ANÁLISE PSIQUIÁTRICA DO QUE PODE ACONTECER DENTRO DE UMA CABINE DE AVIÃO.
Marcelo Caixeta. Médico psiquiatra.
Recebi, via Facebook, uma correspondência de um médico psiquiatra que está acostumado a atender aviadores. Perguntei se ele era contratado por uma empresa, disse que não. Disse que seu consultório particular é “meio-chique”, em uma grande cidade , perto de um aeroporto , e como neste bairro há muitas empresas de aviação, há muitos pilotos que moram lá, ele os atende e fica meio que “por dentro” do que ocorre em cabines de avião. Aqui vão alguns fatos que ele cita :
1/ “Tenho dois pacientes bipolares, um dos quais já teve depressão suicida. Mas ele não comunica nada à empresa, eu não posso fazê-lo por causa de sigilo profissional. Já falei para ele deixar a profissão, mas ele não ouve, diz que é o “grande sonho da vida dele” e que, por ser muito inquieto, ele não agüenta ficar parado, por isto é um tipo de “caminhoneiro de luxo”.
2/” Um piloto de helicóptero, hiperativo, eu acho que não tem condições para a profissão, a hiperatividade é muito grave, ele tem sérios déficits de atenção, as vezes não consegue atentar a todos os instrumentos, mas ele também recusa o abandono da profissão” Também diz que gosta demais da “adrenalina” da profissão.
3) Um dos meus pacientes começou a desenvolver Alzheimer, ainda na fase de transtorno cognitivo leve, mas também negou-se a aposentar. Um dia, entrou na cabine e perguntou para o co-piloto : “nossa prá que é que servem mesmo estes tantos botões aqui embaixo “? O co-piloto escandalizou-se, “dedurou-o” e ele foi afastado.
4) Dois comandantes pilotavam o avião , exatamente nas mesmas condições hierárquicas,de equipamento (tipo do avião) tempo de serviço enfim, muito iguais...e com um detalhe: muito querelantes, patologicamente exaltados, os dois, e, por incrível que pareça, por causa de uma aparente "disputa dos egos" derrubaram um avião. Incrivel mas ,vem aquela máxima, acredite se quiser,um acelerador acelerando e o outro desacelerando.
Devido a isso ,o avião fez ,no fim da pista, uma curva abrupta para um dos lados da pista.
5) Outro caso que também ouvi outros pilotos falarem : semelhante ao caso acima, só que desta vez o avião não caiu. Eram dois pilotos, os dois eram namorados um do outro, ou seja, homoafetivos. Brigaram feio por motivos passionais, pelo que falaram, com uma exaltação até anormal, um atrapalhando o comando do outro, distraindo o outro, o avião “estolou”, perdeu muita altitude, quase caíram, um susto danado.
6) O resultado foi o que foi. Com relação ao da GOL, os passageiros nem sabem como e do que morreram. Ao cruzar por baixo do TAM, o Legacy tendo as barbatanas na ponta das asa para o lado de cima,simplesmente abriu um talho de fora a fora ,no sentido transversal, seccionando TODOS os comandos hidráulicos ,como uma tesoura,como se tirassem o volante do carro.O eixo roscado ,que aciona o leme central da traseira, com a velocidade do vento , será jogado para um dos lados,fazendo o avião ter o mesmo comando ,quando um caça de guerra,vira para dar o "bote"lé de cima para o chão.Tanto é que o avião da GOL caiu de barriga para cima. Histórias que ouço dos pilotos que atendo.
Pois bem, agora eu digo. Tudo isto acima indica que estes pilotos deveriam ter psiquiatras muito bem formados, muito bem especializados, DENTRO de suas respectivas companhias aéreas, fazendo pré-admissional, screening muito periódico, avaliações, tratamentos, reuniões de grupos, colher informações com os tripulantes, etc, etc. Tudo isto mostra que coisas psiquiátricas estarrecedoras acontecem dentro de uma cabine de avião, colocando muitos sob enorme perigo. Sem psiquiatras nas empresas, os psiquiatras liberais ficam em situação muito difícil pois não podem simplesmente dedurar seus pacientes. Ficam numa situação legal, ético-profissional , muito difícil.
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Marcelo Caixeta, médico psiquiatra ( marcelofcaixeta.wix.com/marcelo ) . Artigos no Diário da Manhã ( gratuito em DM.com.br ) nas terças, sextas, domingos , seção Opinião Pública
quarta-feira, abril 08, 2015
Análise psiquiátrica do que pode acontecer dentro de uma cabine de avião. Marcelo Caixeta. Medicina
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