quinta-feira, outubro 02, 2025

Credo Niceno-Constantinopolitano

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O Credo Niceno-Constantinopolitano (ou Símbolo Niceno-Constantinopolitano) não é apenas uma oração, mas o documento doutrinário fundamental que define a essência da fé cristã, especialmente em relação à Trindade. É considerado um dos pilares teológicos mais importantes, sendo recitado na liturgia de diversas tradições, como a Católica, Ortodoxa e muitas denominações Protestantes.

​Origem e Propósito Histórico

​O Credo é o resultado de dois Concílios Ecumênicos cruciais da Igreja primitiva, realizados para resolver graves disputas teológicas:

  1. Concílio de Niceia (325 d.C.): Convocado para combater o Arianismo, uma heresia propagada por Ário, um presbítero de Alexandria, que afirmava que Jesus Cristo era uma criatura de Deus Pai, e não o próprio Deus.
  2. Concílio de Constantinopla (381 d.C.): Convocado para expandir e completar o Credo de Niceia, principalmente esclarecendo e defendendo a divindade do Espírito Santo, que também estava sendo questionada.

​O Credo, portanto, nasceu como uma resposta dogmática a esses desafios, definindo o que a Igreja universal (católica) acreditava ser a verdade revelada.

​Pontos Chave e Significado Teológico

​O Credo Niceno-Constantinopolitano é estruturado em torno da Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo) e contém expressões teológicas de grande peso:

​1. Sobre Deus Pai (O Criador)

​Reafirma o monoteísmo ("Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso"). Define Deus Pai como o Criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis (o cosmos e o mundo espiritual), estabelecendo a diferença entre Criador e criatura.

​2. Sobre Jesus Cristo (A Divindade Plena)

​Esta é a parte mais longa e detalhada, pois foi o foco da controvérsia ariana. O Credo usa termos precisos para assegurar a Natureza Divina de Cristo:

  • "Filho Unigénito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos": Afirma que Cristo não foi criado no tempo, mas gerado eternamente por Deus Pai.
  • "Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro": Uma poderosa afirmação da divindade de Jesus, indicando que Ele compartilha a mesma essência de Deus Pai.
  • "Gerado, não criado, consubstancial ao Pai": A frase "consubstancial ao Pai" (em grego, homoousios) é o coração da doutrina. Significa que o Filho possui a mesma substância ou essência do Pai, resolvendo definitivamente a questão ariana: Jesus é Deus tanto quanto o Pai.
  • Encarnação e Salvação: Descreve a encarnação ("encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem"), a Paixão, Morte, Ressurreição e Ascensão, culminando na promessa de seu retorno glorioso ("para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim").

​3. Sobre o Espírito Santo (O Doador de Vida)

​Esta seção foi ampliada em Constantinopla para afirmar a divindade do Espírito Santo.

  • "Senhor que dá a vida, e procede do Pai": Define o Espírito como uma Pessoa Divina, coigual ao Pai e ao Filho.
  • "E com o Pai e o Filho é adorado e glorificado": Confirma a Trindade, estabelecendo que o Espírito Santo merece a mesma adoração que o Pai e o Filho.
  • "Ele que falou pelos profetas": Reconhece o papel do Espírito Santo na inspiração das Escrituras.

​4. Sobre a Igreja e o Futuro

​O Credo encerra com a fé na Igreja e na vida eterna:

  • "Creio na Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica": Define as quatro marcas essenciais da Igreja. O termo "Católica" aqui significa universal, referindo-se à sua missão e presença em todo o mundo.
  • "Professo um só batismo para a remissão dos pecados": Afirma a validade e a singularidade do sacramento.
  • "Espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir": Conclui com a esperança escatológica (do fim dos tempos).

​O Credo Niceno-Constantinopolitano permanece, portanto, a bússola teológica central para milhões de cristãos em todo o mundo, assegurando a ortodoxia das crenças essenciais."

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