É incrível a insuportabilidade diante do poder pátrio e a incapacidade de se aceitar uma relação assimétrica. Perdoem-me. Serei mais específico. O desamparo humano e a necessidade de ter de se submeter a um saber externo, como o de um médico, para alguns, é insuportável. O médico é cada vez mais odiado na sociedade (devo salientar que não por todos), principalmente quando ele não entrega (e normalmente não consegue) o objeto desejado inconscientemente pelo seu paciente. Ali, quando isso acontece (e é algo bem rotineiro), mesmo que ele tenha feito muita coisa pelo paciente, o mesmo é lançado a uma posição de ódio, onde todo o ganho é reduzido a nada (já que este ganho não se trata do verdadeiro desejo inconsciente). Um dos sintomas disso é a proliferação de terapias que não servem para nada, e que nada apresentam de evidências científicas. Christopher Bollas já nos mostrara que a maioria dessas "terapias", não aleatoriamente, possuem o toque ou a imposição de mãos como elementos presentes. Ao histérico que repulsa sua sexualidade genitalizada em prol de uma sexualidade infantil, difusa e superficialmente direcionada, o toque carinhoso assume o lugar da cópula proibida com as figuras parentais, saciando temporariamente a sede. Assim, juram plenamente efeitos miraculosos dos "toques" impostos, em um conluio histérico que, como nos advertia Freud, somente perpetua o sintoma, mesmo que mascarado em um primeiro momento. Vindo para o trabalho hoje, vi uma nova "clínica" em meu percurso, e a mesma oferecia "cosmoterapia". Mais um templo à perpetuação da histeria.
André Marroig
sexta-feira, agosto 16, 2019
A cosmoterapia. André Marroig.
Marcadores:Charles Fonseca,....Charles Fonseca,
André Marroig,
Medicina,
Psicanálise
Escreva para o meu e-mail: silvafonseca@gmail.com
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário