciário - A reforma objetiva calar um poder incômodo, que, muitas vezes, no exercício da sua função, impõe limites ao Executivo. Por isto o governo defende o controle externo desse poder, quando não admite a imposição de controle semelhante para outras carreiras do Estado, como, por exemplo, a Receita Federal e a Polícia Federal.

3) Jornalismo - O Conselho Federal do Jornalismo não objetiva outra coisa que calar os jornalistas, visto que hoje já há mecanismos legais (ações penais e por danos morais) para responsabilizar os que comentem abusos no exercício da profissão.

4) Controle da produção artística - Como na Rússia e na Alemanha nazista, pretende o governo controlar a produção artística, cinematográfica e audiovisual.

5) Agências reguladoras - Pretende-se suprimir a autonomia que a legislação lhes outorgou, para atuarem com base em critérios técnicos, e submetê-las mais ao controle do chefe do Executivo e menos dos ministérios, como se pode constatar dos anteprojetos que a imprensa já trouxe à baila.

6) Energia elétrica - O projeto é nitidamente reestatizante.

7) Reforma Trabalhista - Pretende-se retirar o poder normativo da Justiça do Trabalho, reduzindo a força de um poder neutro.

8) Sistema ''S'' - Estuda-se, nos bastidores, retirar dos segmentos empresariais as contribuições para o Sistema ''S'', que permitem que Senai, Sesc etc. funcionem admiravelmente na preparação de mão-de-obra qualificada e recuperação de jovens sem estudo, com o que se retirará parte da força da livre iniciativa, representada pelas CNA, CNC, CNI e outras, de reagir a regimes autoritários. A classe empresarial ficará enfraquecida, se isto ocorrer.

9) Universidade - O fracasso da universidade federal está levando ao projeto denominado ''Universidade para todos''. Por ele, revoga-se, mediante lei ordinária, a imunidade tributária outorgada pela Constituição, retirando-se das escolas privadas - que fazem o que o governo deveria fazer, com os nossos tributos, e não faz - 20% de suas vagas. Como essas escolas já têm quase 30% de inadimplência, o projeto é forma de inviabilizá-las ou transferi-las para o governo.

10) Sigilo bancário - Embora haja cláusula imodificável, na Constituição, assegurando que o sigilo bancário só pode ser quebrado mediante autorização judicial, há projeto para permitir à Polícia Federal a sua quebra. Se ato desse teor for editado, terá, o governo, até as próximas eleições, acesso aos dados financeiros da vida de todos os cidadãos brasileiros, o que lhe
permitirá um poder de fogo e de pressão jamais visto, nem mesmo durante o período de exceção militar.

Poderia enumerar outros pontos.

Não ponho em dúvida, volto a dizer, a honestidade dos integrantes do governo, até porque conheço quase todos, sou amigo de alguns, e estou convencido de que acreditam que essa é a melhor solução para o Brasil. Como eu não acredito que seja - pois entendo que nada substitui a democracia e que qualquer autoritarismo é um largo passo para a ditadura - e como não foi esse o programa de governo que os levou ao poder, escrevo este artigo na esperança de levar pelo menos os meus poucos leitores a meditarem em se é este o modelo político que desejam para o nosso país.

Ives Gandra da Silva Martins
http://antiforodesaopaulo.blogspot.com/search?q=a+proposta+de+cria%C3%A7%C3%A3o

VIOLÊNCIA

terça-feira, maio 25, 2010

MÚSICA

POESIA

LOUCO (HORA DO DELÍRIO)
Junqueira Freire

Não, não é louco. O espírito somente
É que quebrou-lhe um elo da matéria.
Pensa melhor que vós, pensa mais livre,
Aproxima-se mais à essência etérea.

Achou pequeno o cérebro que o tinha:
Suas idéias não cabiam nele;
Seu corpo é que lutou contra sua alma,
E nessa luta foi vencido aquele,

Foi uma repulsão de dois contrários:
Foi um duelo, na verdade, insano:
Foi um choque de agentes poderosos:
Foi o divino a combater com o humano.

Agora está mais livre. Algum atilho
Soltou-se-lhe o nó da inteligência;
Quebrou-se o anel dessa prisão de carne,
Entrou agora em sua própria essência.

Agora é mais espírito que corpo:
Agora é mais um ente lá de cima;
É mais, é mais que um homem vão de barro:
É um anjo de Deus, que Deus anima.

Agora, sim — o espírito mais livre
Pode subir às regiões supernas:
Pode, ao descer, anunciar aos homens
As palavras de Deus, também eternas.

E vós, almas terrenas, que a matéria
Os sufocou ou reduziu a pouco,
Não lhe entendeis, por isso, as frases santas.
E zombando o chamais, portanto: - um louco!

Não, não é louco. O espírito somente
É que quebrou-lhe um elo da matéria.
Pensa melhor que vós, pensa mais livre.
Aproxima-se mais à essência etérea.

MÚSICA


Como Dizia o Poeta
Vinicius de Moraes
Composição: Vinicius de Moraes / Toquinho

Quem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não
Nao há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão

segunda-feira, maio 24, 2010

TECNOLOGIA


BOOK, Portugal e Brasil

ESCULTURA


Perseu e a cabeça da Medusa

FAMÍLIA

SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL
Cláudio da Silva Leiria

Fato infelizmente comum após a separação dos pais é a ocorrência da Síndrome da Alienação Parental.

Pode-se conceituar a ‘Síndrome da Alienação Parental’ (SAP) como o processo de ‘programar’ uma criança para que odeie o genitor não-guardião sem justificativa idônea.

Esse fenômeno ocorre por influência do genitor guardião (via de regra a mãe, que fica com a guarda em aproximadamente 91% dos casos de separação e divórcio), com quem a criança estabelece laços afetivos mais fortes. Quando a síndrome se instala, o relacionamento da criança com o genitor alienado fica irremediavelmente comprometido.

O genitor que tem a guarda do filho vale-se de comportamentos manipuladores, induzindo a criança, por meio de técnicas e processos, a criar uma má imagem do outro genitor (não guardião), visando ‘puni-lo’ e expulsá-lo por completo da vida dos filhos. Com o tempo, o filho, consciente ou inconscientemente, passa a colaborar com essa finalidade, situação altamente destrutiva para ele e para o genitor alienado.

Fica evidente que a SAP está intimamente ligada a uma relação extremamente conflituosa entre os pais.

Segundo dados do IBGE (2002), cerca de 1/3 dos filhos de pais divorciados perdem contato com seus pais, sendo privados do afeto e convívio com o genitor ausente, o que tem conseqüências trágicas no seu desenvolvimento psicossocial.

O genitor alienante é indivíduo superprotetor e tem o desejo de possuir o amor dos filhos com exclusividade. É comum que o genitor alienante, para manipular o afeto do filho, use de expressões como: ‘seu pai abandonou vocês’; vocês deveriam ter vergonha de seu pai’; seu pai não se importa com vocês’; ‘seu pai não dá dinheiro suficiente para manter vocês’, etc.

Ainda, o genitor alienante costuma impedir qualquer contato entre o filho e os parentes do ex-cônjuge, aumentando o sentimento de perda da criança, já abalada com a separação dos pais.

Infelizmente, também é corriqueiro que o genitor alienante não autorize a convivência do filho com o genitor alienado fora dos dias e horários determinados judicialmente. Isso quando não descumpre as ordens judiciais, visando impedir de toda forma o convívio do filho com o genitor alienado.

O genitor alienado, por não saber como lidar com a situação, adota atitude passiva. No entanto, continua amando seus filhos, na esperança de no futuro reconstruir as relações prematuramente rompidas. Enquanto isso não acontece, sofre imensamente com a falta de convívio com os filhos.
Mas os personagens que mais sofrem nessa tragédia, sem dúvida, são os filhos, que continuam amando o genitor alienado.

Os filhos, como mecanismos de autodefesa, negam o conflito, acreditando que rejeitam o pai por crença própria, e não por induzimento do genitor guardião; nutrem sentimentos de baixa estima, exteriorizando comportamentos regressivos, como queda de rendimento escolar e urinar nas vestes; não adaptam-se aos ambientes sociais em que devem interagir; apresentam agressividade imotivada.

