Minha vida é o que vejo. A criança na bicicleta subindo a rua. A chuva caindo num dia quente. Seus cabelos despenteados. A cidade vista de longe. Seu rosto visto de perto. Os olhos fechados no abraço. Meu amigo rindo. O dono do boteco. A roupa de um verde vivo. As mãos da menina enquanto dança. Um carro mal estacionado. O funcionário que olha desconfiado. Um desconhecido andando à frente. Folhetos no lixo. Um barulho de tiro. A briga depois da esquina. Formiga na ponta de uma folha. Unha suja. Mosca em cima da merda. Um velho trator com cheiro de óleo. TV ligada. Olhos abertos. Mato crescendo na sarjeta. Alguns livros empilhados. Caminhões. Casas passando à beira da estrada. Gato em cima do muro. Nuvens brancas sujando o azul. O muro pichado. 0 ritmo acelerado. A parada. O detalhe. O conjunto. De novo os olhos fechados. A boca entreaberta. E ao fundo um murmúrio de metáforas selvagens. Jardim de vestígios cuidadosamente organizados. A vida é o que vejo. Montagem é tudo.
terça-feira, setembro 30, 2025
Marcos Siscar JARDIM DE VESTÍGIOS
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