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O Credo Niceno-Constantinopolitano (ou Símbolo Niceno-Constantinopolitano) não é apenas uma oração, mas o documento doutrinário fundamental que define a essência da fé cristã, especialmente em relação à Trindade. É considerado um dos pilares teológicos mais importantes, sendo recitado na liturgia de diversas tradições, como a Católica, Ortodoxa e muitas denominações Protestantes.
Origem e Propósito Histórico
O Credo é o resultado de dois Concílios Ecumênicos cruciais da Igreja primitiva, realizados para resolver graves disputas teológicas:
- Concílio de Niceia (325 d.C.): Convocado para combater o Arianismo, uma heresia propagada por Ário, um presbítero de Alexandria, que afirmava que Jesus Cristo era uma criatura de Deus Pai, e não o próprio Deus.
- Concílio de Constantinopla (381 d.C.): Convocado para expandir e completar o Credo de Niceia, principalmente esclarecendo e defendendo a divindade do Espírito Santo, que também estava sendo questionada.
O Credo, portanto, nasceu como uma resposta dogmática a esses desafios, definindo o que a Igreja universal (católica) acreditava ser a verdade revelada.
Pontos Chave e Significado Teológico
O Credo Niceno-Constantinopolitano é estruturado em torno da Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo) e contém expressões teológicas de grande peso:
1. Sobre Deus Pai (O Criador)
Reafirma o monoteísmo ("Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso"). Define Deus Pai como o Criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis (o cosmos e o mundo espiritual), estabelecendo a diferença entre Criador e criatura.
2. Sobre Jesus Cristo (A Divindade Plena)
Esta é a parte mais longa e detalhada, pois foi o foco da controvérsia ariana. O Credo usa termos precisos para assegurar a Natureza Divina de Cristo:
- "Filho Unigénito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos": Afirma que Cristo não foi criado no tempo, mas gerado eternamente por Deus Pai.
- "Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro": Uma poderosa afirmação da divindade de Jesus, indicando que Ele compartilha a mesma essência de Deus Pai.
- "Gerado, não criado, consubstancial ao Pai": A frase "consubstancial ao Pai" (em grego, homoousios) é o coração da doutrina. Significa que o Filho possui a mesma substância ou essência do Pai, resolvendo definitivamente a questão ariana: Jesus é Deus tanto quanto o Pai.
- Encarnação e Salvação: Descreve a encarnação ("encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem"), a Paixão, Morte, Ressurreição e Ascensão, culminando na promessa de seu retorno glorioso ("para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim").
3. Sobre o Espírito Santo (O Doador de Vida)
Esta seção foi ampliada em Constantinopla para afirmar a divindade do Espírito Santo.
- "Senhor que dá a vida, e procede do Pai": Define o Espírito como uma Pessoa Divina, coigual ao Pai e ao Filho.
- "E com o Pai e o Filho é adorado e glorificado": Confirma a Trindade, estabelecendo que o Espírito Santo merece a mesma adoração que o Pai e o Filho.
- "Ele que falou pelos profetas": Reconhece o papel do Espírito Santo na inspiração das Escrituras.
4. Sobre a Igreja e o Futuro
O Credo encerra com a fé na Igreja e na vida eterna:
- "Creio na Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica": Define as quatro marcas essenciais da Igreja. O termo "Católica" aqui significa universal, referindo-se à sua missão e presença em todo o mundo.
- "Professo um só batismo para a remissão dos pecados": Afirma a validade e a singularidade do sacramento.
- "Espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir": Conclui com a esperança escatológica (do fim dos tempos).
O Credo Niceno-Constantinopolitano permanece, portanto, a bússola teológica central para milhões de cristãos em todo o mundo, assegurando a ortodoxia das crenças essenciais."
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