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sexta-feira, setembro 13, 2024

Um dia é da caça, outro do caçador.

Ao lado direito da atual ponte do Xixá  existia uma passagem: larga, rasa, onde passavam pedestres, animais com cargas e cavaleiros. Dava acesso a propridades do outo lado do Esfolado. Papai possuía uma delas, conhecida apenas  como Casa do Batista, por causa do morador. Seu Batista era casado com dona Josefa, com quem tinha os filhos: Zé da Luz, Dejalma, Geraldo,  Maria da Cruz e outos .O local era meio isolado, a casa rústica em uma elevação, que descia para o buritizal. Ali se criava, de forma extensiva, caprinos e suínos. O buritizal fornecia a massa para o doce, que dona Josefa levava para vender para mamãe, que pagava pelo seu trabalho. Dali também se tirava palhas e talos de buriti, com diversas utilidades. Na época da partilha da produção dos animais, íamos, eu e o mano Edilberto, passar a manhã por lá. Era o maior divertimento: caçadas de frango d’água na roça de arroz e andar de pernas -de-pau, feitas com talos de buriti, nos arriscando a levar um tombo ladeira acima. Voltávamos para casa no maior contentamento, esperando o dia de lá retornar.

Tudo ia bem, quando começaram os problemas, dando início a preocupações. É que seu Batista, homem sério, trabalhador e honesto, veio avisar que estavam sumindo alguns animais. Suspeitava  de uma onça parda que estava atacando as crições. O local era perto da serra e se sabia da existência de onças, mesmo porque já havia encontrado algumas carniças. Destemidos, ele e seu filho mais velho, Zé da Luz, ainda adolescente de calças curtas,  mesmo com armamento precário, mas com um bom cão de caça, se dispuseram a enfrentar o felino. Depois de muitas tentativas frustradas, enfrentando mata fechada e grotões, um dia deram com o bicho, mal encarado e feroz, com a atenção voltada para o cachorro, que não parava de latir. Empunharam as armas    e dispararam. A fera ferida tentou se voltar contra eles, que tiveram que terminar o abate a facão e cacetadas. Animal grande, um macho bem pesado, deu dificuldade para ser retirado da mata. Colocado em um burro de carga, foi levado para mostrar ao patrão, o troféu, como prova  do seu ato de bravura.

E assim terminou o mistério, mas a história, o grande feito de pai e filho, ficou gravado na memória dos que testemunharam, por muito tempo.


Edmilson Rocha, setembro/24

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