quarta-feira, novembro 22, 2023

A UMA SENHORA

A uma senhora natural do Rio de Janeiro, onde se achava então o autor José Basílio da Gama (1741-1795) Já, Marfiza cruel, me não maltrata saber que usas comigo de cautelas, que inda te espero ver por causa delas, arrependida de ter sido ingrata. Com o tempo, que tudo desbarata, teus olhos deixarão de ser estrelas; verás murchar no rosto as faces belas, e as tranças de ouro converterem-se em prata. Pois se sabes que a tua formosura por força há de sofrer da idade os danos, por que me negas hoje esta ventura? Guarda para seu tempo os desenganos, gozemo-nos agora, enquanto dura, já que dura tão pouco a flor dos anos.

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