sábado, outubro 11, 2025

PAISAGEM. Guimarães Rosa

No quadrilátero do arrozal,

verde-aquarela,

cortam-se em ângulos retos

canais azuis de água polida.

No ar de alumínio,

as libélulas verdes vão espetando

joias faiscantes, broches de jade,

duplas cruzetas, lindos brinquedos,

nos alfinetes de sol.

Pairam suspensas, em voo de caça,

horizontal,

e jogam, a golpes da tela metálica

das asas nervadas, reflexos de raios,

que hipnotizam as muriçocas tontas...

A libelinha pousa na ponta

do estilete de uma haste verde,

que faz arco (pronto!...)

e a leva direta à boca,

aberta e visguenta, de um sapo cinzento..,

— Glu!... Muitas bolhas na escuma...

E as outras aeroplanam, assestando

para o submersível,

os grandes olhos redondos,

com quarenta mil lentes facetadas...

Nenhum comentário:

Postar um comentário