Pesquisar este blog

domingo, março 22, 2015

Grafito numa cadeira. Murilo Mendes. Poesia

Grafito numa cadeira
Murilo Mendes

Cadeira operada dos braços
Fundamental que nem osso


Não poltrona com pés de metal
Knoll
Ou projetada por um sub-Moholy Nagy
Com nota didascálica


Antes cadeira no duro
Cadeira de madeira
Anônima
Inânime
Unânime
Cadeira quadrúpede


Não aguardas
Nenhuma "iluminação" particular
Nem assento e clavícula de nenhuma deusa
Que te percutisse — gong —
Nem de nenhum Van Gogh
Que súbito te tornasse

Nenhum comentário:

Postar um comentário