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domingo, dezembro 21, 2014

POPULAÇÃO CORRE RISCO DE VIDA AO SER ATENDIDA POR MÉDICOS FORMADOS DE ACORDO COM OS CRITÉRIOS QUE O GOVERNO IMPINGE ÀS FACULDADES. Marcelo Ferreira Caixeta

POPULAÇÃO CORRE RISCO DE VIDA AO SER ATENDIDA POR MÉDICOS FORMADOS DE ACORDO COM OS CRITÉRIOS QUE O GOVERNO IMPINGE ÀS FACULDADES
Marcelo Caixeta. Psiquiatra

No meu artigo do último domingo ( 21.12.14 ), aqui no DM.com.br falei das notas baixas que o Governo deu para a medicina da PUC-GO. Neste, e noutros artigos que se seguem, irei mostrar a população como os mecanismos criados pelo próprio Governo são os responsáveis pela deterioração do ensino médico no Brasil. Para informar ao leitor(a) , que não é obrigado a aceitar o que eu digo só por estar dizendo, eu tenho um posto privilegiado de observação deste fenômeno, pois lido diariamente, o tempo todo, com médicos residentes, médicos estagiários, médicos pós-graduados, em vários hospitais, ou seja, médicos que acabaram de terminar seu curso de Medicina nos moldes propalados pelo Governo. E também convivo com alunos de Medicina o tempo todo, pois sou orientador docente de ligas estudantis de psiquiatria.
Nós vimos nesta semana que passou o Governo propalando que “deu notas ruins” para “alguns” cursos de Medicina espalhados pelo país. Só esqueceu de dizer que é ele mesmo, o Governo, o responsável por estas notas. E é muito bom lembrar aos leitores(as) que um “médico ruim” é sinônimo de morte, seja para si , seja para os entes queridos. Hoje, digo-lhes sinceramente, é algo muito perigoso adentrar um hospital, não pelo risco de morte pela doença, mas pelo risco de morte pelo médico. Só nos últimos meses vejam o que vi e ouvi : 1) médico dando gardenal na veia ( substância oleosa que pode matar na hora, só deve ser dado intramuscular); por sorte não morreu. 2) médico dizendo que saiu de uma Universidade Federal ( nota máxima do MEC ) sem saber prescrever um soro. 3) médico prestando residência para psiquiatria sem saber o que é um “neuroléptico” ( medicação antipsicótica para tratar esquizofrenia, a principal doença da especialidade ). 4) médico dando noradrenalina ( substância que “fecha as artérias” ) para paciente com angina pectoris ( doença na qual as artérias já estão fechadas e que pode caminhar para um infarto completo ). 5) médico abrindo a barriga de uma mulher de 80 anos, 35 quilos, pela segunda vez em 20 dias, para “corrigir uma hérnia interna”, coisa que poderia , e deveria, ter sido feita de modo correto por videolaparoscopia ( muitos orientaram o médico para isto, mas ele disse que sabia o que estava fazendo ). 6) médico fazendo uma cirurgia pesada destas acima e “abandonando” a paciente no pós-operatório sem a menor indicação e tratamento para a inevitável síndrome de sequestro inflamatório para o terceiro espaço, que se seguiria a toda cirurgia destas. Depois desta síndrome de sequestro, e quase sem proteína nenhuma ( outra coisa que não foi corrigida pelo médico ), a paciente morreu. 7) paciente com doença hemorrágica ( causada por lesão hepática do alcoolismo ) , que tinha um pequeno tumor sangrando no brônquio, lesão que foi escovada, raspada, biopsiada pelo médico, sem que este médico endoscopista tivesse o cuidado de pedir e verificar o menor exame da função hepática e das funções de coagulação do paciente . Resultado : hemorragia brônquica maciça, síndrome inflamatória de angústia respiratória do adulto e a inevitável UTI em estado crítico, com poucas chances de sobrevivência.
Como o leitor(a) pode ver, qualquer atitude em medicina exige uma correta formação técnica, e nós, os médicos brasileiros, temos de ter a coragem de vir a público e desmascarar os mecanismos governamentais que estão nos expondo à uma péssima formação universitária. Isto que eu relatei acima - e poderia ficar aqui o dia todo relatando mais e mais casos - não é a “culpa” de um único indivíduo, não é a “culpa” de um médico inescrupuloso, inábil; é a “culpa” de todo um sistema, e um sistema organizado, levado a cabo pelo Governo.
