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terça-feira, junho 16, 2015

As muralhas da noite. João Maimona. Poesia

AS MURALHAS DA NOITE
João Maimona

A mão ia para as costas da madrugada.

As mulheres estendiam as janelas da alegria

nos ouvidos onde não se apagavam as alegrias.


Entre os dentes do mar acendiam-se braços.


Os dias namoravam sob a barca do espelho.

Havia uma chuva de barcos enquanto o dia tossia.

E da chuva de barcos chegavam colchões,

camas, cadeiras, manadas de estradas perdidas

onde cantavam soldados de capacetes

por pintar no coração da meia-noite.


Eram os barcos que guardavam as muralhas

da noite que a mão ouvia nas costas

da madrugada entre os dentes do mar.

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