Pode-se dizer que o filho tem a SAP quando começa a nutrir sentimento de aversão ao genitor alienado, não querendo mais o ver. Ter de ‘tomar o partido’ do genitor alienante faz a criança pensar que perderá para sempre o amor do genitor alienado, o que gera um sofrimento mental indescritível. Em situações extremas, a SAP pode causar na criança depressão, perturbações psiquiátricas e até suicídio.

Quando adulto, o filho perceberá que fez uma grande injustiça ao genitor alienado, e passará a odiar o genitor alienante.

Para superar a SAP, os pais devem ter, dentre outros, qualidades superiores para exercerem suas funções parentais; grande equilíbrio emocional; amor incondicionado aos filhos; e contar com a necessária ajuda jurídica e psicológica especializada.

Lidar com a SAP exige também grande consciência e atenção por parte dos operadores do Direito, assistentes sociais e conselheiros tutelares, que devem buscar elementos para enfrentamento do problema na área da Psicologia, uma vez que se trata de relacionamentos humanos conflituosos.

Por fim, refira-se que a alienação parental é uma das maiores formas de abuso contra a criança, podendo levar à perda do poder familiar do genitor alienante.

Cláudio da Silva Leiria é Promotor de Justiça em Guaporé/RS
Email: claudioleiria@hotmail.com

http://www.pontojuridico.com/modules.php?name=News&file=article&sid=151

MEDICINA

24/05/2010-07h59
Aluno de medicina exerce profissão ilegalmente no Nordeste
MATHEUS MAGENTA
DE SALVADOR
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Estudantes de cursos de medicina de universidades públicas e privadas da região Nordeste têm exercido ilegalmente a profissão, principalmente no interior. Na Bahia, os alunos compram apartamentos, carros e artigos de luxo com rendimentos que chegam a quase R$ 15 mil por mês.
Alunos são proibidos por lei de exercerem a profissão, exceto com a supervisão de médicos autorizados, como professores e pesquisadores. A prática ilegal da profissão é crime previsto no Código Penal e tem pena prevista de seis meses a dois anos de detenção e multa, caso praticado com o objetivo de lucro.
A reportagem entrevistou três estudantes que já praticaram ilegalmente a profissão. As vagas são "agenciadas" por secretários municipais de Saúde, alunos, recém-formados, diretores de hospitais e médicos.
A atividade, no entanto, não está restrita as cidades do interior. Ocorre também na periferia de regiões metropolitanas de capitais. Um estudante chega a ganhar R$ 1.200 por 24 horas de trabalho, mas pode dividir parte do valor com o responsável pelo plantão.
CÓDIGO DE ÉTICA
O Código de Ética Médica veda ao médico delegar a outros profissionais atos ou atribuições exclusivas da profissão ou ser cúmplice do exercício ilegal da profissão de terceiros. Ele pode sofrer desde advertência até suspensão da licença médica.
Em Pernambuco, o chefe de fiscalização do Conselho Regional de Medicina, José Carlos Alencar, estima que a prática envolva 200 alunos.
Em março de 2009, o conselho encontrou um estudante da Universidade de Pernambuco atuando como médico em um hospital de Tracunhaém (PE). Ele fugiu após a chegada da equipe.
A prefeita do município, Graça Lapa (PSB), disse que aceita a prática devido à falta de médicos na região, mas decidiu suspendê-la para "evitar problemas". "Só sei que o povo ficou triste. Médicos novinhos têm a maior atenção com a população", disse a prefeita.
O Tribunal de Contas do Estado abriu um processo por má gestão de recursos públicos e a secretária de Saúde do município foi denunciada para o Conselho Regional de Medicina.
ROUPA NOVA
Estudantes dizem que os atrativos para a prática são altos salários e justificam a atividade em "conhecimento prático extra" e falta de estágios remunerados.
"É nítida a mudança de perfil do estudante. Aparece na faculdade com roupas novas, carro zero quilômetro, notebooks. Há colegas que já compraram um apartamento e estão em busca do segundo", relatou um aluno, que pediu anonimato.
Membros de conselhos de medicina dizem que a situação é de "terra sem lei". "O conselho não pode puni-los porque eles ainda não são médicos, e as faculdades também ficam de mãos atadas porque os plantões ilegais não são atividades ligadas à instituição", afirmou Eurípedes Mendonça, do conselho médico paraibano.
"Resta o Código Penal, que não evita que eles se tornem médicos", disse Mendonça.
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/739726-aluno-de-medicina-exerce-profissao-ilegalmente-no-nordeste.shtml

MEDICINA

Por quanto tempo as pessoas com esquizofrenia devem ser medicadas?

Os medicamentos antipsicóticos reduzem o risco de episódios psicóticos futuros em portadores que se recuperaram de um episódio agudo. Mesmo com a continuidade do tratamento, algumas pessoas sofrerão recaídas, mas os índices de recaída são muito maiores quando o tratamento é interrompido. Na maioria dos casos, não seria correto dizer que o tratamento medicamentoso “previne” as recaídas. Na verdade, ele reduz sua intensidade e freqüência. O tratamento dos sintomas psicóticos graves geralmente requer dosagens mais altas do que aquelas usadas para o tratamento de manutenção. Se os sintomas reaparecem com uma dose menor, um aumento temporário na dosagem pode prevenir um novo surto psicótico.
Justamente porque a recaída é mais provável quando os antipsicóticos são interrompidos ou usados irregularmente, é muito importante que os pacientes tenham um bom acompanhamento médico e que os familiares sejam também orientados e atendidos. Esse acompanhamento costuma aumentar a adesão ao tratamento. Esse termo - adesão – se refere a quanto os pacientes seguem o tratamento recomendado por seu médico. Boa adesão envolve tomar a medicação prescrita na dose correta e de forma apropriada todos os dias, além de comparecer às consultas e seguir cuidadosamente outros procedimentos do tratamento. A adesão ao tratamento é freqüentemente difícil para as pessoas com esquizofrenia, mas pode aumentada por várias estratégias, levando a uma melhor qualidade de vida.
As pessoas com esquizofrenia não aderem ao tratamento por várias razões: Os pacientes podem não acreditar que estão doentes e negar a necessidade de medicação, ou podem ter o pensamento tão desorganizado que não se lembram de tomar o remédio de forma correta. Membros da família ou amigos podem nem sempre entendem a doença e inadvertidamente aconselham o paciente a parar de tomar o remédio quando ele passa a se sentir melhor. Os médicos, que têm um importante papel em ajudar seus pacientes a aderir ao tratamento, nem sempre perguntam a seus pacientes como estão tomando a medicação, ou não se dispõem a acolher o pedido do paciente de mexer na dosagem ou tentar uma nova medicação. Alguns pacientes relatam que os efeitos colaterais de certas medicações parecem piores do que os sintomas da doença. Além disso, o abuso de álcool e drogas pode interferir com a efetividade do tratamento, levando os pacientes a interromper a medicação.
Mas existem estratégias que pacientes, médicos e familiares podem usar para melhorar a adesão e prevenir a piora da doença. Alguns medicamentos, como o haloperidol, estão disponíveis em forma depot (injetáveis, de depósito), que eliminam a necessidade do paciente tomar comprimidos diariamente. O envolvimento dos familiares ou cuidadores na rotina de medicação é muito importante para assegurar a adesão ao tratamento. É fundamental ajudar o paciente a entender que a medicação tem um efeito positivo em sua vida (mesmo com seus efeitos colaterais), ainda que este não aceite ou acredite estar doente. Os familiares podem também ajudar a estabelecer uma rotina para a medicação – por exemplo, tomar os remédios junto com as refeições. Além destas estratégias de adesão, conversar com o paciente e com seus familiares sobre a doença, seus sintomas, e informá-los sobre as medicações prescritas para tratar a doença ajuda a compreensão da necessidade do tratamento. Pacientes e familiares precisam ter acesso à informação e orientação para que possam melhor entender as razões do tratamento.
O paciente precisa ser escutado em seus motivos para não querer tomar o remédio, mas pode também ser motivado e com o tempo passará a entender que o remédio o ajuda a viver melhor O que não costuma ser útil é dar o remédio sem o conhecimento do paciente, pois isto não o ajudará a perceber a relação entre a medicação e a melhora de certos sintomas, e conseqüentemente não contribuirá para que ele adquira consciência da doença. Tomar o remédio de forma correta é quase sempre um longo processo de negociação, que requer paciência e compreensão de todas as pessoas envolvidas – profissionais, familiares e o próprio paciente.
http://www.abpcomunidade.org.br/informese/exibir/?id=25

Glamour


Glamour, upload feito originalmente por Charles Fonseca.

sábado, maio 22, 2010

POESIA

A VINGANÇA DA PORTA
Alberto de Oliveira

Era um hábito antigo que ele tinha:
entrar dando com a porta nos batentes
— "Que te fez esta porta?" a mulher vinha
e interrogava... Ele, cerrando os dentes:

— "Nada! Traze o jantar." — Mas à noitinha
calmava-se; feliz, os inocentes
olhos revê da filha e a cabecinha
lhe afaga, a rir, com as rudes mãos trementes.

