quinta-feira, outubro 16, 2025

A Árvore da Serra. Augusto dos Anjos

— As árvores, meu filho, não têm alma! 

E esta árvore me serve de empecilho... 

É preciso cortá-la, pois, meu filho, 

Para que eu tenha uma velhice calma! 

            

— Meu pai, por que sua ira não se acalma?! 

Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?! 

Deus pôs almas nos cedros... no junquilho... 

Esta árvore, meu pai, possui minh'alma! ... 

            

— Disse — e ajoelhou-se, numa rogativa: 

«Não mate a árvore, pai, para que eu viva!» 

E quando a árvore, olhando a pátria serra, 

            

Caiu aos golpes do machado bronco, 

O moço triste se abraçou com o tronco 

E nunca mais se levantou da terra!

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