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sábado, julho 28, 2018

OS PEIXES. Marianne Moore. Poesia.

OS PEIXES
Marianne Moore



vade-

ando negro jade.

Das conchas azul-corvo um marisco

só ajeita os montes de cisco;

no que vai se abrindo e fechando



é que

nem ferido leque.

Os crustáceos que incrustam o flanco

da onda ali não encontram canto,

porque as setas submersas do



sol,

vidro em fibras sol-

vidas, passam por dentro das gretas

com farolete ligeireza —

iluminando de vez em



vez

o oceano turquês

de corpos. A correnteza crava

na quina férrea da fraga

uma cunha de ferro; e estrelas,



grãos

de arroz róseos, mães-

d'água tintas, siris que nem lírios

verdes e fungos submarinos

vão deslizando uns sobre os outros.



As

marcas externas

de mau-trato estão todas presentes

neste edifício resistente —

todo resquício material



de a-

cidente — ausência

de cornija, machadadas, queima e

sulcos de dinamite — teima em

ressaltar; já não é o que era



cova.

Repetida prova

demonstrou que ele pode viver

do que não pode reviver

seu viço. O mar nele envelhece.

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