A celebração do solstício de inverno na Roma antiga, com sua festa dedicada ao "Sole Invicto", simbolizava a vitória da luz sobre as trevas, a promessa do retorno do sol. Esta festividade, realizada em 25 de dezembro, foi absorvida pelo cristianismo, que, ao longo dos séculos, transformou essas antigas práticas em uma nova celebração: o Natal, o nascimento de Cristo, o novo "Sole Invicto", a luz que vence a escuridão.
Entretanto, a tradição do solstício não desapareceu completamente. Em terras do Oriente, o 6 de janeiro passou a ser marcado como o dia da Epifania, um termo grego que significa "manifestação". A Epifania, portanto, não se limita a um evento histórico, como o Natal, mas aponta para uma revelação, para o mistério de Deus que se faz visível aos homens. A festa, antes associada à manifestação de uma divindade pagã, passa agora a ser a celebração da revelação de Cristo ao mundo, como o Salvador prometido.
É nesse contexto que lemos no Evangelho de Mateus o relato da visita dos Magos, sábios vindos do Oriente, que seguem a estrela que anuncia o nascimento do Rei dos judeus. Eles, guiados pela luz celeste, não se deixam desviar pelas tentações do poder terreno, representado por Herodes, e, movidos por uma fé profunda, encontram o Menino e, diante dele, se prostram, oferecendo-lhe ouro, incenso e mirra — presentes que simbolizam a realeza, a divindade e o sacrifício.
A pintura de Gentile da Fabriano, Adoração dos Magi pq(1423), que ilustra essa história, imortaliza esse momento de manifestação divina, imbuindo-o de uma elegância e riqueza visual que transcendem o tempo. Ela nos lembra da importância da Epifania como um momento de revelação: a luz do Evangelho que se manifesta ao mundo, guiando os homens à adoração do Cristo, aquele que é a verdadeira luz, mais forte do que qualquer estrela.
Assim, a Epifania nos convida a uma reflexão sobre a presença de Deus em nossa vida, que muitas vezes se manifesta de formas sutis, mas irresistíveis, como a estrela que guiou os Magos, ou como a luz que, ao longo dos séculos, continua a iluminar os corações dos que a buscam.
Giih De Figueiredo
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