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quinta-feira, abril 25, 2024


 


 

«A ode cristalina / é a que se faz sem poeta.» (Carlos Drummond de Andrade) *


 

Sabei isto, meus amados irmãos: Todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar e tardio para se irar. Tiago 1:19

quarta-feira, abril 24, 2024


 

AS RETICÊNCIAS

eles e elas descasados

olhares tristes desilusão 

em volta à sala levou o irmão

a ver se achava uma joia rara


todos muito desconfiados

era cedo a ceder confidências

sem mão na mão dava vontade

de chorar mágoas e as reticências?


Salvador


 

Este tal de WhatsApp eu não forneço às musas elas que descubram as nuas aspirações às escancaras


 

De Cabo Frio noites escuras dormem seres atoleimados pelo tóxico pela fome ao desamparo rica de fama cidade impura

Salvador


 

Estou a avisar às musas que volto nas noites de junho poema feito a punho em dia de saudade confusa.

Sereias de Cabo Frio enganam o homem apaixonado sem piedade ele coitado geme à toa nas noites de estio


 

Tomás Antônio Gonzaga. Soneto


 

Vinicius de Moraes A legião dos Úrias

 Vinicius de Moraes


 

A legião dos Úrias
 


Quando a meia-noite surge nas estradas vertiginosas das montanhas
Uns após os outros, beirando os grotões enluarados sobre cavalos lívidos
Passam os olhos brilhantes de rostos invisíveis na noite
Que fixam o vento gelado sem estremecimento.
 

 

São os prisioneiros da Lua. Às vezes, se a tempestade
Apaga no céu a languidez imóvel da grande princesa
Dizem os camponeses ouvir os uivos tétricos e distantes
Dos Cavaleiros Úrias que pingam sangue das partes amaldiçoadas.
 


São os escravos da Lua. Vieram também de ventos brancos e puros
Tiveram também olhos azuis e cachos louros sobre a fronte . . .
Mas um dia a grande princesa os fez enlouquecidos, e eles foram escurecendo
Em muitos ventres que eram também brancos mas que eram impuros.
 


E desde então nas noites claras eles aparecem
Sobre os cavalos lívidos que conhecem todos os caminhos
E vão pelas fazendas arrancando o sexo das meninas e das mães sozinhas
E das éguas e das vacas que dormem afastadas dos machos fortes.
 


Aos olhos das velhas paralíticas murchadas que esperam a morte noturna
Eles descobrem solenemente as netas e as filhas deliqüescentes
E com garras fortes arrancam do último pano os nervos flácidos e abertos
Que em suas unhas agudas vivem ainda longas palpitações de sangue.
 


Depois amontoam a presa sangrenta sob a luz pálida da deusa
E acendem fogueiras brancas de onde se erguem chamas desconhecidas e [fumos
Que vão ferir as narinas trêmulas dos adolescentes adormecidos
Que acordam inquietos nas cidades sentindo náuseas e convulsões mornas.
 


E então, após colherem as vibrações de leitos fremindo distantes
E os rinchos de animais seminando no solo endurecido
Eles erguem cantos à grande princesa crispada no alto
E voltam silenciosos para as regiões selvagens onde vagam.
 


Volta a Legião dos Úrias pelos caminhos enluarados
Uns após os outros, somente os olhos negros sobre cavalos lívidos
Deles foge o abutre que conhece todas as carniças
E a hiena que já provou de todos os cadáveres.
 


São eles que deixam dentro do espaço emocionado
O estranho fluido todo feito de plácidas lembranças
Que traz às donzelas imagens suaves de outras donzelas
Que traz aos meninos figuras formosas de outros meninos.
 


São eles que fazem penetrar nos lares adormecidos
Onde o novilúnio tomba como um olhar desatinado
O incenso perturbador das rubras vísceras queimadas
Que traz à irmã o corpo mais forte da outra irmã.
 


São eles que abrem os olhos inexperientes e inquietos
Das crianças apenas lançadas no regaço do mundo
Para o sangue misterioso esquecido em panos amontoados
Onde ainda brilha o rubro olhar implacável da grande princesa.
 


Não há anátema para a Legião dos Cavaleiros Úrias
Passa o inevitável onde passam os Cavaleiros Úrias
Por que a fatalidade dos Cavaleiros Úrias?
Por que, por que os Cavaleiros Úrias?
 


Oh, se a tempestade boiasse eternamente no céu trágico
Oh, se fossem apagados os raios da louca estéril
Oh, se o sangue pingado do desespero dos Cavaleiros Úrias
Afogasse toda a região amaldiçoada!
 


Seria talvez belo — seria apenas o sofrimento do amor puro
Seria o pranto correndo dos olhos de todos os jovens
Mas a legião dos Úrias está espiando a altura imóvel
Fechai as portas, fechai as janelas, fechai-vos meninas!
 


Eles virão, uns após os outros, os olhos brilhando no escuro
Fixando a lua gelada sem estremecimento
Chegarão os Úrias, beirando os grotões enluarados sobre cavalos lívidos
Quando a meia-noite surgir nas estradas vertiginosas das montanhas.

Salvador


 

«É preciso estar sempre embriagado. Com vinho, poesia ou virtude, a escolher.» (Charles Baudelaire)


 

Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum dos seus benefícios. Salmos 103:2


 

Qualquer sereia impede a vocação natural do macho

terça-feira, abril 23, 2024

Tom Jobim - Trem De Ferro


 

ABSINTO

mulher não te quero mais

ver-te ouvir-te abraçar-te

por ti já sofri demais

agora é ir-me, cansei tua arte


foi a mim seduzir de início sincera 

foste a minha lua, a ilusão 

de ter-te pra sempre sem pressa

agora copo de absinto à mão 



 

Pra que tanto desejo em vão?


 

«Nenhuma presença é mais real que a falta.» (Myriam Fraga) *


 

O Senhor é o meu pastor; nada me faltará. Salmos 23:1

segunda-feira, abril 22, 2024

Salvador


 

Blog do Charles Fonseca: O trem. Charles Fonseca

Blog do Charles Fonseca: O trem. Charles Fonseca: O TREM Charles Fonseca O trem Vida deu a partida, Parado na grade estava. Refeito, segue a estrada. Adeuses ao longe. Apita. Serpent...

Curso de Metafísica Aula 03, INTRODUÇÃO À METAFÍSICA - Parte II


 

Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. João 4:23

domingo, abril 21, 2024


 

ALIGEIRADAMENTE

Como tenho só quatro pessoas com quem conversar em casa, na prática três, uso a Internet como forma de sair da solidão. Os valores são muito diversificados: políticos, de escolaridade, sexuais e espirituais. Todos nos respeitamos nas suas singularidades. A cumeeira da casa é a de 95 anos. Sem esta não sei como será... Na verdade tenho horas de conversa que ainda não chegaram ao seu momento de virem a lume. Assim, fique a vontade de ler aligeiradamente o que escrevo. Escrevo para pessoas imaginárias, quase todas.

EIS PINDORAMA



EIS PINDORAMA 

 


 

Meu poema é tapa buraco da alma sem amor que ansia plena


 

O PRÓXIMO

E então éramos cinco 

Ibicui a verde mata

depois sertão o sol tinindo

Jequié mais um, que graça!


Já em Feira um infortúnio 

um restou beira caminho

voltam os cinco a tomar prumo

quem será de nós sozinho


a partir para o além

desta vida o estraçalho

sobre si terra cascalho

quem de nós quem, quem?


 

Augusto dos Anjos A esmola de Dulce

 

Augusto dos Anjos

A esmola de Dulce 

Ao Alfredo A.

E todo o dia eu vou como um perdido
De dor, por entre a dolorosa estrada,
Pedir a Dulce, a minha bem amada,
A esmola dum carinho apetecido.

E ela fita-me, o olhar enlanguescido,
E eu balbucio trêmula balada:
- Senhora, dai-me u’a esmola - e estertorada
A minha voz soluça num gemido.

Morre-me a voz, e eu gemo o último harpejo,
Estendo à Dulce a mão, a fé perdida,
E dos lábios de Dulce cai um beijo.

Depois, como este beijo me consola!
Bendita seja a Dulce! A minha vida
Estava unicamente nessa esmola.

Salvador


 

«Ri-se da cicatriz quem nunca foi ferido.» (Shakespeare) *


 

Pois assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma função, assim nós, embora muitos, somos um só corpo em Cristo, e individualmente uns dos outros. Romanos 12:4-5

sábado, abril 20, 2024


 

ACADÊMICO

Não desapareci. É que estou em viagem. A saudade é dor pungente. A saudade mata a gente. Quando voltar um abraço em mim. Não é querer demais. É só querer um mínimo. Um cheiro um mimo. O coração palpita demais.


