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terça-feira, dezembro 31, 2019

ESTRATÉGIA Nº 2.

ESTRATÉGIA Nº 2

A segunda estratégia também fora elucidada por Aristóteles em seu "Tópicos" (1, 13), e trata-se da HOMONÍMIA. Em um signo linguístico, temos o significado, ou seja, a ideia em si, e o significante, ou sua imagem acústica. A junção de ambos compõe o signo linguístico, ou seja, há a ideia e a vocalização da palavra que se juntam de forma arbitrária. Em outras palavras, uma palavra uma vez designando uma ideia, ficará "grudada" eternamente. Uma vez compreendido isso, fica muito mais fácil compreender a estratégia nº 2. Enquanto em sinônimos temos significantes diferentes com o mesmo significado, em homônimos temos significantes idênticos com diferentes significados. Comumente é usada a homonímia para desviar a atenção de algo específico, ampliando sobremaneira o alcance do conceito, que pode ter algo a ver ou simplesmente nada a ver, com o conceito original, para em seguida refutar esse alcance de forma bem agressiva, transmitindo assim a ideia de que refutamos o conceito original. Em outras palavras, usam a mesma palavra, mas refutam o conceito diferente, passando assim a ideia de terem conseguido destruir o argumento do conceito original. Peguemos como exemplo a noção de preconceito defendida por Dalrymple. Há um livro do mesmo onde este defende a ideia de que o preconceito é necessário, dado que o mesmo fornece dados para a relação com a realidade. O mesmo refuta claramente o uso do preconceito de forma destrutiva, como no caso de racismo, por exemplo, mas se apega a uma noção de um instrumento para relação com o mundo. Infelizmente o signo "preconceito" fora associado sempre a um significado pejorativo, e defender o preconceito, mesmo que seja com o outro significado, é tarefa hercúlea, e provavelmente, se tal debate ocorrer, o outro lado usará a homonímia para tentar fazer sua desconstrução. Vamos ficando atentos. Até a próxima estratégia.

André Marroig

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