sábado, dezembro 07, 2024

O PRECURSOR

Para orgulho de meus pais frequentávamos a mesma sala de aula do segundo ao quarto ano do ginástica hoje seria ensino médio. Noturno. Para prejuízo meu sem a convivência com os de minha idade. Fiquei assim como imaginam. Um professor de matemática tinha o hábito de por uma das pernas sobre a carteira de uma loira casada que sentava ao meu lado. No tempo da cueca samba canção. De tanto por a perna a colega contou ao marido. Este apareceu à noite no colégio de arma em punho querendo atirar no professor. Calibre 38. A turma do deixa disso acudiu a tempo. A direção do colégio criou uma comissão de inquérito à qual fui convocado a depor. Minha mãe só permitiu se ela estivesse presente. Antes me instruiu devidamente. Da comissão participava um professor solteirão de difícil conquista pela moças casadoiras que suspirava por ele. Também duas professoras de difícil casório. Já balsaquianas. Uma de pernas cabeludas que se recusava terminantemente de raspá-las. E um outro professor solteiro o terror da matemática. Cautelosamente me foi perguntado se ouvi ou sobretudo vi alguma coisa diferente no professor. Disse que não a não ser um certo volume aumentado na perna que ele punha sobre a carteira. Toda a comissão de inquérito caiu na gargalhada. Quem era branco avermelhou. Quem não era ficou com os olhos avermelhados de pudicícia. Assim em termos de inquérito fui precursor. Idos de 1956. Em Jequié.

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