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sábado, janeiro 17, 2015

Para quebrar o gelo, nada melhor que um latido

Para quebrar o gelo, nada melhor que um latido


Quer um conselho pra fazer amigos em Seattle? Arranje um cachorro! Compre, adote, alugue, peça emprestado, não importa. Depois de ter a companhia do melhor amigo do homem, dar a volta no quarteirão nunca mais será a mesma coisa. Cachorros são o melhor antídoto para o tal “Seattle freeze” (frieza de Seattle, numa tradução livre). Os moradores da cidade não são exatamente conhecidos por sua extroversão, mas a sisudez vai embora diante do amor pelos cãezinhos. Aquele seu vizinho que nunca lhe cumprimentou passará 20 minutos, sorriso aberto, fazendo perguntas sobre o seu bichinho. Qual a raça? Qual o nome? Qual a idade? Posso fazer um carinho? Sim, Seattle ama cachorros. Aqui, eles são parte da família. Em muitas residências, eles são “a” família. Com direito a serem levados para passear dentro de carrinhos de bebê. Ou dentro da bolsa de marca de suas donas. Ou na mochila de seus donos. No inverno, usam casaquinho. Na chuva, botinhas nas patinhas. No Halloween, saem de fantasia. Há mais cães do que crianças na cidade. Em Ballard, um dos bairros cheios de casais bem-sucedidos sem filhos, tem mais pet shop que loja de bebê. Em Capitol Hill, um dos bairros de gente moderna, o estilo do totó é extensivo ao do dono. Tem cachorro de cabelo moicano ou então todo pintado de azul. Juro. Existem comunidades inteiras construídas em torno do amor pelos bichinhos. No meu prédio, animais não só são aceitos como são muito bem-vindos. Os donos mandam fotos para o portal interno. A administração promove noites de fotos em família. Os moradores organizam passeios para que seus cachorros se conheçam. Vários dos meus vizinhos escolheram morar aqui por causa disso. Em Seattle, você pode ir a um café com temática canina, pedir comida pro seu cão num restaurante, praticar ioga na mesma sala que ele, levar o bichinho num passeio de barco e até garantir sentar lado a lado dele num voo turístico de hidroavião. Pagando-se bem por isso, é claro. Existem 45 hotéis e 150 restaurantes que aceitam cachorros, mais 11 parques em que os bichinhos podem ficar sem coleira. Fora as lojas especializadas, os salões de beleza e os serviços de passeio. Esse ramo de negócio, chamado de pet-friendly, é bem consolidado na cidade, apesar de que, oficialmente, somente os cães-guia podem ser aceitos em lugares que servem comida. As autoridades fazem vista grossa, e os gerentes agradecem. Eu já vi cachorro até dentro de supermercado. Aceitar a presença dos bichinhos significa não perder clientela. Nem o amigo.


Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/

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