A SOBREMESA
Charles Fonseca
Era 1965. Frente ao Hospital olhava a colega estudante de franjinha e face avermelhada. Gente fina, achava. Filha de pai importante na política local, nem me aproximava.
Era 2004. Reencontrei a distinta. Um suco a beira-mar. Um convite para o jantar em seu apartamento. Um vinho tinto. Olhos nos olhos. A sobremesa. Aquele abraço apertado e nós silentes. Desataram-se os nós. A alcova. Casamento à vista.
- Foi bom?
- Que é que você acha?
E a acha a vibrar. E ela a corresponder.
Um almoço. A informação de bodas à vista. Nunca mais a vi. Saudade da sobremesa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário