PAIXÃO EM TRÂNSITO
Rosana Piccolo
No furacão de horas úteis, ele vinha ao celular. Não falava alto, nem espesso era o pulôver. Eu tinha na boca um gosto de óleo diesel.
Todos na rua vestiam azul. Embora nem motoristas, nem sonhadores fossem. Também não eram pacifistas, cirurgiões, açougueiros, não havia sangue, nem pássaros claros em suas mãos sombrias de chuva. Era um dia feio e sem sol. Eu olhei. Ele olhou. Eu tinha na boca um gosto de carvão.
Todos na rua eram deuses do luto. Nenhum clérigo no entanto, nenhum gótico ou judeu. Ele passou e eu passei. Ele tudo entendeu e eu também. A Fiandeira, que enrolou todo o mistério, nunca saberá dizer o quê.
domingo, novembro 19, 2017
Paixão em trânsito. Rosana Piccolo. Poesia
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