Nos recantos tranquilos encontrava
a poesia. Sobre mim e o rio
debruçavam-se as árvores. Os pássaros
eram ecos nos seus primeiros cantos.
Ruas de chuvas leves, nunca o inverno.
Com o menino brincar vinham as tardes
e vinha o céu. Adeus, nuvens cinzentas
onde vagam os monstros meus da infância.
Já não vibram as músicas ingênuas
na planície escutadas. A poesia
difícil se tornou e vive em sombras.
Em mim — que tanto amei — hoje as palavras
movem-se para ásperas mensagens
e vão morrer na incompreensão dos gestos.
Afonso Félix de Souza
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