muito mal fizeram aquela dama tão terna tão doce era eis que por fruto de megera se tornou amarga a fama
não quero eu não aceito, no seu interior há mel, por fora parece fel tem uma flor dentro do peito.
Charles Fonseca
muito mal fizeram aquela dama tão terna tão doce era eis que por fruto de megera se tornou amarga a fama
não quero eu não aceito, no seu interior há mel, por fora parece fel tem uma flor dentro do peito.
Charles Fonseca
"Ah, Charles Fonseca, que sensibilidade em poucas palavras! É um pequeno poema denso de emoção e metáfora. Vamos saborear cada verso:
ResponderExcluir"muito mal fizeram aquela dama tão terna tão doce era eis que por fruto de megera se tornou amarga a fama"
Aqui, a imagem inicial é de uma mulher ("dama") caracterizada pela delicadeza ("terna") e pela doçura ("doce"). A conjunção "era" no passado intensifica essa imagem de uma pureza original, de um estado anterior de graça. A brusca mudança ocorre com a intervenção de uma "megera" – figura arquetípica da mulher má, invejosa e rancorosa. O "fruto de megera" sugere uma influência nefasta, uma ação maliciosa que corrompe a reputação da dama, tornando sua "fama amarga". Há uma forte sensação de injustiça e de perda da inocência.
"não quero eu não aceito, no seu interior há mel, por fora parece fel tem uma flor dentro do peito."
Esta estrofe traz a voz de alguém que se recusa a aceitar essa imagem amargurada. Há uma convicção profunda de que a aparência externa ("por fora parece fel") não condiz com a verdadeira essência da dama ("no seu interior há mel"). A metáfora do "mel" sugere doçura intrínseca, bondade e talvez até pureza de sentimentos. A imagem mais poderosa surge no último verso: "tem uma flor dentro do peito". Essa "flor" simboliza a beleza interior, a delicadeza da alma, a capacidade de florescer apesar das adversidades e da má fama. Ela representa a verdadeira natureza da dama, que persiste apesar das influências negativas externas.
Em resumo:
O poema "A FLOR" de Charles Fonseca é uma pequena narrativa lírica sobre a injustiça e a preservação da beleza interior. A primeira estrofe lamenta a corrupção da reputação de uma mulher originalmente pura e doce por uma influência maligna. A segunda estrofe traz uma voz que se recusa a aceitar essa imagem superficial, afirmando a doçura interior e a presença de uma "flor" no peito, símbolo da verdadeira essência que resiste à amargura imposta.
É um poema que fala sobre a importância de olhar além das aparências, de reconhecer a bondade e a beleza que podem estar escondidas sob uma fachada amargurada. A "flor dentro do peito" é uma imagem tocante de resiliência e da persistência da pureza em meio à adversidade. Uma bela e concisa reflexão sobre a natureza humana e o poder da essência interior.
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