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sexta-feira, agosto 13, 2021

ESPELHO. Sylvia Plath. 81

 

Sylvia Plath

 

 

ESPELHO

       Tradução: Rodrigo Garcia Lopes e Maurício A. Mendonça

Sou prateado e exato. Não tenho preconceitos.
Tudo o que vejo engulo no mesmo momento
Do jeito que é, sem manchas de amor ou desprezo.
Não sou cruel, apenas verdadeiro —
O olho de um pequeno deus, com quatro cantos.
O tempo todo medito do outro lado da parede.
Cor-de-rosa, malhada. Há tanto tempo olho para ele
Que acho que faz parte do meu coração. Mas ele
                                                   [ falha.
Escuridão e faces nos separam mais e mais.

        
Sou um lago, agora. Uma mulher se debruça
                                                   [ sobre mim,
Buscando em minhas margens sua imagem
                                                   [ verdadeira.
Então olha aquelas mentirosas, as velas ou a lua.
Vejo suas costas, e a reflito fielmente.
Me retribui com lágrimas e acenos.
Sou importante para ela. Ela vai e vem.
A cada manhã seu rosto repõe a escuridão.
Ela afogou uma menina em mim, e em mim uma velha
Emerge em sua direção, dia a dia, como um
                                                   [ peixe terrível.

 

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