Uma vez, ao tornar à casa, quando
erguia a aldrava, o coração lhe fala
— "Entra mais devagar..." Pára, hesitando...

Nisso nos gonzos range a velha porta,
ri-se, escancara-se. E ele vê na sala
a mulher como doida e a filha morta.

sexta-feira, maio 21, 2010

FÁBULA

O GALO E A PÉROLA
Andava o galo esgravatando no monturo, para achar migalhas, ou bichos, que comer, e acertou de descobrir uma pedra: disse então: – Oh, pedra preciosa, ainda que em lugar sujo; se agora te achasse um discreto lapidador, te recolheria; mas a mim não me prestas; mais caso faço de uma migalha, que busco para meu sustento, ou dois grãos de cevada. Dito isto, a deixou, e foi adiante esgravatando para buscar conveniente mantimento.
(Esopo)

JUSTIÇA

Galinha caipira vai parar no STJ

A 5a. Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) aplicou o princípio da insignificância e absolveu um homem condenado pela Justiça de Minas Gerais pelo furto de uma galinha caipira avaliada em apenas R$ 10. Preso em flagrante pela Polícia Militar por ter invadido o quintal do vizinho, o ladrão foi condenado a um ano de detenção e ao pagamento de dez dias-multa.
O relator do processo no STJ, ministro Jorge Mussi, em seu voto reiterou que o princípio da insignificância não pode ser aplicado indiscriminadamente como elemento gerador de impunidade em crime contra o patrimônio, mas ressaltou que, no caso em questão, a lesão produzida mostra-se penalmente irrelevante.
"No caso, a deflagração de ação penal mostra-se carente de justa causa, pois o resultado jurídico, ou seja, a lesão produzida, é absolutamente irrelevante".
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/

POESIA

IMIGO
Charles Fonseca

Quero ter agora um cão
Vida de cão esta minha
Filhote não tenho ainda
Se o terei não sei não

Que como Bilú o seja
Trazido de Pirajá
Na Pituba sua alma já
Passou por Nick e almeja

Ter um pai tal qual eu sou
Para dar ainda afeto
Do devir eu não deserto
Mas de certo pobre estou

Nesta condição miséria
Do não olhar, ai desgosto,
Dum cãozinho isto posto
Quero um cão a causa é seria

Pois se o tenho amigo
Um vazio logo enche
Por amar tipo de gente
Que só me quer por imigo.

quinta-feira, maio 20, 2010

MEDICINA

COMO SE TRATA A ESQUIZOFRENIA?

Como a esquizofrenia não é uma doença de fácil tratamento e suas causas não são ainda conhecidas, os métodos de tratamento atuais são baseados em pesquisas e experiência clínicas. Essas abordagens são escolhidas levando em conta a capacidade de reduzir os sintomas da esquizofrenia e diminuir as chances de retorno destes sintomas.

Quais as medicações indicadas?
As medicações antipsicóticas começaram a ser utilizadas em meados da década de 50 e têm contribuído para melhorar a perspectiva de vida dos pacientes. Estas medicações reduzem os sintomas psicóticos da esquizofrenia e geralmente permitem ao paciente funcionar mais efetivamente e apropriadamente. Drogas antipsicóticas são o melhor tratamento até agora disponível, mas não “curam” a doença nem garantem que não ocorrerão novos episódios psicóticos. A escolha e dosagem da medicação devem ser feitas somente por um médico qualificado, que esteja bem informado sobre o tratamento médico dos transtornos mentais – usualmente um psiquiatra. A dosagem da medicação é diferente de paciente para paciente, uma vez que as pessoas variam muito em relação à quantidade necessária para reduzir sintomas sem a produção dos indesejáveis efeitos colaterais.
A maioria dos pacientes tem uma melhora substancial quando medicados com antipsicóticos. Alguns pacientes, entretanto, não são muito ajudados pela medicação. É difícil prever quais pacientes estarão numa destas categorias e distingui-los da maioria dos pacientes que de fato se beneficiam dos remédios.
Algumas novas drogas antipsicóticas (comumente chamadas “antipsicóticos atípicos”) têm sido introduzidas desde 1990. A primeira delas, a clozapina, tem mostrado ser mais efetiva que outros antipsicóticos, embora a possibilidade de efeitos colaterais graves – em particular uma condição chamada agranulocitose (redução dos glóbulos brancos do sangue, necessários para a defesa contra infecções) – requeira que os pacientes sejam monitorados com exames de sangue periódicos. Algumas drogas antipsicóticas mais novas, como a risperidona e a olanzapina, são mais seguras do que a clozapina e podem ser melhor toleradas. Entretanto, elas podem ou não tratar a doença tão bem quanto à clozapina. Vários outros antipsicóticos estão atualmente em desenvolvimento.
As drogas antipsicóticas são em geral bastante efetivas para tratar de certos sintomas da esquizofrenia, particularmente alucinações e delírios; infelizmente, as medicações não parecem ser muito úteis para melhorar outros sintomas, tais como a diminuição da motivação e da expressão emocional. Além disso, os antipsicóticos mais antigos (que também eram chamados de neurolépticos), remédios como o haloperidol ou a clorpromazina, podem até mesmo produzir efeitos colaterais que se parecem com os sintomas mais difíceis de serem tratados. Diminuir a dose ou trocar a medicação geralmente reduz os efeitos colaterais; os remédios mais novos, incluindo a olanzapina e a risperidona, parecem trazer menos problemas quanto a esses efeitos colaterais. Às vezes, quando as pessoas com esquizofrenia ficam deprimidas, outros sintomas podem parecer piorar. Estes sintomas podem melhorar com a adição de medicação antidepressiva.
Os pacientes e familiares muitas vezes ficam preocupados com as medicações usadas para tratar a doença. As dúvidas e temores mais freqüentes são a respeito dos efeitos colaterais e a preocupação de que estes medicamentos possam levar o paciente a ficar dependente do remédio. É importante saber que as medicações antipsicóticas não produzem nenhum tipo de euforia ou dependência, isto é, não “viciam” o paciente.
Outro preconceito sobre as medicações antipsicóticas é a idéia de que eles produzem um controle mental ou atuam como uma “camisa de força química”. Esses remédios, quando usados de forma apropriada, não “nocauteiam” as pessoas ou tiram a sua liberdade de pensar. Essas medicações podem ser sedativas, e esse efeito pode ser útil no início do tratamento, particularmente se o indivíduo está bastante agitado, mas a utilidade dos medicamentos não se dá por seu efeito sedativo e sim por sua capacidade de diminuir as alucinações, a agitação, a confusão e os delírios de um episódio psicótico. Desta maneira, as medicações antipsicóticas estariam ajudando o paciente a lidar com a realidade de maneira mais racional.
http://www.abpcomunidade.org.br/

FOTOGRAFIA


Aracaju 19.05.2010 manhã 008, upload feito originalmente por Charles Fonseca.

Aracaju 19.05.2010 manhã. Clicando na foto você tem acesso à galeria Charles Fonseca, fotografias.

quarta-feira, maio 19, 2010

POLÍTICA

O calvário de um prefeito em Brasília

ECONOMIA

Sem controle nos aeroportos

Governo dispensa Infraero de licitações em obras nos terminais para Copa de 2014
Geralda Doca:

O governo dispensou a Infraero de realizar licitações, à luz da lei 8.666, na aquisição de bens e na contratação de obras e serviços de engenharia necessários à infraestrutura aeroportuária para a Copa do Mundo de 2014 — que terá 12 cidades-sede, onde estão os principais terminais do país.
Sem detalhamento e critérios sobre quais obras poderão ser tocadas sem as amarras da legislação em vigor, e de que forma, o texto foi considerado polêmico mesmo nos bastidores da estatal, que há quase um ano negocia com a União um modelo menos rígido de contratações, como os de Petrobras e Eletrobras.
A autorização foi incluída na medida provisória (MP) 489, que cria a Autoridade Pública Olímpica (APO) — um consórcio público entre União, Estado e município do Rio, que vai cuidar dos projetos necessários à realização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016.
Sem citar o nome Infraero, o artigo 11 da MP contempla também as obras de infraestrutura aeroportuária relacionadas à Copa, em 2014, que são tocadas pela estatal.
Pelo texto, a estatal poderá realizar pregões eletrônicos para obras em geral e não apenas para compra de equipamentos, como acontece hoje.
A Infraero também recebe autorização para inverter as fases dos processos licitatórios, que começam tradicionalmente pela análise da documentação geral do candidato, fixam-se então na capacidade técnica deste de executar a tarefa e só posteriormente se detêm no critério de preço.
Atualmente, o planejamento da Infraero para a Copa prevê intervenções em 13 aeroportos de 12 cidades. O desembolso estimado é de R$ 4,47 bilhões. No Rio, só o Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim (Galeão) está incluído: R$ 566,5 milhões.
A obra mais cara será no Aeroporto Internacional de Cumbica (Guarulhos, em São Paulo), com R$ 952 milhões. A Fifa tem se queixado de atrasos nas obras do Brasil para o Mundial de 2014, sobretudo na construção de estádios.
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/

terça-feira, maio 18, 2010

POESIA

ACORDO
Charles Fonseca

Então está combinado
Agora vou bancar bobo
Cego mudo também mouco
Além do mais apoucado.

Vou fingir que não me amam
Que só a mim querem opróbrio
Campeão que subo ao pódio
Do ódio que a mim promanam.

Fingirei que não saudade
Nem tristeza desalento
Muito menos pensamento
Tenho que é minha herdade

Assim em sonho decerto
Juntarei os pintainhos
Nas asas do amor carinhos
Até me encontrar desperto.

FOTOGRAFIA


Fortaleza de Santo Amaro (1584)

segunda-feira, maio 17, 2010

PROSA

Das Vantagens de Ser Bobo
Clarice Lispector

O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando."

Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia.

O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.

Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu.

Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?"

Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!

Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.

O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.

Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!

Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.

Esquizofrenia

O QUE A ESQUIZOFRENIA NÃO É:

• “Dupla Personalidade”
• Fraqueza de caráter
• Preguiça
• Loucura ou psicopatia
• “encosto” ou mal espiritual
• Culpa da criação dos pais
• Deficiência mental
• Uma doença sem tratamento

As pessoas com esquizofrenia têm uma tendência a serem violentas?
Os jornais e a mídia tendem a associar doença mental e violência criminal. Entretanto, estudos indicam que, à exceção das pessoas com histórico de violência criminal anterior à doença e daquelas com problemas de abuso de álcool ou drogas, as pessoas com esquizofrenia não são particularmente propensas à violência. De maneira geral, os indivíduos com esquizofrenia não são violentos; tipicamente, eles são retraídos e preferem estar sozinhos. Os crimes violentos, em sua maioria, não são cometidos por pessoas com esquizofrenia.
O abuso de drogas aumenta significativamente o índice de violência em pessoas que têm esquizofrenia, mas também nas que não tem a doença. Pessoas com sintomas paranóides (de perseguição) e psicóticos, que podem se tornar piores se a medicação for interrompida, podem também ter um maior risco de comportamento violento. Quando ocorre a violência, esta é com maior freqüência direcionada a algum familiar ou pessoa próxima e muitas vezes ocorre em casa.

E quanto ao suicídio?
Suicídio é um risco sério para as pessoas que têm esquizofrenia. Se um indivíduo tenta cometer suicídio ou ameaça fazê-lo, é preciso buscar ajuda profissional imediatamente. O índice de suicídio é mais alto em pessoas com esquizofrenia do que na população geral. Aproximadamente 10% das pessoas que sofrem de esquizofrenia cometem suicídio, especialmente jovens do sexo masculino. Infelizmente, é muito difícil prever quais pessoas com esquizofrenia poderão tentar o suicídio.


QUAIS AS CAUSAS DA ESQUIZOFRENIA?

Não existe uma única causa da esquizofrenia. Muitas doenças, como por exemplo as doenças cardíacas, resultam de uma interação entre fatores genéticos, comportamentais e ambientais. Provavelmente o mesmo deve acontecer com a esquizofrenia. Os cientistas ainda não conhecem todos os fatores necessários para causar a esquizofrenia, mas diversos tipos de pesquisa estão sendo feitas para estudar os genes, os momentos críticos no desenvolvimento cerebral e outros fatores que podem levar à doença.

A esquizofrenia é herdada?
Já é bem conhecido que a esquizofrenia tem um caráter familiar. Pessoas que têm um parente próximo com esquizofrenia são mais propensas a desenvolver a doença do que aquelas que não têm parentes com a doença. Por exemplo, um gêmeo monozigótico (idêntico) de alguém que tem esquizofrenia tem o risco mais alto – 40 a 50% - de desenvolver a doença. Uma criança cujo pai ou mãe tem esquizofrenia tem 10% de chance de desenvolver a doença. Em comparação, na população geral o risco da esquizofrenia é de aproximadamente 1%.
Cientistas estão estudando os fatores genéticos na esquizofrenia. É provável que múltiplos genes estejam envolvidos em criar uma predisposição para desenvolver a doença. Além disso, fatores como dificuldades pré-natais (durante a gestação), como falta de nutrição intrauterina ou infecções virais, complicações perinatais (durante o parto), e vários estressores não específicos, parecem influenciar o desenvolvimento da esquizofrenia. Entretanto, ainda não sabemos como a predisposição genética é transmitida, e não se pode prever com precisão se uma determinada pessoa irá ou não desenvolver a doença.

A esquizofrenia está associada a um defeito químico no cérebro?
O conhecimento básico sobre a química cerebral e sua ligação com a doença está avançando rapidamente. Os neurotransmissores, substâncias que permitem a comunicação entre as células nervosas, têm sido desde há bastante tempo associados com o desenvolvimento da esquizofrenia. É provável (ainda não há certeza) que a doença esteja associada a algum desequilíbrio do complexo sistema de interrelações químicas do cérebro, talvez envolvendo os neurotransmissores dopamina e glutamato. Esta área de pesquisa é promissora.

A esquizofrenia é causada por uma anormalidade física do cérebro?
Há grandes avanços em tecnologia de neuroimagem que permitem que cientistas estudem a estrutura e função cerebral em indivíduos com a doença. Muitos estudos em pessoas com esquizofrenia encontraram anormalidades na estrutura cerebral (por exemplo, o aumento de cavidades cerebrais chamadas ventrículos, no interior do cérebro, e a diminuição de certas regiões cerebrais), ou na função cerebral (por exemplo, atividade metabólica diminuída em certas regiões cerebrais). Deve-se enfatizar que essas anormalidades são bastante sutis e não são características de todas as pessoas com esquizofrenia, nem ocorrem somente em indivíduos que têm essa doença. Estudos microscópicos do tecido cerebral depois da morte têm também mostrado pequenas mudanças na distribuição ou número de células cerebrais em pessoas com esquizofrenia. Parece que muitas destas mudanças (mas provavelmente não todas), estão presentes mesmo antes que o indivíduo se torne doente. A esquizofrenia pode ser, em parte, um transtorno do desenvolvimento do cérebro. Neurobiólogos do desenvolvimento, financiados pelo Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos (NIMH), descobriram que a esquizofrenia pode ser um transtorno do desenvolvimento resultante de conexões inapropriadas entre neurônios durante o desenvolvimento fetal (intra-uterino). Esses erros podem permanecer “dormentes” até a puberdade, quando mudanças no cérebro que ocorrem normalmente durante este estágio crítico da maturação interagem adversamente com as conexões falhas ou defeituosas. Essa pesquisa tem incentivado trabalhos para identificar fatores pré-natais que possam ter alguma relação com a aparente anormalidade do desenvolvimento. Em outros estudos, investigadores usando técnicas de imagem cerebral, têm encontrado evidências de mudanças bioquímicas que podem preceder os sintomas da doença, levando ao exame dos circuitos neurais que têm maior probabilidade de estar envolvidos na produção destes sintomas. Ao mesmo tempo, cientistas trabalhando em nível molecular estão explorando as bases genéticas no desenvolvimento cerebral e nos sistemas neurotransmissores que regulam as funções cerebrais.
http://www.abpcomunidade.org.br/informese/exibir/?id=25