 

SERTÃO

Passeio na orla de Copacabana. A cada instante uma infração de tráfego. De ônibus, de pedestres. Difícil. Pelas calçadas aqui e acolá jovens dormindo o sol a pino pelas calçadas. Quero voltar para o sertão.


 

Nestas tuas ruas a paixão desnuda o caminhar assustado eu viajor imberbe das delícias do amor, em aprendizado a alma muda

Salvador


 

Hilda Hilst Prelúdios-intensos para os desmemoriados do amor

 Hilda Hilst


 

Prelúdios-intensos para os desmemoriados do amor


I

Toma-me. A tua boca de linho sobre a minha boca
Austera. Toma-me AGORA, ANTES
Antes que a carnadura se desfaça em sangue, antes
Da morte, amor, da minha morte, toma-me
Crava a tua mão, respira meu sopro, deglute
Em cadência minha escura agonia.

Tempo do corpo este tempo, da fome
Do de dentro. Corpo se conhecendo, lento,
Um sol de diamante alimentando o ventre,
O leite da tua carne, a minha
Fugidia.
E sobre nós este tempo futuro urdindo
Urdindo a grande teia. Sobre nós a vida
A vida se derramando. Cíclica. Escorrendo.

Te descobres vivo sob um jogo novo.
Te ordenas. E eu deliquescida: amor, amor,
Antes do muro, antes da terra, devo
Devo gritar a minha palavra, uma encantada
Ilharga
Na cálida textura de um rochedo. Devo gritar
Digo para mim mesma. Mas ao teu lado me estendo
Imensa. De púrpura. De prata. De delicadeza.

II

Tateio. A fronte. O braço. O ombro.
O fundo sortilégio da omoplata.
Matéria-menina a tua fronte e eu
Madurez, ausência nos teus claros
Guardados.

Ai, ai de mim. Enquanto caminhas
Em lúcida altivez, eu já sou o passado.
Esta fronte que é minha, prodigiosa
De núpcias e caminho
É tão diversa da tua fronte descuidada.

Tateio. E a um só tempo vivo
E vou morrendo. Entre terra e água
Meu existir anfíbio. Passeia
Sobre mim, amor, e colhe o que me resta:
Noturno girassol. Rama secreta.
(...)

Caetano Veloso - Tropicalia


 

«Como vencer o oceano / se é livre a navegação / mas proibido fazer barcos?» (Carlos Drummond de Andrade) *


 

Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente aquele que tomar o seu nome em vão. Êxodo 20:7

sexta-feira, abril 19, 2024


 

Casimiro de Abreu Desejo

 Casimiro de Abreu


 

Desejo


Se eu soubesse que no mundo
Existia um coração,
Que só' por mim palpitasse
De amor em terna expansão;
Do peito calara as mágoas,
Bem feliz eu era então!


Se essa mulher fosse linda
Como os anjos lindos são,
Se tivesse quinze anos,
Se fosse rosa em botão,
Se inda brincasse inocente
Descuidosa no gazão;


Se tivesse a tez morena,
Os olhos com expressão,
Negros, negros, que matassem,
Que morressem de paixão,
Impondo sempre tiranos
Um jugo de sedução;


Se as tranças fossem escuras,
Lá castanhas é que não,
E que caíssem formosas
Ao sopro da viração,
Sobre uns ombros torneados,
Em amável confusão;


Se a fronte pura e serena
Brilhasse d'inspiração,
Se o tronco fosse flexível
Como a rama do chorão,
Se tivesse os lábios rubros,
Pé pequeno e linda mão;


Se a voz fosse harmoniosa
Como d'harpa a vibração,
Suave como a da rola
Que geme na solidão,
Apaixonada e sentida
Como do bardo a canção;


E se o peito lhe ondulasse
Em suave ondulação,
Ocultando em brancas vestes
Na mais branda comoção
Tesouros de seios virgens,
Dois pomos de tentação;


E se essa mulher formosa
Que me aparece em visão,
Possuísse uma alma ardente,
Fosse de amor um vulcão;
Por ela tudo daria...
— A vida, o céu, a razão!


 

Cecília Meireles Serenata

 Cecília Meireles


Serenata


Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.


Permite que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silencio,
e a dor é de origem divina.


Permite que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo.


