segunda-feira, abril 05, 2021

CANÇÃO DE MIM MESMO. Walt Whitman

 

Walt Whitman

 


CANÇÃO DE MIM MESMO

EU CELEBRO a mim mesmo,
E o que eu assumo você vai assumir,
Pois cada átomo que pertence a mim pertence a
                                    [ você.

Vadio e convido minha alma,
Me deito e vadio à vontade .... observando uma
                            [ lâmina de grama do verão.

Casas e quartos se enchem de perfumes .... as
        [ estantes estão entulhadas de perfumes,
Respiro o aroma eu mesmo, e gosto e o
        [ reconheço,
Sua destilação poderia me intoxicar também,
        [ mas não deixo.

A atmosfera não é nenhum perfume .... não tem
        [ gosto de destilação .... é inodoro,
É pra minha boca apenas e pra sempre .... estou
        [ apaixonado por ela,
Vou até a margem junto à mata sem disfarces e
        [ pelado,
Louco pra que ela faça contato comigo.

A fumaça de minha própria respiração,
Ecos, ondulações, zunzuns e sussurros .... raiz
[ de amaranto, fio de seda, forquilha e videira,
Minha respiração minha inspiração .... a batida
    [ do meu coração .... passagem de sangue e
    [ ar por meus pulmões,
O aroma das folhas verdes e das folhas secas,
    [ da praia e das rochas marinhas de cores
    [ escuras, e do feno na tulha,
O som das palavras bafejadas por minha voz ....
    [ palavras disparadas nos redemoinhos do
    [ vento,
Uns beijos de leve .... alguns agarros .... o
    [ afago dos braços,
Jogo de luz e sombra nas árvores enquanto
    [ oscilam seus galhos sutis,
Delícia de estar só ou no agito das ruas, ou pelos
    [ campos e encostas de colina,
Sensação de bem-estar .... apito do meio-dia
    [ .... a canção de mim mesmo se erguendo
    [ da cama e cruzando com o sol.

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