PERCURSO DA AUSÊNCIA
Gilberto Nable
III
Para Abgar Renault
Vejo-o ali,
frente ao muro escuro,
onde nascem escorpiões
e andorinhas.
Está ali,
descalço na rua luminosa,
sob o céu claro da infância.
Mas não sou eu.
Esse menino é um outro:
conhece trilhas, passarinhos,
e viu montanhas e lírios vermelhos.
(Nos ninhos de pedra,
as andorinhas sonham
com meninos distantes,
e doces libélulas.)
Arquivo cruel é a memória,
e nela estamos presos
como numa armadilha;
a ver por detrás das vidraças,
embaçadas pelo hálito,
as mesmas, eternas andorinhas,
mortas há trinta anos.
sábado, março 09, 2019
PERCURSO DA AUSÊNCIA. Gilberto Nable.Poesia.
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