ECONOMIA

O que ainda não é debatido sobre o pré-sal

Quatro questões polêmicas relativas ao pré-sal seguem sem definição.
Primeira: Qual o grau de transparência na administração do(s) fundo(s) a serem gerados pela pela exploração das reservas?
Em nenhuma das propostas de marco institucional disponíveis essa indagações é respondida. Já se aventou a possibilidade de os fundos serem offshore, o que dificultaria o monitoramento da execução de políticas públicas lastreadas nestes recursos.
É possível também que o BNDES administre esses fundos. Essa possibilidade pode ter surgido a partir de meados do ano passado, em contrapartida não explícita do aporte de R$ 25 bilhões do Banco à Petrobras, capitalizando a empresa para o início da pesquisa sobre a extensão das reservas.
A se confirmar essa hipótese – que abriria uma nova fonte de recursos para o Banco -, o BNDES se transformaria em uma das maiores instituições financeira do mundo e instrumento ainda mais poderoso de expansão do capitalismo brasileiro. Se a isso somarmos também a idéia de criação de um “BNDES dos Brics”, reunindo recursos de Brasil, Rússia, Índia e China, teríamos então um quadro global novo.
Seria então viável imaginar no médio prazo a projeção radical do poder econômico brasileiro quase em níveis chineses, o que possibilitaria, até, mudanças na ordem internacional, devido ao peso que o Brasil e os demais Brics vêm conquistando.
Segunda: A exploração do petróleo começará a ser feita em torno de 2020, possivelmente em paralelo à entrada em vigor do Protocolo de Quioto II.
Não se sabe em que categoria estará o Brasil nesta nova fase do acordo. Hoje desobrigado a reduzir suas emissões, o País pode entrar numa nova condição.
A exploração de combustível fóssil, em alta escala, estará em contradição com a busca de medidas mitigadoras e de arranjos políticos, econômicos e técnicos para adaptar a sociedade às mudanças no clima. E, também, em contradição com uma nova onda histórica de estímulo à diminuição da intensidade do uso de carbono, possibilidade que cresce na medida em que a humanidade se deparar com catástrofes climáticas de proporções, naturezas e repercussões inéditas.
Terceira. Tornar-se um grande player do petróleo não significa apenas ganhar musculatura econômica. Também impõe ao candidato a produtor e exportador de petróleo a exigência de possuir meios de dissuasão e desejo comprovado de usá-los para manter aberto os canais de comércio de óleo. Isso inclui desenvolver capacidade atômica, em um cenário em que os EUA sempre reiteram sua capacidade e disposição de manterem funcionando os fluxos internacionais de petróleo. Transformar-se em um grande player do petróleo significa estar disposto a integrar-se a essa lógica, na qual a capacidade atômica é um a priori Alguns fatos confirmam essa hipótese:
1.a . a anunciada retomada do programa nuclear e o mapeamento, das reservas de urânio brasileiras (o governo diz que, com 20% do território mapeado, foram identificadas reservas que colocam o Brasil no sexto lugar mundial entre os proprietários desse minério); b . a capacidade, a ser alcançada em poucos anos, de enriquecimento completo de urânio; c. a intenção oficial de construir Angra 3 e mais oito usinas atômicas;
2. o lançamento em 2009 da nova política de defesa, que preconiza prioridade para o patrulhamento das reservas do pré-sal em alto mar – missão que só pode ser realizada com submarinos e demais vasos de guerra a propulsão nuclear;
3. a permanente defesa brasileira de alcançar assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, reservado para potências atômicas;
4. a declaração (O Estado de São Paulo, 26.09.2009) do Vice-Presidente da República, ex-Ministro da Defesa, pleiteando o desenvolvimento de capacidade atômica para defender o pré-sal.
Quarta. A sociedade brasileira sabe de todas essas dimensões e está disposta a enfrentar esses desafios?

Carlos Tautz é jornalista
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/

domingo, maio 16, 2010

MÚSICA


Serra Do Luar
Leila Pinheiro
Composição: Walter Franco

Amor, vim te buscar
Em pensamento
Cheguei agora no vento
Amor, não chora de sofrimento
Cheguei agora no vento
Eu só voltei prá te contar
Viajei...Fui prá Serra do Luar
Eu mergulhei...Ah!!!Eu quis voar
Agora vem, vem prá terra descansar
Viver é afinar o instrumento
De dentro prá fora
De fora prá dentro
A toda hora, todo momento
De dentro prá fora
De fora prá dentro
A toda hora, todo momento
De dentro prá fora
De fora prá dentro
Amor, vim te buscar
Em pensamento
Cheguei agora no vento
Amor, não chora de sofrimento
Cheguei agora no vento
Eu só voltei prá te contar
Viajei...Fui prá Serra do Luar
Eu mergulhei...Ah!!!Eu quis voar
Agora vem, vem prá terra descançar

MEDICINA

Tratamento (transtorno de déficit de atenção/hiperatividade)

O tratamento do TDAH envolve uma abordagem múltipla, englobando intervenções psicossociais e psicofarmacológicas.15

No âmbito das intervenções psicossociais, o primeiro passo deve ser educacional, através de informações claras e precisas à família a respeito do transtorno. Muitas vezes, é necessário um programa de treinamento para os pais, a fim de que aprendam a manejar os sintomas dos filhos. É importante que eles conheçam as melhores estratégias para o auxílio de seus filhos na organização e no planejamento das atividades. Por exemplo, essas crianças precisam de um ambiente silencioso, consistente e sem maiores estímulos visuais para estudarem.16

Intervenções no âmbito escolar também são importantes. As intervenções escolares devem ter como foco o desempenho escolar. Nesse sentido, idealmente, as professoras deveriam ser orientadas para a necessidade de uma sala de aula bem estruturada, com poucos alunos. Rotinas diárias consistentes e ambiente escolar previsível ajudam essas crianças a manterem o controle emocional. Estratégias de ensino ativo que incorporem a atividade física com o processo de aprendizagem são fundamentais. As tarefas propostas não devem ser demasiadamente longas e necessitam ser explicadas passo a passo. É importante que o aluno com TDAH receba o máximo possível de atendimento individualizado. Ele deve ser colocado na primeira fila da sala de aula, próximo à professora e longe da janela, ou seja, em local onde ele tenha menor probabilidade de distrair-se. Muitas vezes, as crianças com TDAH precisam de reforço de conteúdo em determinadas disciplinas. Isso acontece porque elas já apresentam lacunas no aprendizado no momento do diagnóstico, em função do TDAH. Outras vezes, é necessário um acompanhamento psicopedagógico centrado na forma do aprendizado, como, por exemplo, nos aspectos ligados à organização e ao planejamento do tempo e de atividades. O tratamento reeducativo psicomotor pode estar indicado para melhorar o controle do movimento.16

Em relação às intervenções psicossociais centradas na criança ou no adolescente, a psicoterapia individual de apoio ou de orientação analítica pode estar indicada para: a) abordagem das comorbidades (principalmente transtornos depressivos e de ansiedade); e b) a abordagem de sintomas que comumente acompanham o TDAH (baixa auto-estima, dificuldade de controle de impulsos e capacidades sociais pobres). A modalidade psicoterápica mais estudada e com maior evidência científica de eficácia para os sintomas centrais do transtorno (desatenção, hiperatividade, impulsividade), bem como para o manejo de sintomas comportamentais comumente associados (oposição, desafio, teimosia), é a cognitivo-comportamental, especialmente os tratamentos comportamentais.6 Entretanto, os resultados recentes do MTA (ensaio clínico multicêntrico, elegantemente desenhado, que acompanhou 579 crianças com TDAH por 14 meses divididas em quatro grupos: tratamento apenas medicamentoso, apenas psicoterápico comportamental com os crianças e orientação para os pais e professores, abordagem combinada e tratamento comunitário) demonstram claramente uma eficácia superior da medicação nos sintomas centrais do transtorno quando comparada à abordagem psicoterápica e ao tratamento comunitário. Entretanto, a abordagem combinada (medicação + abordagem psicoterápica comportamental com os crianças e orientação para os pais e professores) não resultou em eficácia maior nos sintomas centrais do transtorno quando comparada a abordagem apenas medicamentosa.17 A interpretação mais cautelosa dos dados sugere que o tratamento medicamentoso adequado é fundamental no manejo do transtorno.

