segunda-feira, julho 01, 2019

DEDOS. Ronaldo Costa Fernandes. Poesia.

DEDOS
Ronaldo Costa Fernandes

Meus dedos têm desertos.
Há areia fina na minha vontade.
Meus dedos são hipótese
como gaiola vazia.
Não têm tato,
só conhecem o tagarelar dos acenos.

Meus dedos demoram a pensar.
Têm memória curta.
Têm a surpresa do estalo,
mas não regulam bem,
cada qual em seu drama:
a polegada de vida medida,
o fura-bolo do desatino,
o maior-de-todos os descompassos,
seu-vizinho do medo de viver
e a vida mindinha que se leva.


Ronaldo Costa Fernandes




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