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terça-feira, maio 23, 2017

Delacroix. Pintura

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Delacroix, o dândi do romantismo

Colaboração para Folha Online

Artista famoso pela intensidade de suas cores e por experimentos que o levaram a revolucionar a maneira de trabalhar os tons, Eugène Delacroix é o mais conhecido representante do estilo romântico na pintura. As cenas de paixão, violência e sensualidade, aliadas ao colorido das vestes e paisagens, fizeram a fama desse pintor da nobreza, nascido Ferdinand-Victor Eugène Delacroix a 26 de abril de 1798, no subúrbio parisiense de Saint-Maurice.

Seu pai, um membro do governo que havia votado a favor da execução de Luís 16, em 1793, morreu quando Delacroix tinha sete anos. O então pequeno Eugène vivia em Bordeaux, e alguns meses mais tarde retornaria a Paris com a família. Sua mãe morreu em 1814, restando-lhe viver com a irmã, Henriette. Um ano depois, inscreve-se como aprendiz no estúdio de Pierre-Narcisse Guérin, famoso pintor e professor de sua época. Tinha início uma produção artística que só teria fim com sua morte, 48 anos depois.

Delacroix ingressa na Escola de Belas Artes de Paris, e é ali que conhece Theódore Géricault, um jovem pintor que lhe seria de grande influência por sua dramaticidade e maneira inovadora de usar as cores. Diferentemente dos artistas mais clássicos e acadêmicos, Géricault inspira Delacroix a inovar tanto na composição quanto na escolha de temas mais políticos e atuais para suas telas.

Artista culto e bem-relacionado, Delacroix era também um homem elegante e espirituoso, apesar de demonstrar, por vezes, um temperamento explosivo. Foi amigo do casal Chopin e George Sand, e bastante influenciado pelos trabalhos intensos e dramáticos de Rubens, pelas paisagens do inglês John Constable e pelos poemas de Lord Byron, cujos temas transportou para diversos trabalhos. Sua obra mais famosa, "A Liberdade Guiando o Povo" (1831), foi um sucesso por prestar glórias à democracia e à revolução que, um ano antes, levara Luís Felipe ao poder. A obra foi imediatamente adquirida pelo governo pela quantia de 6.000 francos, bastante alta na época.

A viagem de quase seis meses à Espanha, Marrocos e Argélia, em 1832, seria importantíssima na trajetória do artista, que a partir daí passou a retratar temas e episódios do Oriente Médio. As cores se intensificaram e mostravam-se mais vibrantes. Delacroix passa a realizar trabalhos de grande escala em prédios públicos e igrejas, pintando murais e painéis. O Salão do Rei e a biblioteca do Palácio Bourbon, além da biblioteca do Palácio de Luxemburgo ostentam, até hoje, obras de grandes dimensões realizadas por ele.

Tendo participado diversas vezes do Salão de Paris e premiado com a Grande Medalha de Honra e a comenda da Legião de Honra, foi eleito, ainda, membro da Academia de Belas Artes de Paris. Até um ministério Delacroix assumiu após a revolução de 1830. Tantas honrarias, porém, não impediram que o artista passasse seus últimos anos de vida recluso em seu estúdio em Paris, sem filhos ou muitos amigos. Suas crises de laringite, que lhe afligiram durante grande parte da vida, foram a causa de sua morte, aos 65 anos.

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