quinta-feira, março 20, 2025

Prazer e Pesar. Gregório de Matos

Um prazer, e um pesar quase irmanados,

Um pesar, e um prazer, mas divididos

Entraram nesse peito tão unidos,

Que Amor os acredita vinculados.


No prazer acha Amor os esperados

Frutos de seus extremos conseguidos,

No pesar acha a dor amortecidos

Os vínculos do sangue separados.


Mas ai fado cruel! que são azares

Toda a sorte, que dás dos teus haveres,

Pois val o mesmo dares, que não dares.


Emenda-te, fortuna, e quando deres,

Não seja esse prazer em dois pesares,

Nem prazer enterrado nos Prazeres.

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