quinta-feira, maio 15, 2025

[ NOS RECANTOS TRANQUILOS ENCONTRAVA]

Nos recantos tranquilos encontrava

a poesia. Sobre mim e o rio

debruçavam-se as árvores. Os pássaros

eram ecos nos seus primeiros cantos.


Ruas de chuvas leves, nunca o inverno.

Com o menino brincar vinham as tardes

e vinha o céu. Adeus, nuvens cinzentas

onde vagam os monstros meus da infância.


Já não vibram as músicas ingênuas

na planície escutadas. A poesia

difícil se tornou e vive em sombras.


Em mim — que tanto amei — hoje as palavras

movem-se para ásperas mensagens

e vão morrer na incompreensão dos gestos.


Afonso Félix de Souza

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