Digite uma só palavra no espaço em branco acima

terça-feira, agosto 17, 2021

DESENCANTO. Manuel Bandeira. 239

 

Manuel Bandeira

 

 

DESENCANTO


Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.

— Eu faço versos como quem morre.

Nenhum comentário:

Postar um comentário