terça-feira, dezembro 08, 2020

Como fraudar. Ironia.

“DICAS importantes para FRAUDAR seu Curriculum ”. ......................... (1) O Brasil é um país tão interessante que até os mecanismos para evitar fraudes são fraudados. A NASA deveria vir pesquisar isso aqui. Lidando com concursos há muito tempo, consegui identificar os vários mecanismos abaixo. (2) No início do seu curso de Graduação ou Pós, associe-se a umas 20 pessoas. Assim você faz um trabalho, coloca o nome de mais 19 pessoas, e eles fazem o mesmo com você. No final, você faz um trabalho mas é como se fizesse 20. Você nem sabe do que se trata os outros 19, você nem gosta da área ( você quer psiquiatria mas o trabalho feito pelo colega é de cirurgia plástica ) mas não se preocupe, ninguém vai te perguntar sobre isso. (3) Coloque que você “foi membro da Liga Acadêmica X”, “secretário do evento Y”, “organizador da Jornada Z”. Acredite que nenhum examinador irá checar com os comprovantes se isso que você declarou tem ou não base documental. Geralmente cola. (4) Assuma Ligas, crie Ligas, só para constar seu nome na diretoria. Não precisa colocá-las para funcionar, elas podem ser “fakes” e morrer depois de duas semanas. Ninguém vai saber que elas morreram. (3) Como tudo no Brasil, utilize-se de “meios politiqueiros” para chegar à liderança de alguma Liga. Não precisa ter mérito acadêmico, interesse científico, genuíno gosto pelo conhecimento ou pela prática científica médica; basta conversar muito, freqüentar mesas de bar, ser sociável em eventos esportivos , festinhas, bandas, viagens, etc. Ou seja, basta ser “socialite” para conseguir a presidência ou direção de muitas Ligas. (4)Pegue um único trabalho seu, intitulado ABCD e o apresente em vários eventos diferentes, com nomes diferentes, BACD, CDAB, DCAB, etc. (5) Vá num só evento, por exemplo, o XII Congresso Brasileiro de Caixa-Prego e apresente lá 15 posters de uma só vez. Encha seu curriculum com isso, como se fosse uma produção consistente, abundante, mantida, por vários anos. (6) Se você tiver sorte, sua Faculdade facilita as coisas para você ( quer melhorar nas coxas o curriculum de seus egressos ), faz , todo ano, eventos nas “coxas” para que você publique lá trabalhos que você escreveu à mão numa folha de guardanapo, retirando suas fontes de um livro de Clínica Médica de 1976. (7) Procure em sua Faculdade algum professor escalado, estimulado, ou até mesmo pago por ela para publicar feito doido, cem trabalhos por ano, colocando o nome de todo mundo, geralmente numa revista da própria Faculdade, da qual ele mesmo é o Editor. Mais uma iniciativa caritativa que a Faculdade faz para melhorar , turbinar, o curriculum de seus alunos. (8) Para cumprir a missão explicitada no item “7”, muitas Faculdades criam seus órgãos de publicação, exatamente com essa única finalidade : turbinar artificialmente a produção de algo que se chama de “ciência”. (9) Se inscreva no máximo de Congressos Online que você puder, muitos são feitos exatamente para te fornecer o papel que você precisa. Os chamados “e-posters” ( posters eletrônicos ) têm, geralmente, a mesma função : turbinar artificialmente o curriculum de quem não tem o menor interesse/produção em Ciência. (10) Pegue um mesmo tema de pesquisa no início do seu curso e vá mudando um palitinho minúsculo aqui outro palitinho minúsculo ali. Cada palitinho é um novo artigo/pôster/apresentação em um novo Congresso. (11) Se inscreva feito doido em Congressos pelo Brasil afora, sobretudo em cidades turísticas. Vá no primeiro dia ( fazer a inscrição ) e no último, pegar o Certificado. No meio tempo, aproveite a vida. (12) Não precisa se preocupar com originalidade : compile, compile, compile, eles aceitam tudo. Tudo isso vira, nas suas mãos habilidosas, uma “revisão”, ou mais chique ainda, uma “metanálise”. Pegue um livro de 2.000 páginas sobre epilepsia, escolha lá um tema relativamente esotérico/raro/palavras difíceis ( p.ex. Afasia-Epilepsia de Landau-Kleffner ), ache um paciente que se encaixe “mais ou menos” naquilo ( não precisa ter nada de original, só o nome difícil mesmo ) , e faça um “relato de caso clínico”. É batata !! - você consegue, eles aceitam como se fosse “ciência”, como se fosse original. (13) Colocar referências bibliográficas é muito fácil, papel aceita tudo, não precisa ler os trabalhos citados. Pegue um trabalho e copie as referências dele, como se você as tivesse, de fato, lido. (14) Para publicar com facilidade seu trabalho apresentado em Gongresso, Poster, etc, o Brasil , como sempre, também facilita tudo : vários Congressos, simpósios, jornadas, etc, geram “revistas”, geram “publicações”, “artigos”, ou então utilizam-se de revistas já consolidadas para publicarem seus Anais. Assim seus pôsters terão status de “trabalhos publicados”, sem revisão, sem referee, sem peer-review, sem crítica, sem qualidade, sem originalidade. Fácil, não ? (15) Se mesmo assim estiver difícil, procure revistas “científicas” online que cobram para publicar seus artigos, existem ao montes. Há hoje uma indústria disso. (16) Há sempre o recurso de pagar pra alguém fazer isso pra você. Produzir seu material. Perto de toda Faculdade, inclusive da sua, há anúncios espalhados, até em Outdoor : “fazemos trabalhos”, conclusão de curso, mestrado, até doutorado. (17) Tudo isso é muito facilitado pra você, porque geralmente as análises de curriculum não são feitas de modo qualitativo e profundo, só funcionam só na base da burocracia e do check-list/pontuação. Colocam máquinas-de-fazer-bauru para corrigir isso, então , na maioria das vezes, “passa tudo”. Tipo assim, “presidência de Liga”, 10 pontos, apresentação de trabalho 10 pontos, etc. (18) Se quiser, entre em contato comigo para pagar “royalties” por tão importantes orientações. Para quem não entendeu, TODO a artigo acima é fake e irônico. Meu amigo, jogue a escada fora depois de subir no muro.... MCF

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