sábado, março 13, 2021

VICENTE CELESTINO . SAUDADE 1960


Saudade, palavra doce E traz-nos tanto amargor Saudade é como se fosse Espinho cheirando a flor É uma palavra breve Mas tão longa de sentir E a gente que a escreve Sem a saber traduzir Um desejo de estar perto De quem longe está de nós Um ai que não sei ao certo Se é um suspiro ou se é uma voz Um sorriso de tristeza Um soluço de alegria Suplício da incerteza Esperança que alivia Saudade é suspiro, é ânsia Vontade da gente ver A quem nos vê à distância Com olhos de bem querer A saudade é calculada Por algarismos também Distância multiplicada Pelo fator querer bem Saudade é tristeza, é tédio Que enche os olhos de ardor Saudade, dor que é remédio Remédio que aumenta a dor A palavra é bem pequena Mas diz tanto de uma vez Por ela valeu a pena Inventar-se o português

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