Uma respeitosa ex prostituta. Convivi na casa dela na adolescência. Era na caatinga. No Pé do Morro. Onde meu pai se hospedava enquanto viveu seu sonho de ser fazendeiro ele que era neto de família rica que deserdou minha avó por ter fugido aos catorze anos com meu avô. Voltemos. De manhã era o café com leite do peito da vaca. Pão velho. Dois ovos fritos com banha de porco. E farinha. Esta nunca faltava. O curral era na janela ao lado. Quatro vaquinhas. Sempre tinha uma leiteira. À tarde após o sol posto punha a mesa uma refeição semelhante. A água naquela secura vinha de um poço onde nunca faltou água. De um lado bebiam os bichos. Do outro os humanos. Naturalmente separados por uma cerca de arame farpado. E sempre a nos hospedar ela e seu marido o Sr. Elói. Um velho magro e andarilho pelas quebradas daquele sertão cinzento onde só havia de verde o mandacaru, os periquitos e o umbuzeiro aqui e acolá. Embaixo deste sempre se achava sob o solo a cabaça de suas raízes sempre cheia da mais pura água. Não se morre de sede onde tem um umbuzeiro. Não morre a lembrança de quem foi feliz como nós mesmo naquela pobreza rica.
quarta-feira, janeiro 15, 2025
A POBREZA RICA
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