segunda-feira, junho 30, 2025

DE MINHA CONCHA

 [DE MINHA CONCHA]

De minha concha ouço todos que chegam
Seminua vejo os primeiros amantes
Os mais belos causam-me fulgor
Os menos belos, nostalgia
Não resisto aos mais vulneráveis
Suas mandíbulas de ouro fascinam-me:
triturem-me, peço-lhes

O dilúvio desses olhos aterroriza

No matadouro mais próximo, entregam-se
novos e velhos corpos
(entre línguas de felpa, o divino se mostra)



	  Então repito:

	  toca-me, ar
	  toca-me, água
	  toca-me, fogo
	  toca-me, terra
	  toca-me, éter



			  Eis o inevitável:
			  quedo-me

MARIZE CASTRO

Nenhum comentário:

Postar um comentário