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terça-feira, fevereiro 02, 2016

Comentário de Beato John Henry Newman

«De repente, entrará no seu Templo o Senhor que vós procurais» (Mal 3,1). Hoje é-nos recordada a acção silenciosa da Providência de Deus. Acontecimentos que tinham sido previstos há muito inserem-se tranquilamente no curso do tempo; as visitas do Senhor permanecem simultaneamente repentinas e misteriosas. […]

Nesta cena, não há verdadeiramente nada de extraordinário nem de impressionante; no mundo, pessoas como os pais desta criança, que eram pessoas pobres, e dois velhos como estes são olhados sem grande interesse e passa-se à frente. Contudo, o que temos aqui é a realização solene de uma profecia antiga e prodigiosa. […] A criança que se toma nos braços é o Salvador do mundo, o autêntico herdeiro que vem, sob a aparência de um desconhecido, visitar a sua própria casa. O profeta tinha dito: «Quem poderá suportar o dia da sua vinda?» (Mal 3,2); ei-Lo que vem para tomar posse da sua herança.

Por sua vez, o velho Simeão está repleto dos dons do Espírito: alegria, acção de graças, e esperança, misteriosamente combinadas com o temor, o susto e a dor. Também Ana se torna profetisa, e as testemunhas a quem se dirige são o autêntico Israel que espera com fé a redenção do mundo, de acordo com a promessa. «A glória que virá desse Templo ultrapassará a do antigo», tinha anunciado outro profeta (Ag 2,9). Ei-la agora, essa glória: um menino com seus pais, dois velhos e uma assembleia sem nome e sem futuro. «A vinda do Reino não se deixa ver» (Lc 17,20).

Tal foi sempre a maneira de Deus fazer as suas visitas […]: o silêncio, o inesperado, a surpresa aos olhos do mundo, apesar das previsões conhecidas de todos, cujo sentido a Igreja verdadeira apreende e cujo cumprimento espera. […] Não pode ser de outra forma. Os avisos de Deus são claros, mas o mundo continua o seu curso; envolvidos pelas suas actividades, os homens não sabem discernir o sentido da história. Tomam grandes acontecimentos por factos sem importância e medem o valor das realidades segundo uma perspectiva apenas humana. […] O mundo permanece cego, mas a Providência oculta de Deus realiza-se dia após dia.

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