AVE, CÉSAR
Ave, César,
que o AVC
não te impeça
de ver pela TV
o século
que começa;
que o infarto
do miocárdio
não te farte
da miséria
que nos invade;
que a sorte
que te inunda
o córtex
não te destroce
a prole imunda;
que o câncer
não te canse
a pança
em meio à dança
dos tumores;
que os humores
desarranjados
não te dessorem
a alma com uma
falsa calma
fitoterápica.
Vede, Cesar, sem vir nem vencer:
o que se arrasta e arrasa,
sem ódio e sem pressa,
não é o sol, é a sombra
de mais um século
que começa.

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