Vamos às raízes do problema. Cito aqui alguns depoimentos de alunos de graduação em Medicina que passaram pelo nosso serviço médico-hospitalar : a) Marcelo, quando eu estudei na Faculdade Federal de Jequié, Bahia, não tínhamos nem um cadáver para estudar, ou seja, como ter anatomia ? Nós, estudantes, fizemos até greve, mas não havia jeito. Aí ficamos surpresos por “notas boas” que o MEC dava para a nossa faculdade. Fomos atrás e “descobrimos” várias falcatruas, mecanismos de dar notas boas para faculdades públicas. Por exemplo, havia “notas favorecidas” só pelo fato da Faculdade ser nova, ter sido implantada à pouco. Ou seja, um jeito de “turbinar” a nota de uma faculdade ruim só porque ela foi implantada à pouco. B) outro aluno diz : estudei na faculdade de Medicina do oste da Bahia ( pública ) , em Vitória da Conquista, não estávamos conseguindo nem professores para dar aula. Tínhamos todo interesse, mas a faculdade simplesmente não tinha médicos para nos ensinar. C) uma aluna fala de quando estudava em Macaé, RJ : tínhamos aulas em contâiners, isso sem falar em laboratórios, cadáveres, etc. d) aluna de São João del Rey ( MG ) : inauguraram nossa faculdade sem ter salas de aula !! Ou seja, nem espaço físico nós tínhamos. E) alunos de faculdades de Medicina onde a faculdade não têm hospitais, p.ex., Araguari, Gurupi, Aparecida de Goiânia, etc, etc. Ou seja, como aprender medicina sem hospital ? É como aprender a pilotar um boeing num jogo de videogame ! f) Faculdades de Medicina pelo Brasil afora : aluno f.1 - fiz a matéria de neurologia sem ter visto um paciente, só na teoria. F.2 - aluno de hematologia : no curso todo atendemos um paciente, e ainda por cima com anemia banal . f.3 - “fiz o curso de medicina legal em duas aulas, nunca fui num IML, nunca vi um cadáver”. f.4) “tivemos cinco anos de “saúde pública”, “saúde coletiva”, só blábláblá, não tivemos uma só aula de UTI, nem passar uma reidratação venosa nós aprendemos. F.5) a faculdade X me chamou estes dias para “arrumar o ensino da psiquiatria”, que saiu muito mal em avaliações. Situação que encontrei : 5 anos de “saúde mental” ( dada por psicólogos, na base do cuspe-e-giz ) e apenas duas aulas teóricas ( duas !!) para aprender a psiquiatria inteira. F.6) outro aluno de psiquiatria : “nossa prática de psiquiatria” na faculdade inteira foi ver , uma única vez, num Caps ( centros de psicologia do Governo - só consultório ), um paciente com epilepsia e deficiência mental grave, numa cadeira de roda, que só babava, não falou uma só palavra. Nossa prática da psiquiatria se resumiu a isto”.
Quando , como “consultor”, propus medidas para estas faculdades “arrumarem esta bagunça” ( medidas que teriam como base colocar os alunos para terem práticas reais, em hospitais psiquiátricos, leitos psiquiátricos, atendendo, diagnosticando, tratando de fato, casos graves, agudos, difíceis ) , medidas para “arrumar a psiquiatria”, o que me disseram foi o seguinte : 1) uma faculdade pública: “nós seguimos as normas do MEC, que requerem muito mais “saúde mental” ( como eu disse acima ) do que propriamente psiquiatria”. 2) outra faculdade pública : “o MEC preconiza formação de médicos comunitários e não hospitalares”. 3) outra opinião de faculdade pública : “o MEC é contra o modelo “hospitalocêntrico” da Medicina ( aí eu penso “cá comigo” : deve ser por isto que , hoje, o MEC “faz questão” de aprovar faculdades de Medicina sem hospital, algumas mesmo sem um mísero consultório ). 4) uma opinião de faculdade particular ( mensalidade de 5.500 reais ), que queria que eu desse curso para 60 alunos de Medicina ( total de 330.000 reais por mês ) : “olha, Marcelo, para pagar esta estrutura que você está sugerindo, teríamos de desembolsar uns 15.000 por mês, para te pagar e para pagar um hospital psiquiátrico que serviria de campo de estágio. Não dá para fazer isto quando podemos resolver este problema pagando 1.800 reais por mês para um médico dar uma aula no ambulatório que ele toca no Governo, e , para isto, tem um punhado de médicos que estão por aí querendo ser professores, preceptores, ou porque gostam de dar aula, de ensinar, de ciência, ou porque querem arrumar clientela entre os alunos, os familiares dos alunos, ou os futuros pacientes que os alunos irão encaminhar”. 5) uma outra opinião de faculdade particular, similar à anterior : “não precisamos gastar muito com hospitais, enfermarias e parte clínica; nosso curso, como “exigido” pelo MEC, é no modelo PBL ( “aprendizagem baseada em problemas”) , ou seja, é baseado em reuniões de discussão de problemas, e ,nestas reuniões, não é necessário o paciente, não é necessário a clínica médica prática, não é necessário o hospital; quando alguém nos interpela de que “isto não é prática”, dizemos que a “reunião PBL” é prática, sim, por exemplo, um professor pode muito bem levar uma folha de eletrocardiograma, levar uma chapa de Raios - X e mostrar para os alunos”.
Vemos aí, então, como é que as “exigências do MEC” vêm muito bem a calhar para os “empresários do ensino da Medicina” : aliás, é por isto que estão proliferando como cogumelos. O “MEC facilita” e eles abrem .
