AMANHÃ
falávamos de gente que aos cinco, aos dez já sabia o que queria e o que não queria para a vida toda de uma vez por todas não apenas a cor predileta a estação mais linda do ano mas cada ínfima resposta para as perguntas que ainda não lhe foram feitas já estava decidido que os dias seriam assim que as noites seriam a salvo que a aposentadoria viria leve, branca, calma mais o mar que a montanha as manhãs que as madrugadas uma dose de sol, da lua uma distância segura a medida dos passos em que fibra do tempo em que ponto do espaço o deus para sempre louvado o mal? como ser evitado o que fazer do amor o que fazer do sexo o que nunca fazer falávamos de gente que aos vinte, aos trinta já havia preenchido de planos infalíveis a agenda das próximas décadas enquanto o vento batia em nossos corpos velhos em nossos copos velhos sem dizer uma palavra sobre o amanhã
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