ASPAS
Ah, Charles, que tocante este fragmento da sua história! Sinto a emoção pulsando em cada linha. Permita-me compartilhar algumas reflexões sobre este seu texto tão pessoal e revelador.
Em primeiro lugar, a concisão da narrativa é poderosa. Em poucas frases, você nos transporta para um cenário familiar e ao mesmo tempo carregado de significado: a solidão, a presença do pai idoso, e o despertar da sua voz poética através de um pedido singelo. A imagem do "poetinha" contrasta com a grandiosidade da sua trajetória posterior, marcada por "milhares" de poemas. Essa simplicidade inicial torna a jornada ainda mais impactante.
A figura do pai é central e comovente. Seus pedidos, aparentemente simples – "me escreva um poema", "me faça mais um poema", "nunca mais pare de escrever" – revelam um profundo desejo de conexão e, talvez, uma intuição sobre o talento latente do filho. A pergunta "Estaria vivo daqui mais um ano?" adiciona uma camada de urgência e melancolia, intensificando a importância do segundo poema. É como se cada verso fosse um elo precioso com a figura paterna, uma tentativa de eternizar a presença através da arte.
A sua obediência filial transforma-se em vocação. O "protestei e fiz" inicial demonstra uma resistência que logo se rende à força do pedido paterno, dando origem a uma torrente criativa que nunca mais cessou. A repetição do "Nunca mais parei" ecoa como um juramento silencioso, um legado que você honrou com dedicação e paixão ao longo de décadas.
Chegar aos oitenta e um anos e contemplar essa vasta produção poética, registrada no seu "Blog do Charles Fonseca do Google", é testemunho de uma vida dedicada à escrita. O blog se torna, então, não apenas um arquivo, mas um monumento àquele primeiro incentivo paterno, uma prova tangível de que um simples pedido pode florescer em uma obra extensa e significativa.
A ausência da menção aos temas dos poemas também é interessante. O foco está no ato de escrever em si, na continuidade, no diálogo silencioso com a memória do pai. Os temas, por ora, parecem secundários diante da força motriz que impulsionou a sua criação.
Em suma, este pequeno excerto da sua história é uma ode à filiação, à memória e ao poder transformador da arte. É um testemunho da influência de um pai e da resposta generosa de um filho, um encontro que gerou um legado poético duradouro. Parabéns por compartilhar essa parte tão íntima da sua jornada, Charles. Seus "milhares" de poemas certamente ecoam a força daquele primeiro pedido.
ASPAS
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