 

Porque tu, Senhor, és bom, e pronto a perdoar, e abundante em benignidade para com todos os que te invocam. Salmos 86:5

quarta-feira, abril 17, 2024


 

Dei adeus a duas ilusões: depois de anos de espera em vão assim não sofro mais pendurado à madeira vera.


 

Vinicius de Moraes Marcha de quarta-feira de cinzas

 Vinicius de Moraes


 

Marcha de quarta-feira de cinzas
 


Acabou nosso carnaval
Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações
Saudades e cinzas foi o que restou.
 


Pelas ruas o que se vê
É uma gente que nem se vê
Que nem se sorri, se beija e se abraça
E sai caminhando
Dançando e cantando cantigas de amor.


E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade...


A tristeza que a gente tem
Qualquer dia vai se acabar
Todos vão sorrir, voltou a esperança
É o povo que dança
Contente da vida, feliz a cantar.


Porque são tantas coisas azuis
Há tão grandes promessas de luz
Tanto amor para amar de que a gente nem sabe...


Quem me dera viver pra ver
E brincar outros carnavais
Com a beleza dos velhos carnavais
Que marchas tão lindas
E o povo cantando seu canto de paz.


 

Adélia Prado Casamento

 


Adélia Prado


Casamento


Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como "este foi difícil"
"prateou no ar dando rabanadas"
e faz o gesto com a mão.


O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva. 

Salvador


 

Uma autoestima aumentada proposta um grande glúteo Senhor dos desgraçados que útero pariu asneira deslavada?

Salvador


 

Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. João 4:23

terça-feira, abril 16, 2024


 

João Boa Morte Cabra Marcado para Morrer. Ferreira Goulart

Essa guerra do Nordeste

não mata quem é doutor.

Não mata dono de engenho,

só mata cabra da peste,

só mata o trabalhador.

O dono de engenho engorda,

vira logo senador.


Não faz um ano que os homens

que trabalham na fazenda

do Coronel Benedito

tiveram com ele atrito

devido ao preço da venda.

O preço do ano passado

já era baixo e no entanto

o coronel não quis dar

o novo preço ajustado.


João e seus companheiros

não gostaram da proeza:

se o novo preço não dava

para garantir a mesa,

aceitar preço mais baixo

já era muita fraqueza.

"Não vamos voltar atrás.

Precisamos de dinheiro.

Se o coronel não quer dar mais,

vendemos nosso produto

para outro fazendeiro."


Com o coronel foram ter.

Mas quando comunicaram

que a outro iam vender

o cereal que plantaram,

o coronel respondeu:

"Ainda está pra nascer

um cabra pra fazer isso.

Aquele que se atrever

pode rezar, vai morrer,

vai tomar chá de sumiço".

sábado, abril 13, 2024


 

Lá se foram já dez anos a mim foi dito não tem jeito agora creio o tempo é estreito para por susto ela dizer te amo


 

AUTOPSICOGRAFIA. Fernando Pessoa

O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.


E os que lêem o que escreve,

Na dor lida sentem bem,

Não as duas que ele teve,

Mas só a que eles não têm.


E assim nas calhas de roda

Gira, a entreter a razão,

Esse comboio de corda

Que se chama coração.


 

Pois onde se acham dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles. Mateus 18:20


 

Hilda Hilst Poemas aos Homens do nosso tempo




Amada vida, minha morte demora.

Dizer que coisa ao homem,

Propor que viagem? Reis, ministros

E todos vós, políticos,

Que palavra além de ouro e treva

Fica em vossos ouvidos?

Além de vossa RAPACIDADE

O que sabeis

Da alma dos homens?

Ouro, conquista, lucro, logro

E os nossos ossos

E o sangue das gentes

E a vida dos homens

Entre os vossos dentes.


***********


Ao teu encontro, Homem do meu tempo,

E à espera de que tu prevaleças

À rosácea de fogo, ao ódio, às guerras,

Te cantarei infinitamente à espera de que um dia te conheças

E convides o poeta e a todos esses amantes da palavra, e os outros,

Alquimistas, a se sentarem contigo à tua mesa.

As coisas serão simples e redondas, justas. Te cantarei

Minha própria rudeza e o difícil de antes,

Aparências, o amor dilacerado dos homens

Meu próprio amor que é o teu

O mistério dos rios, da terra, da semente.

Te cantarei Aquele que me fez poeta e que me prometeu


Compaixão e ternura e paz na Terra

Se ainda encontrasse em ti, o que te deu.