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terça-feira, julho 10, 2018

Para a alma pura de minha irmã Henriette. Ernest Renan.

Para a alma pura de minha irmã Henriette.
Ernest Renan

Lá no seio de Deus onde repousas, recordas-te ainda daqueles largos dias, onde eu, só contigo, escrevia estas páginas inspiradas pelos lugares que tínhamos visitado juntos?

Silenciosa ao meu lado, ias lendo e copiando logo cada folha, enquanto se desdobravam abaixo de nós o mar e as aldeias, as quebradas e as montanhas.

Disseste-me um dia que havias de querer muito a este livro, não só porque nele te revias, mas também, e especialmente, porque fora elaborado contigo.

Receavas, por vezes, que os juízos estreitos do homem frívolo pesassem sobre ele. Mas nunca deixaste de crer que as almas verdadeiramente religiosas o haveriam de apreciar.

No meio de tão gratas meditações, veio cobrir-nos a asa da morte. Na mesma hora, nos envolveu o sono da febre. Eu despertei, mas estava só!

Tu dormes, ao pé das sagradas águas onde vinham juntar suas lágrimas as mulheres dos mistérios da Antiguidade.

A mim, a quem tanto querias, revela, Espírito amigo, as verdades que dominam a morte, que impedem que o homem a tema e que quase fazem que a deseje.

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