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domingo, novembro 03, 2019

Art. 7 — Se Deus é absolutamente simples.

Art. 7 — Se Deus é absolutamente simples.
(I Sent., dist. 8, q. 4, a. 1; Cont. Gent. I, 16, 18; De Pot., q. 7, a. 1; Compend. Theol., c. 9; Opusc. XXXVII,
de Quattuor Oppos., c. 4; De Caus., lect. 21)
O sétimo discute-se assim. — Parece que Deus não é absolutamente simples.
1. — Pois, como o que provém de Deus o imita, do ser primeiro procedem todos os outros e, do bem
primeiro, todos os bens. Ora, dos seres provenientes de Deus nenhum é absolutamente simples. Logo,
também não o é Deus.
2. Demais. — Tudo o que há de melhor deve ser atribuído a Deus. Ora, para nós, o composto é melhor
que o simples; assim, os corpos mistos são melhores que os elementos e estes, que as suas partes. Logo,
não devemos dizer que Deus é absolutamente simples.
Mas, em contrário, como diz Agostinho, Deus é verdadeira e sumamente simples.
SOLUÇÃO. — De muitos modos podemos provar que Deus é absolutamente simples. Primeiro, pelo que
já dissemos. Pois, não havendo em Deus composição de partes quantitativas, por não ser corpo, nem de
forma e matéria; nem havendo nele, diferença entre a natureza e o suposto; nem composição de
gêneros e diferenças; nem de sujeito e acidentes, é claro que Deus de nenhum modo é composto, mas
absolutamente simples. Segundo, porque todo composto é posterior aos seus componentes, dos quais
depende. Ora, Deus é o ser primeiro, como já demonstramos. Terceiro, porque todo composto terá
causa; pois, coisas entre si diversas não se reduzem à unidade, senão por um princípio que as unifique.
Ora, Deus não tem causa, como já demonstramos, por ser a causa eficiente primeira. Quarto, em todo
composto deve haver potência e ato, que não existem em Deus; pois das partes, uma haveria de ser ato
da outra, ou, pelo menos, todas seriam como que potências em relação ao todo. Quinto, porque
nenhum composto se identifica com qualquer das suas partes, como manifestamente se dá num todo
de partes dessemelhantes. Assim, nenhuma das suas partes é o homem, como não é o pé nenhuma das
partes deste. Quanto a um todo de partes dessemelhantes, embora algumas atribuições do todo
também o sejam das partes — p. ex., qualquer parte do ar ou da água é ar ou água — contudo há
atribuições do todo que não convêm às partes — p. ex., por ter uma quantidade de água dois côvados,
não há de tê-los também cada uma das suas partes. Logo, todo composto tem alguma coisa que dele
difere. E embora se possa dizer que também no ser que tem forma há algo que dele difere, p. ex., no
branco há algo que lhe não pertence à essência — contudo nada há na forma mesma que lhe seja
alheio. Por onde, sendo Deus a forma pura, ou antes o ser em si mesmo, de nenhum modo pode ser
composto. E a esta razão alude Hilário quando diz: Deus, sendo o poder, não tem fraquezas; nem sendo
luz, consta de trevas.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — Os seres provenientes de Deus o imitam, como os seres
causados imitam a causa primeira. Pois, da natureza do causado é, de certo modo, ser composto,
porque o seu ser é, pelo menos, diverso da sua quididade, como a seguir se verá.
RESPOSTA À SEGUNDA. — Para nós, os seres compostos são melhores que os simples, porque a
perfeição da bondade da criatura não se encontra no simples, mas no múltiplo. Ao contrário, a perfeição
da divina bondade está na simplicidade, como a seguir se verá.



Suma Teológica.

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