Ao criar a humanidade, o homem e a mulher, Deus disse-lhes: «Sede fecundos e multiplicai-vos; ocupai a terra e submetei-a» (Gn 1,28). Esse foi, por assim dizer, o primeiro mandamento de Deus, ligado à própria ordem da criação. Desta forma, o trabalho humano corresponde à vontade de Deus. Quando dizemos: «Seja feita a vossa vontade», aproximamos estas palavras do trabalho que preenche todos os dias da nossa vida. Damo-nos conta de que nos conformamos a esta vontade do Criador quando o nosso trabalho e as relações humanas que ele implica estão impregnados dos valores da iniciativa, da coragem, da confiança, da solidariedade, que são outros tantos reflexos da semelhança divina em nós. […]
O Criador investiu o homem do poder de dominar a terra; pede-lhe assim que controle, pelo seu próprio trabalho, o domínio que lhe confia, que active todas as suas capacidades para chegar ao feliz desenvolvimento da sua própria personalidade e de toda a comunidade. Pelo trabalho, o homem obedece a Deus e responde à sua confiança. Tal não se afasta daquele pedido do Pai Nosso: «Venha a nós o vosso Reino». O homem age para que o plano de Deus se realize, consciente de ter sido feito à semelhança de Deus e, portanto, de dele ter recebido a força, a inteligência, as aptidões para realizar uma comunidade de vida pelo amor desinteressado que tem pelos seus irmãos. Tudo o que é positivo e bom na vida do homem completa-se e atinge o seu verdadeiro objectivo no Reino de Deus.
Escolhestes bem a vossa palavra de ordem: «Reino de Deus, vida do homem», porque a causa de Deus e a causa do homem estão ligadas uma à outra; o mundo progride para o Reino de Deus graças aos dons de Deus, que permitem o dinamismo do homem. Por outras palavras, rezar para que venha o Reino de Deus é orientar todo o nosso ser para a realidade que é o fim último do trabalho humano.
quarta-feira, novembro 18, 2015
Comentário de São João Paulo II
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