sábado, fevereiro 01, 2025

XXXII (Da Morte) de Hilda Hilst

Por que me fiz poeta?

Porque tu, morte, minha irmã,

No instante, no centro

De tudo o que vejo.


No mais que perfeito

No veio, no gozo

Colada entre eu e o outro.

No fosso

No nó de um íntimo laço

No hausto

No fogo, na minha hora fria.


Me fiz poeta

Porque à minha volta

Na humana ideia de um deus que não conheço

A ti, morte, minha irmã,

Te vejo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário