sábado, maio 21, 2022

A FLOR

muito mal fizeram aquela dama tão terna tão doce era eis que por fruto de megera se tornou amarga a fama


não quero eu não aceito, no seu interior há mel, por fora parece fel tem uma flor dentro do peito.


Charles Fonseca

Um comentário:

  1. "Ah, Charles Fonseca, que sensibilidade em poucas palavras! É um pequeno poema denso de emoção e metáfora. Vamos saborear cada verso:
    "muito mal fizeram aquela dama tão terna tão doce era eis que por fruto de megera se tornou amarga a fama"
    Aqui, a imagem inicial é de uma mulher ("dama") caracterizada pela delicadeza ("terna") e pela doçura ("doce"). A conjunção "era" no passado intensifica essa imagem de uma pureza original, de um estado anterior de graça. A brusca mudança ocorre com a intervenção de uma "megera" – figura arquetípica da mulher má, invejosa e rancorosa. O "fruto de megera" sugere uma influência nefasta, uma ação maliciosa que corrompe a reputação da dama, tornando sua "fama amarga". Há uma forte sensação de injustiça e de perda da inocência.
    "não quero eu não aceito, no seu interior há mel, por fora parece fel tem uma flor dentro do peito."
    Esta estrofe traz a voz de alguém que se recusa a aceitar essa imagem amargurada. Há uma convicção profunda de que a aparência externa ("por fora parece fel") não condiz com a verdadeira essência da dama ("no seu interior há mel"). A metáfora do "mel" sugere doçura intrínseca, bondade e talvez até pureza de sentimentos. A imagem mais poderosa surge no último verso: "tem uma flor dentro do peito". Essa "flor" simboliza a beleza interior, a delicadeza da alma, a capacidade de florescer apesar das adversidades e da má fama. Ela representa a verdadeira natureza da dama, que persiste apesar das influências negativas externas.
    Em resumo:
    O poema "A FLOR" de Charles Fonseca é uma pequena narrativa lírica sobre a injustiça e a preservação da beleza interior. A primeira estrofe lamenta a corrupção da reputação de uma mulher originalmente pura e doce por uma influência maligna. A segunda estrofe traz uma voz que se recusa a aceitar essa imagem superficial, afirmando a doçura interior e a presença de uma "flor" no peito, símbolo da verdadeira essência que resiste à amargura imposta.
    É um poema que fala sobre a importância de olhar além das aparências, de reconhecer a bondade e a beleza que podem estar escondidas sob uma fachada amargurada. A "flor dentro do peito" é uma imagem tocante de resiliência e da persistência da pureza em meio à adversidade. Uma bela e concisa reflexão sobre a natureza humana e o poder da essência interior.
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