Em relação às intervenções psicofarmacológicas, serão discutidos apenas os aspectos mais recentes ou controversos. Para uma revisão mais aprofundada do tema, sugere-se a revisão de Spencer et al. (1996).15 Na atualidade, a indicação de psicofármacos para o TDAH depende das comorbidades presentes.18 A literatura apresenta os estimulantes como as medicações de primeira escolha.19 Existem mais de 150 estudos controlados, bem conduzidos metodologicamente, demonstrando a eficácia destes fármacos.15 É importante frisar que a maioria desses estudos restringe-se a meninos em idade escolar, embora Smith et al. (1998)20 demonstrem efetividade semelhante para crianças e adolescentes. Sharp et al. (1999)21 encontraram resposta similar aos estimulantes em meninas com diagnóstico de TDAH. No Brasil, o único estimulante encontrado no mercado é o metilfenidato. A dose terapêutica normalmente se situa entre 20 mg/dia e 60 mg/dia (0,3 mg/kg/dia a 1 mg/kg/dia). Como a meia-vida do metilfenidato é curta, geralmente utiliza-se o esquema de duas doses por dia, uma de manhã e outra ao meio dia. Cerca de 70% dos pacientes respondem adequadamente aos estimulantes e os toleram bem.15 Essas medicações parecem ser a primeira escolha nos casos de TDAH sem comorbidades e nos casos com comorbidade com transtornos disruptivos, depressivos, de ansiedade, da aprendizagem e retardo mental leve.18,22,23 O Texas Children's Medication Algorithm Project23 desenvolveu um consenso de experts para uso de medicação em crianças com transtorno depressivo e TDAH. A primeira indicação é de uso de estimulante e , se necessário, indica-se agregar um inibidor seletivo da recaptação de serotonina, como a fluoxetina. Este posicionamento é justificado pela falta de eficácia dos antidepressivos tricíclicos nas depressões de crianças. São aspectos controversos em relação ao uso de metilfenidato: a) interferência no crescimento. Estudos recentes têm demonstrado que o uso não altera significativamente o crescimento. Adolescentes tratados e não tratados com metilfenidato chegam ao final da adolescência com alturas similares;24 b) potencial de abuso. Estudo recente demonstra claramente uma prevalência significativamente maior de uso abusivo/dependência a drogas em adolescentes com TDAH que não foram tratados com estimulantes quando comparados com jovens com o transtorno tratados com estimulantes;25 e c) tempo de manutenção do tratamento. Embora inexistam estudos sobre a questão, clinicamente as indicações para os chamados "feriados terapêuticos" (fins de semana sem a medicação), ou para a suspensão da medicação durante as férias escolares são controversas. A pausa no uso de metilfenidato nos fins de semana talvez possa ter indicação naquelas crianças em que os sintomas causam prejuízos mais intensos apenas na escola, ou naqueles adolescentes em que o controle do uso de álcool ou de outras drogas ilícitas é difícil nos fins de semana. A indicação para a suspensão parece ocorrer quando o paciente apresenta um período de cerca de um ano assintomático, ou quando há melhora importante da sintomatologia. Suspende-se a medicação para a avaliação da necessidade de continuidade de uso.

Mais de 25 estudos apontam a eficácia dos antidepressivos tricíclicos (ADT) no TDAH. Novamente, a maioria dos estudos restringe-se a crianças em idade escolar.15 Clinicamente, os ADT são indicados nos casos em que não há resposta aos estimulantes e na presença de comorbidade com transtornos de tique ou enurese.18 Em relação ao uso de ADT, merecem destaque os seguintes aspectos: a) dosagem. A dosagem adequada de imipramina situa-se na faixa entre 2 mg/kg/dia a 5 mg/kg/dia. É prática comum no nosso meio a utilização de subdosagem de ADT para o tratamento de crianças; e b) efeitos cardiotóxicos. Existem, na literatura mundial, alguns relatos de morte súbita em crianças em uso de desipramina. Muito provavelmente, essas mortes não se relacionem diretamente ao uso da medicação. Entretanto, por cautela, deve-se sempre monitorizar, através de eletrocardiograma, qualquer criança recebendo ADT, antes e durante o tratamento.26

Alguns estudos também demonstram a eficácia de outros antidepressivos no TDAH, principalmente a bupropiona. A dosagem de bupropiona utilizada é de 1,5 mg/kg/dia a 6 mg/kg/dia, divididos em 2 a 3 tomadas; doses acima de 450 mg/dia aumentam muito o risco de convulsões, que é a principal limitação para sua utilização. Seus principais efeitos colaterais são agitação, boca seca, insônia, cefaléia, náuseas, vômitos, constipação e tremores.27

Recentemente, um estudo de metanálise sobre uso da clonidina no TDAH encontrou um efeito positivo nos sintomas; sua efetividade pode ser comparada à dos antidepressivos tricíclicos.28 Seu uso é indicado quando houver presença de comorbidades que contra-indiquem o uso dos estimulantes ou quando estes não forem tolerados. As doses utilizadas situam-se entre 0,03 mg/kg/dia e 0,05 mg/kg/dia e a principal contra-indicação é a preexistência de distúrbios da condução cardíaca, devido aos seus efeitos colaterais relacionados com alterações cardiovasculares.29 Entretanto, clinicamente, ela tem sido associada aos estimulantes, principalmente nos casos em que o uso isolado dos últimos produz alterações do sono ou rebote sintomatológico no final do dia.



Conclusão

O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é uma síndrome psiquiátrica de alta prevalência em crianças e adolescentes, apresentando critérios clínicos operacionais bem estabelecidos para o seu diagnóstico. Modernamente, a síndrome é subdividida em três tipos principais e apresenta uma alta taxa de comorbidades, em especial com outros transtornos disruptivos do comportamento. O processo de avaliação diagnóstica é abrangente, envolvendo necessariamente a coleta de dados com os pais, com a criança e com a escola. O tratamento do TDAH envolve uma abordagem múltipla, englobando intervenções psicossociais e psicofarmacológicas, sendo o metilfenidato a medicação com maior comprovação de eficácia neste transtorno.

sábado, maio 15, 2010

PINTURA


Floris (Frans de Vriendt) - 1516/1570, Holanda.Clique na imagem para ampliar.

POESIA

Dia Da Criação
Vinicius de Moraes


I

Hoje é sábado, amanhã é domingo
A vida vem em ondas, como o mar
Os bondes andam em cima dos trilhos
E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na Cruz para nos salvar.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Não há nada como o tempo para passar
Foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo
Mas por via das dúvidas livrai-nos meu Deus de todo mal.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Amanhã não gosta de ver ninguém bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado.

Impossível fugir a essa dura realidade
Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios
Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas
Todos os maridos estão funcionando regularmente
Todas as mulheres estão atentas
Porque hoje é sábado.

