Não leia odes, meu filho, leia os horários dos trens:
são mais exatos. Desenrole os mapas náuticos
enquanto ainda é tempo. Fique atento, não cante.
Virá o dia em que voltarão a pregar listas
no portão e a pintar marcas no peito dos que dizem
não. Aprenda a passar incógnito, aprenda mais que
a mudar de bairro, de passaporte, de rosto.
Exercite a pequena traição,
a imunda salvação de cada dia. É para
fazer fogo que servem as encíclicas,
e os manifestos, para embrulhar a manteiga e o sal
dos indefesos. Raiva e paciência são necessárias
para soprar nos pulmões do poder
o pó fino e mortífero, moído
por aqueles que tanto puderam aprender,
que são exatos, por você.

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