O ALBATROZ
Charles Baudelaire
trad. Ivan Junqueira
Ás vezes, por prazer, os homens da equipagem
pegam um albatroz, imensa ave dos mares
que acompanha, indolente parceiro de viagem,
o navio a singrar por glaucos patamares.
Tão logo o estendem sobre as tábuas do convés
o monarca do azul, canhestro e envergonhado,
deixa pender qual par de remos junto aos pés
as asas em que fulge um branco imaculado.
Antes tão belo, como é feio na desgraça
o viajanda agora sério e acanhado.
Um com o cachimbo lhe enche o bico de fumaça;
outro a coxear imita o enfermo outrora alado.
O poeta se compara ao príncipe da altura
que habita os vendavais e ri da seta no ar.
Exilado no chão, em meio à turba obscura,
as asas de gigante impedem-no de andar.
quarta-feira, junho 02, 2010
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