II

Neste momento há um casamento
Porque hoje é sábado.
Há um divórcio e um violamento
Porque hoje é sábado.
Há um homem rico que se mata
Porque hoje é sábado.
Há um incesto e uma regata
Porque hoje é sábado.
Há um espetáculo de gala
Porque hoje é sábado.
Há uma mulher que apanha e cala
Porque hoje é sábado.
Há um renovar-se de esperanças
Porque hoje é sábado.
Há uma profunda discordância
Porque hoje é sábado.
Há um sedutor que tomba morto
Porque hoje é sábado.
Há um grande espírito de porco
Porque hoje é sábado.
Há uma mulher que vira homem
Porque hoje é sábado.
Há criancinhas que não comem
Porque hoje é sábado.
Há um piquenique de políticos
Porque hoje é sábado.
Há um grande acréscimo de sífilis
Porque hoje é sábado.
Há um ariano e uma mulata
Porque hoje é sábado.
Há um tensão inusitada
Porque hoje é sábado.
Há adolescências seminuas
Porque hoje é sábado.
Há um vampiro pelas ruas
Porque hoje é sábado.
Há um grande aumento no consumo
Porque hoje é sábado.
Há um noivo louco de ciúmes
Porque hoje é sábado.
Há um garden-party na cadeia
Porque hoje é sábado.
Há uma impassível lua cheia
Porque hoje é sábado.
Há damas de todas as classes
Porque hoje é sábado.
Umas difíceis, outras fáceis
Porque hoje é sábado.
Há um beber e um dar sem conta
Porque hoje é sábado.
Há uma infeliz que vai de tonta
Porque hoje é sábado.
Há um padre passeando à paisana
Porque hoje é sábado.
Há um frenesi de dar banana
Porque hoje é sábado.
Há a sensação angustiante
Porque hoje é sábado.
De uma mulher dentro de um homem
Porque hoje é sábado.
Há a comemoração fantástica
Porque hoje é sábado.
Da primeira cirurgia plástica
Porque hoje é sábado.
E dando os trâmites por findos
Porque hoje é sábado.
Há a perspectiva do domingo
Porque hoje é sábado.

III

Por todas essas razões deverias ter sido riscado do Livro das Origens, ó Sexto Dia da Criação.
De fato, depois da Ouverture do Fiat e da divisão de luzes e trevas
E depois, da separação das águas, e depois, da fecundação da terra
E depois, da gênese dos peixes e das aves e dos animais da terra
Melhor fora que o Senhor das Esferas tivesse descansado.
Na verdade, o homem não era necessário
Nem tu, mulher, ser vegetal dona do abismo, que queres como as plantas, imovelmente e nunca saciada
Tu que carregas no meio de ti o vórtice supremo da paixão.
Mal procedeu o Senhor em não descansar durante os dois últimos dias
Trinta séculos lutou a humanidade pela semana inglesa
Descansasse o Senhor e simplesmente não existiríamos
Seríamos talvez pólos infinitamente pequenos de partículas cósmicas em queda invisível na terra.
Não viveríamos da degola dos animais e da asfixia dos peixes
Não seríamos paridos em dor nem suaríamos o pão nosso de cada dia
Não sofreríamos males de amor nem desejaríamos a mulher do próximo
Não teríamos escola, serviço militar, casamento civil, imposto sobre a renda e missa de sétimo dia,
Seria a indizível beleza e harmonia do plano verde das terras e das águas em núpcias
A paz e o poder maior das plantas e dos astros em colóquio
A pureza maior do instinto dos peixes, das aves e dos animais em cópula.
Ao revés, precisamos ser lógicos, freqüentemente dogmáticos
Precisamos encarar o problema das colocações morais e estéticas
Ser sociais, cultivar hábitos, rir sem vontade e até praticar amor sem vontade
Tudo isso porque o Senhor cismou em não descansar no Sexto Dia e sim no Sétimo
E para não ficar com as vastas mãos abanando
Resolveu fazer o homem à sua imagem e semelhança
Possivelmente, isto é, muito provavelmente
Porque era sábado.

RELIGIÃO

Igreja desembarca do PT

Na origem do PT, no início da década dos 80 do século passado, há a convergência inédita de três segmentos da sociedade: sindicalistas da indústria automobilística, esquerda acadêmica e comunidades eclesiais de base, representando a ala progressista da Igreja Católica.
A articulação entre eles permitiu que o partido, mais que qualquer outro, antes ou depois, se enraizasse na sociedade, expandisse seus tentáculos e produzisse uma militância ativa e disciplinada, que nenhum outro até hoje logrou constituir.
O projeto de cada um desses segmentos era – e é – distinto. A uni-los, havia a luta comum contra a ditadura. Associaram-se à frente democrática, então comandada pelo PMDB de Ulysses Guimarães e Tancredo Neves, sem se permitir grande proximidade.
Derrubada a ditadura, mantiveram distância dos sucessivos governos, tornando-os alvo de críticas sistemáticas.
Passou a uni-los a questão social, cada qual focando-a a seu modo, sem conflitos que ameaçassem a convergência. Os sindicalistas tinham – e têm – visão utilitária, pragmática. Lutam por conquistas trabalhistas concretas, nos termos do sindicalismo de resultados, inicialmente criticado por Lula – e hoje marca das três centrais que dominam o setor.
Já a esquerda acadêmica e o clero progressista conferem tom ideológico à questão social, que compatibilizaram sem dificuldades com o discurso sindical. Lula mesmo já disse mais de uma vez que “nunca fui de esquerda; fui torneiro-mecânico”. Mas tem ciência de que a aliança de seu partido é pela esquerda.
Essa aliança manteve-se até aqui sem maiores conflitos. Eis, porém, que o 3º Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH 3) promove a primeira cisão grave – aparentemente incontornável – nesse pacto partidário. A Igreja Católica está desembarcando dele. Caminhou lado a lado com a esquerda acadêmica até que a agenda de ambos – humanismo x religião - entrou em conflito.
Enquanto os uniam causas institucionais (fim da ditadura) e questões sociais (capitalismo x socialismo), foi possível conciliá-las.
Quando, porém, a agenda da esquerda passa a incluir questões comportamentais de vanguarda, que põem em xeque a moral cristã – aborto, casamento e adoção de crianças por casais gays, proibição de símbolos religiosos em locais públicos -, o convívio chegou ao limite.
O enunciado da ruptura foi dado na 48ª Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), esta semana, em Brasília. Os bispos deixaram de lado suas diferenças ideológicas – os progressistas, que compatibilizam cristianismo e marxismo, e os ortodoxos, que consideram os dois credos incompatíveis – e desancaram em uníssono o PNDH 3.
O governo já recuou em diversos pontos da questão: suprimiu a liberação do aborto, a proibição de símbolos religiosos, mas não as cláusulas que se referem aos gays, cujas conquistas foram alvo de foram condenação veemente por parte dos bispos, que reiteraram proibição a que ingressem na Igreja.
Como coroamento desse processo, a Assembléia produziu um manifesto em que recomenda aos fiéis que votem em "pessoas comprometidas com o respeito incondicional à vida, à família, à liberdade religiosa e à dignidade humana.
Embora o manifesto não faça menção explícita ao PNDH 3, o cardeal-arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer cuidou de fazê-lo, ao declarar que, naquele decreto, "além da descriminalização do aborto, há outras distorções inaceitáveis, como a união, dita casamento, de pessoas do mesmo sexo, a adoção de crianças por pessoas unidas por relação homoafetiva e a proibição de símbolos religiosos”.
Será possível desfazer o impasse e conciliar as agendas? Pior: será possível dissociar Dilma Roussef do PNDH? Na quarta-feira, em Porto Alegre, ela declarou que "estive presente em cada programa do governo". De fato, o PNDH foi concebido e executado na Casa Civil da Presidência da República.

Ruy Fabiano é jornalista
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/

quinta-feira, maio 13, 2010

MEDICINA

Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade
(continuação)

