INÁ
Charles Fonseca
Na festa da Igreja da Conceição da Praia todo mundo ia. Famosa pelas missas ficava aos pés de uma ladeira povoada pelas prostitutas. Foi construída toda em mármore vindo de Portugal. No seu entorno muitas barracas de alimentos e bebidas. Era chuva, suor e cerveja. Muita. E tinha uma roda gigante. Era noite. Convidei uma recém conhecida estudante de sociologia ou filosofia a subir comigo na roda gigante. Em plena evolução a sorrir peguei na mão dela. Ali começou o namoro. Agradeço até hoje a quem me apresentou a distinta. Ela era muito esquerdista para meu gosto. Dava muitas risadas quando eu optava por outro tipo de revolução. Depois o Forum Ruy Barbosa no Campo da Pólvora foi testemunha do nosso pudico namoro muito mal uns beijinhos e alguns amassos nos duros peitinhos. E fumava! Que horror! Mas ela tinha outra preferência e tudo terminou. Soube por um colega que por uso de antibiótico ficou totalmente surda. Anos depois de novo jogado fora por outra a vi num restaurante almoçando com filhos e só. Estava divorciada. Eu também. Mas não tive coragem de procurá-la. A dor seria demais para mim. Ou a falta de coragem. Era Iná.
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