sábado, outubro 02, 2021

Carlos Machado.

 Caros amigos,


Este é o primeiro número de poesia.net. Ao contrário do boletim Drummond: 100 anos, uma homenagem ao poeta de Itabira, poesia.net não se voltará para um escritor fixo. Será um jornal semanal de textos avulsos, com autores de qualquer período histórico, lugar ou escola literária. Poetas vivos ou mortos. Brasileiros ou estrangeiros. Barrocos ou modernistas. Pouco importa, o critério é a poesia.

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Ao lado de Manuel Bandeira (1886-1968) e Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), João Cabral de Melo Neto (1920-1999) forma a santíssima trindade da moderna poesia brasileira. Além da estatura poética, os três têm um fio que os une: Bandeira foi mestre de Drummond e este, por sua vez, também serviu de referência para Cabral.

Ao lado, "O Cão sem Plumas", poema publicado em 1950. Anterior à peça em versos Morte e Vida Severina (escrita em 1954-55), esse cão despossuído de adornos representa um dos momentos mais altos da criação cabralina.

O cão desemplumado é a metáfora de Cabral para o rio Capibaribe e sua cinzenta convivência com os homens-caranguejos, que também são cães sem plumas. "Difícil é saber/ se aquele homem/ já não está/ mais aquém do homem". 

Poema soberbo, "O Cão sem Plumas" é a descrição das condições subumanas nas palafitas e mocambos do Recife. A dicção é dura, como convém ao tema, mas nunca resvala para o panfleto. “Só mesmo um grande artista poderia assumir ecos de um discurso social sem ser panfletário, romântico ou esteticista”, escreve o colunista Daniel Piza (Gazeta Mercantil, 18/10/1999).

No boletim, foram mostrados apenas três trechos do poema. Aqui na web, como não há problema de espaço, "O Cão sem Plumas" aparece na íntegra.

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Devo este arranjo geométrico de cores no boletim, meio à la Mondrian, à gentileza da web designer Renata Verdasca. O que eu passei dias tentando encontrar ela resolveu em menos de 5 minutos. A ela meu agradecimento. Ah, se vocês acharem horrível a barra de título, não pensem nela: foi a única coisa que eu fiz — ou seja, adaptei — no aspecto gráfico desta página.


Carlos Machado

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