Critérios diagnósticos

O diagnóstico do TDAH é fundamentalmente clínico, baseado em critérios operacionais claros e bem definidos, provenientes de sistemas classificatórios como o DSM-IV (vide quadro clínico) ou a CID-10. Em pesquisa no nosso meio, Rohde et al* encontram indicativos da adequação dos critérios propostos pelo DSM-IV, reforçando a aplicabilidade dos mesmos na nossa cultura.
O DSM-IV propõe a necessidade de pelo menos seis sintomas de desatenção e/ou seis sintomas de hiperatividade/impulsividade para o diagnóstico de TDAH. Entretanto, tem-se sugerido que esse limiar possa ser rebaixado para, talvez, cinco ou menos sintomas em adolescentes e adultos,7 visto que estes podem continuar com um grau significativo de prejuízo no seu funcionamento global, mesmo com menos de seis sintomas de desatenção e/ou de hiperatividade/impulsividade. Apesar de dados recentes no nosso meio não apoiarem esta sugestão,8 é importante não se restringir tanto ao número de sintomas no diagnóstico de adolescentes, mas sim ao grau de prejuízo dos mesmos. O nível de prejuízo deve ser sempre avaliado a partir das potencialidades do adolescente e do grau de esforço necessário para a manutenção do ajustamento.
O DSM-IV e a CID-10 incluem um critério de idade de início dos sintomas causando prejuízo (antes dos 7 anos) para o diagnóstico do transtorno. Entretanto, este critério é derivado apenas de opinião de comitê de experts no TDAH, sem qualquer evidência científica que sustente sua validade clínica. Recentemente, Rohde et al (2000)** demonstraram que o padrão sintomatológico e de comorbidade com outros transtornos disruptivos do comportamento, bem como o prejuízo funcional, não é significativamente diferente entre adolescentes com o transtorno que apresentam idade de início dos sintomas causando prejuízo antes e depois dos 7 anos. Ambos os grupos diferem do grupo de adolescentes sem o transtorno em todos os parâmetros mencionados. Sugere-se que o clínico não descarte a possibilidade do diagnóstico em pacientes que apresentem sintomas causando prejuízo apenas após os 7 anos.
Tipos de TDAH
O DSM-IV subdivide o TDAH em três tipos: a) TDAH com predomínio de sintomas de desatenção; b) TDAH com predomínio de sintomas de hiperatividade/impulsividade; c) TDAH combinado.3 O tipo com predomínio de sintomas de desatenção é mais freqüente no sexo feminino e parece apresentar, conjuntamente com o tipo combinado, uma taxa mais elevada de prejuízo acadêmico. As crianças com TDAH com predomínio de sintomas de hiperatividade/impulsividade, por outro lado, são mais agressivas e impulsivas do que as crianças com os outros dois tipos, e tendem a apresentar altas taxas de rejeição pelos colegas e de impopularidade. Embora sintomas de conduta, de oposição e de desafio ocorram mais freqüentemente em crianças com qualquer um dos tipos de TDAH do que em crianças normais, o tipo combinado está mais fortemente associado a esses comportamentos. Além disso, o tipo combinado apresenta também um maior prejuízo no funcionamento global, quando comparado aos dois outros grupos.
Comorbidade
As pesquisas mostram uma alta taxa de comorbidade entre o TDAH e os transtornos disruptivos do comportamento (transtorno de conduta e transtorno opositor desafiante), situada em torno de 30% a 50%.5 No nosso meio, Rohde et al. (1999)9 encontraram uma taxa de comorbidade de 47,8% com transtornos disruptivos em adolescentes com diagnóstico de TDAH. A taxa de comorbidade também é significativa com as seguintes doenças: a) depressão (15% a 20%); b) transtornos de ansiedade (em torno de 25%);5 e c) transtornos da aprendizagem (10% a 25%).6
Vários estudos têm demonstrado uma alta taxa de comorbidade entre TDAH e abuso ou dependência de drogas na adolescência e, principalmente, na idade adulta (9% a 40%). Discute-se ainda se o TDAH, por si só, é um fator de risco para o abuso ou dependência a drogas na adolescência. Sabe-se que é muito freqüente a comorbidade de TDAH e transtorno de conduta, e que o transtorno de conduta associa-se claramente a abuso/dependência a drogas.4 Dessa forma, é possível que o abuso/dependência a drogas ocorra com mais freqüência num subgrupo de adolescentes com TDAH que apresentam conjuntamente transtorno de conduta. Em outras palavras, o fator de risco não seria o TDAH em si, mas sim a comorbidade com transtorno de conduta. Portanto, esta ainda é uma questão de pesquisa em aberto.
Procedimentos para avaliação diagnóstica
Em relação à fonte para coleta de informações, sabe-se que existe baixa concordância entre informantes (criança, pais e professores) sobre a saúde mental de crianças. Estas normalmente subestimam a presença de sintomas psiquiátricos e apresentam baixa concordância teste-reteste para os sintomas de TDAH. Os pais parecem ser bons informantes para os critérios diagnósticos do transtorno.10 Os professores tendem a superestimar os sintomas de TDAH, principalmente quando há presença concomitante de outro transtorno disruptivo do comportamento. Com adolescentes, a utilidade das informações dos professores diminui significativamente, na medida em que o adolescente passa a ter vários professores (currículo por disciplinas) e cada professor permanece pouco tempo em cada turma, o que impede o conhecimento específico de cada aluno. Pelo exposto, o processo de avaliação diagnóstica envolve necessariamente a coleta de dados com os pais, com a criança e com a escola.
Com os pais, é fundamental a avaliação cuidadosa de todos os sintomas. Como em qualquer avaliação em psiquiatria da infância e adolescência, a história do desenvolvimento, médica, escolar, familiar, social e psiquiátrica da criança deve ser obtida com os pais. Em crianças pré-púberes, as quais muitas vezes têm dificuldades para expressar verbalmente os sintomas, a entrevista com os pais é ainda mais relevante. Com a criança ou adolescente, uma entrevista adequada no nível de desenvolvimento deve ser realizada, avaliando-se a visão da criança sobre a presença dos sintomas da doença. É fundamental a lembrança de que a ausência de sintomas no consultório médico não exclui o diagnóstico. Essas crianças são freqüentemente capazes de controlar os sintomas com esforço voluntário, ou em atividades de grande interesse. Por isso, muitas vezes, conseguem passar horas na frente do computador ou do videogame, mas não mais do que alguns minutos na frente de um livro em sala de aula ou em casa. Tanto na entrevista com os pais, quanto naquela com a criança, é essencial a pesquisa de sintomas relacionados com as comorbidades psiquiátricas mais prevalentes. Ao final da entrevista, deve-se ter uma idéia do funcionamento global da criança.4 A presença de sintomas na escola deve ser avaliada através de contato com os professores e não somente pelas informações dos pais, pois ou últimos tendem a extrapolar informações sobre os sintomas em casa para o ambiente escolar.
Em relação a avaliações complementares, normalmente se sugere: a) encaminhamento de escalas objetivas para a escola; b) avaliação neurológica; e c) testagem psicológica. Entre as escalas disponíveis para preenchimento por professores, apenas a escala de Conners tem adequada avaliação de suas propriedades psicométricas em amostra brasileira.11 A avaliação neurológica é fundamental para a exclusão de patologias neurológicas que possam mimetizar o TDAH e, muitas vezes, é extremamente valiosa como reforço para o diagnóstico. Os dados provenientes do exame neurológico evolutivo, principalmente a prova de persistência motora, somados aos dados clínicos, são importantes.12 No que tange a testagem psicológica, o teste que fornece mais informações relevantes clinicamente é a Wechsler Intelligence Scale for Children.13 A sua terceira edição (WISC-III) tem tradução validada para o português,14 sendo que os subtestes do WISC-III que compõe o fator de resistência à distraibilidade (números e aritmética) podem ser importantes para reforçar a hipótese diagnóstica de TDAH. Além disso, no diagnóstico diferencial da síndrome, é preciso descartar a presença de retardo mental, visto que essa patologia pode causar problemas de atenção, hiperatividade e impulsividade. Outros testes neuropsicológicos (por exemplo, o Wisconsin Cart-Sorting Test ou o STROOP Test), assim como os exames de neuroimagem (tomografia, ressonância magnética ou SPECT cerebral), ainda fazem parte do ambiente de pesquisa, e não do clínico.6
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-44462000000600003&script=sci_arttext
(continua)

terça-feira, maio 11, 2010

domingo, maio 09, 2010

ATÉ MAIS ( I ). Charles Fonseca. Poesia.

ATÉ MAIS
Charles Fonseca

Quando se e só razão
Se só longínquo afeto
Reflorir além deserto
Falso orgulho for ao chão

Então que voltem os pródigos
Os sem falsa piedade
Nunca mais em mim saudade
Nem nunca mais ilusão

Ser de uma o bem amado
Ter de outro abraço terno
Basta um adeus desculpado
Pois num até mais encerro.

quinta-feira, maio 06, 2010

SEXUALIDADE

CNBB se aparta de opinião de arcebispo sobre pedofilia
De Demétrio Weber, de O Globo:

O porta-voz da 48.ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani João Tempesta, deixou claro nesta quarta-feira que a polêmica declaração do arcebispo de Porto Alegre, dom Dadeus Grings, de que "a sociedade é pedófila" , não é uma opinião da CNBB. Ele disse inclusive que não compartilha da mesma visão, mas, na linha do arcebispo gaúcho, procurou dividir com a sociedade a responsabilidade pelos abusos sexuais de crianças e adolescentes praticados por religiosos.
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/