SUICÍDIO
Marcelo Caixeta
Médico psiquiatra
Parecem, abaixo, cartas de amor, parecem poesia, mas são bilhetes de suicídio.
Não se deixe enganar, depressivos podem ser geniais, podem ser campeões do amor.
Não é pela depressão ser o maior “aprofundador existencial” que existe que devemos simplesmente exaltá-la, que devemos banalizá-la, “estético-sizá-la”, “artístico-sizá-la”.
Há limites entre a aprendizado de um aprofundamento da existência e uma dor insuportável.
Aprendamos discerni-los e, sobretudo, aprendamos cuidá-los.
A depressão nos deve colocar em contato com Deus, não na presença d´Ele....
PS : Agradeço a B.C.D., que permitiu colocar sua dor a serviço dos que sofrem.
I
Não consigo viver, nem com, nem sem, você.
I I
Não haverá amanhã.
Quando todas as portas se fecham , abre-se o injustificável .
Uma covardia para qual se necessita uma coragem imensurável.
É o fim... meu fim.
Eu tentei...
Tentei muito...
E foi tentando que muitas vezes acertei,
e que provavelmente que eu também errei.
Vivi, sobrevivi, insisti...
Fiz de tudo um pouco, e do pouco muito.
Ainda assim este muito foi pouco.
Cansei...
Perdi a esperança... e sem ela não existe vida.
Desisti de mim , o que mais posso fazer.
Na equação da vida onde tudo é a somatória do “ser e do estar” eu me esqueci da plenitude do que é o viver.
Convivi com pessoas fantásticas.
Dentre todas, minha companheira de jornada, meu tesouro, meu baluarte, meu amor.
Tive amigos que me surpreenderam nas horas incertas e amargas, amigos de ombros largos.
Como também tive amigos que não me surpreendeu, talvez por não tiver dados a eles uma chance.
No emaranhado da vida eu me perdi,
Perdendo todos os sonhos...
E sem sonhos não se vive.
Acabei desistindo de mim.
Desistindo de tudo.
Meus motivos aos olhos de outrem podem ser fúteis,
Porem pra mim, era o meu tudo. E eu perdi este tudo.
Em algum lugar de minha existência, perdi a essência do que é viver.
Por isto não haverá amanhã pra mim.
Sem rancores, sem magoas
Apenas cansei de continuar vivendo este milagre que é a vida.
Porem para mim estava sendo muito difícil levá-la ou deixar ela me levar.
Viver nos últimos tempos era um tormento, uma tortura ver as horas passarem e eu passar com elas.
Quero estar leve
Morrer, de um jeito ou de outro, todos nós vamos um dia.
Apenas furei a fila.
Antecipei o tempo.
III
A existência é a maior obra prima surreal que a natureza criou. Deu-nos o poder da inteligência, discernir o mal e o bem e ser o topo da cadeia da vida no planeta.
Porem deu-nos o livre arbítrio, e a escolha é individual, como são os seres humanos. Este poder rege a vida e a morte de todo ser.
Chega-se a um ponto onde por mais forte que seja a dor, nos tornamos indiferente a ela, pois ela deixou de ser um dor para ser uma agonia sufocante.
A angustia que avassala a alma e torna todos os instante em momentos de profunda agonia pessoal, nos faz pensar em morrer.
Quantas vezes pensei nesta opção, e quantas vezes desisti.
Morrer é uma solução permanente e os problemas são sancionais, mas mesmo assim eles enegrecem a vida por muito tempo, e tempo é relativo de pessoa para pessoa. Como a capacidade de sofrer também não existe limite pré determinado cada um tem seu ponto de ruptura.
Sobreviver a cada dia é diferente de viver os mesmos dias.
Viver é um estado de espírito, se vive conforme as suas nuanças.
Morrer é uma atitude somente de vivos.
Morte assusta mais por seu mistério do que pelo o que se diz dela.
Morrer é simples, faz parte da existência só que tentamos não enxergar esta realidade.
Tem certos momentos na vida que eles deixam de serem momentos para ser uma existência. E como dói viver estes instantes eternos.
Eu estou cansado de ver o tempo passar e eu sem nada fazer vendo minha vida escorrer por entre os meus dedos, e nada fazer para rete-la.
quinta-feira, abril 09, 2015
Suicídio. Marcelo Caixeta. Medicina. Psiquiatria
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