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sábado, janeiro 02, 2016

Lava Jato: só falta o livro de colorir. Guilherme Fiuza

Lava Jato: só falta o livro de colorir
Os criminosos procurados, investigados e presos fazem parte do grupo que governa o Brasil
Guilherme Fiuza

O bordão que sobrou ao PT é este: “As instituições estão funcionando”. Quer dizer com isso que não há razão para o impeachment. Quando declaram que as instituições estão funcionando, os companheiros estão aludindo, naturalmente, à Operação Lava Jato – cujo trabalho suas excelências petistas fazem o favor de permitir. Vamos então à correção. A mais alta instituição nacional não está funcionando, não: o governo federal está virtual­mente parado. E o que constrange seu funcionamento é justamente o trabalho da polícia – porque, coincidentemente, os criminosos investigados, procurados e presos fazem parte do grupo que governa o Brasil. E o gigante dorme com um barulho desses.

O empresário José Carlos Bumlai foi preso na Operação Passe Livre, mais uma etapa da Lava Jato. Passe Livre é o que o pecuarista tinha no reinado de Lula, com trânsito liberado dentro do Palácio. Esse homem, que o ex-­presidente classifica como “amigo de aniversários”, está na cadeia por ter recebido um empréstimo suspeito de R$ 12 milhões de outro “amigo” que acabou ganhando um contrato de R$ 1,6 bilhão com a Petrobras. Uma incrível rede de coincidências em torno de Lula. Detalhe: a investigação aponta que o suposto empréstimo foi “pago” com um contrato falso de venda de embriões de gado – isto é, foi embolsado. Segundo Salim Schahin, acionista do grupo que fez o “empréstimo”, foi embolsado pelo caixa de campanha de Lula.

O gigante não acordou com esse estrondo, e na manhã seguinte veio outro maior ainda: o líder do governo Dilma no Senado foi preso pela Lava Jato. O petista Delcídio do Amaral é o primeiro parlamentar na história da República preso em pleno exercício do mandato. Vamos repetir no ouvido do gigante: não é um dos 81 senadores, é o líder do governo Dilma. Pois bem: o líder do governo Dilma teve sua prisão decretada porque estava tentando comprar o silêncio de Nestor Cerveró, o ex-diretor da Petrobras que operou a compra escandalosa da refinaria de Pasadena sob a presidência de Dilma Rousseff no Conselho de Administração da estatal. Cerveró é um dos pivôs do petrolão, e o senador Delcídio do Amaral foi flagrado em gravação oferecendo a ele plano de fuga do país com tudo pago, mais mesada de R$ 50 mil a sua família. O líder de Dilma não queria de jeito nenhum que o réu falasse. Queria sumir com ele.

Além de liderar Dilma no Senado, Delcídio é liderado por Lula. Teria um encontro com o ex-presidente no dia seguinte, para atualizá-lo sobre o andamento da Lava Jato. Se a Polícia Federal executasse o mandado de prisão obtido pelo juiz Sergio Moro 24 horas depois, poderia ter encontrado o senador conversando com Lula sobre as coisas que Cerveró não pode falar de jeito nenhum.

Delcídio representa Dilma, que representa Lula, que lidera todos eles e mais um punhado de gente presa no mensalão e no petrolão – com destaque para Dirceu, Delúbio e Vaccari, pivôs de cirandas milionárias com dinheiro público sempre aterrissando nos cofres partidários, com o préstimo de despachantes amigos que entravam sem bater, como Valério, Youssef, Bumlai e grande elenco. Bumlai levou o presidente da empresa Sete Brasil para conversar com o ex-presidente Lula, a pedido do operador do petrolão Fernando Baiano. O amigo de Lula disse que nem prestou atenção à conversa e ficou folheando um livro do Corinthians. Depois recebeu R$ 1,5 milhão de Baiano (num suposto empréstimo que não sabe dizer por que foi feito, nem se foi pago).

A Sete Brasil foi para o centro do escândalo do petrolão e um de seus sócios, o banqueiro André Esteves, foi preso na mesma leva do líder de Dilma. Segundo a Polícia Federal, Esteves também estava na “operação cala a boca, Cerveró”. Esse entra e sai na sala de Lula está sendo mostrado em detalhes ao gigante, que até acorda com o falatório e as gargalhadas, mas vai direto folhear o livro do Corinthians. Talvez ele se interesse por um livro de colorir da Lava Jato.

O PT não pode continuar governando o Brasil porque está no poder com um projeto de sucção – já exaustivamente demonstrado. Não se trata de ranger dentes ou odiar ninguém, nem de guerra ideológica. O país precisa apenas se mancar e levar o Congresso ao processo político que o salvará do assalto.

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