(...) Sempre pensava no mar como "la mar", que é o que o povo lhe chama em espanhol, quando o ama. Às vezes, aqueles que gostam do mar dizem mal dele, mas sempre o dizem como se ele fosse mulher. Alguns dos pescadores mais novos, os que usam boias por flutuadores e têm barcos a motor, comprados quando os fígados de tubarão davam muito dinheiro, dizem "el mar", que é masculino. Falavam dele como de um antagonista, um lugar, até um inimigo. Mas o velho sempre pensava no mar como feminino, como algo que entrega ou recusa favores supremos, e, se tresvariava ou fazia maldades era porque não podia deixar de as fazer. A lua influi no mar como as mulheres, pensava ele.
— Ernest Hemingway, no livro "O Velho e o Mar". (Editora Livros do Brasil; 1.ª edição [1956]).
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