Mas, o leitor(a ) pode perguntar-se : “por que o MEC facilita a abertura de cursos médicos, mesmo que a cuspe-e-giz ?”. A resposta, mais uma vez, não é simples : a ) em primeiro lugar, no caso das públicas, para dar cabides-de-emprego, para aumentar o poder e a penetração do Estado, para dar cotas e bolsas ( curral-eleitoral ), para dizer que “se preocupa com a formação dos pobres e necessitados”, para fazer bonito para a população, “propiciar que pobres e interioranos se formem em medicina”, para terem verbas para desviar ( tipo Petrobrás ), para dizerem que “vão dar assistência médica” para a população, para dizerem que fazem justiça social ao permitir que pobres cursem medicina, para dizerem que abrem cursos onde os “empresários capitalistas” não querem abrir. b ) em segundo lugar, para “fornecerem mão-de-obra para o SUS”, pois o Governo propagandeou ( e o povo engoliu ) que o Brasil tem falta de médicos, que os médicos elitistas do Brasil não querem ir para o interior, que os médicos do Brasil estão ganhando muito bem e não querem trabalhar no SUS por isto, etc. Portanto, há um nítido interesse em formar mão-de-obra barata ou mesmo escrava para o SUS. Por exemplo, além da enorme, esmagadora, quase sempre inútil, carga horária de ensino médico em postos de saúde do Governo, agora este vem de passar várias leis que obrigam, escravagisticamente, o médico e o estudante trabalharem para o SUS. Estudantes terão cargas horárias aumentadas no SUS, médicos serão obrigados a trabalharem para o SUS se quiserem ser especialistas em alguma coisa, médicos que trabalham no SUS têm “cotas” para passarem em concursos e residências, etc. O SUS é um sistema falido, todo médico consciente sabe disto, mas o Governo insiste em ressussitá-lo com retalhos de cadáveres, como um Frankenstein pedagógico. Tais “programas escravagistas governamentais” são os “retalhos de cadáveres” para dar um sopro de vida ao SUS.
Para dar “vida ao SUS”, o Governo tem de “valorizar” a “figura do médico pé-descalço”, o “médico de família”, o “médico comunitário”, o “médico humilde, simples, afetuoso”. Este é o modelo ótimo para o Estado, ótimo para o comunismo, é o modelo do “médico socialista”, um médico que, ao contrário do “médico capitalista”, não precisa de “ciência”, de “tecnologia”, de “hospital”.
Para o Governo ( e ele propala isto bem para a fraca mentalidade popular ), é importante dizer que “hospital é símbolo de capitalismo e elitismo”. Mas isto, como sempre, tem uma outra raiz oculta : o hospital é uma instituição complexíssima, talvez esteja entre as instituições humanas mais complexas. E a estrutura pública não dá conta desta complexidade, pois é um local onde ninguém não é dono de nada, onde não há chefia de fato, onde não há excelência, onde não há critérios meritocráticos. Na estrutura pública o médico, que deveria ser o efetor do sistema hospitalar, é alijado, escanteado, exatamente por ser um “representante da autoridade, da elite, da “classe”, que o socialismo quer esmagar”. Ao esmagar o médico, a estrutura pública inevitavelmente esmaga o hospital, daí o MEC hoje fazer questão de autorizar “Faculdades-de-Medicina-sem-Hospital”. Um dia, um chefe de residência médica me confidenciou : “Marcelo, depois que nossa residência de psiquiatria falou que não iria funcionar em um hospital aí o pessoal do MEC disse que iria aprovar; disseram que enquanto estivéssemos atrelados a um hospital nós não seríamos aprovados; e de fato foi isto que aconteceu, agora que não estamos ligados a nenhum hospital aí nossa residência foi aprovada” .
Então, fica bem claro o motivo pelo qual os empresários da educação estão nadando de braçada ao abrirem estes cursos caríssimos , sem despesas ou dor-de-cabeça com hospitais. Para o MEC o importante é formar um médico “des-medicalizado”, um médico que “não gosta de medicina”, um médico que “não gosta de hospital”, um médico que não “frequenta hospital”.
O problema é que quem é médico de verdade, consciente, sabedor de seus deveres, conhecimentos, responsabilidades, sabe que é impossível aprender medicina como um balconista de farmácia : “está com dor ? analgésico”, “está com cólica ? antiespasmódico”, “está com depressão? antidepressivo”. Não é assim que se aprende Medicina. Problemas de saúde banais, sobretudo no Brasil, onde não-médicos exercem a medicina ( balconistas, cubanos, farmacêuticos, cubanos, psicólogos, enfermeiros, etc ), não chegam ao médico, não sem nem assunto para o médico. No Brasil, quando chega no médico, já está grave e “lascado”. Para aprender lidar com isto, diagnosticar os sintomas, casos agudos, casos graves, ainda não inventaram nada que substitua uma estrutura hospitalar, com seu acompanhamento intensivo, vários tipos de laboratórios, propedêutica, semiologia, avaliações de beira-de-leito, a toda hora, com toda profundidade. Portanto, “medicina de verdade” se aprende mesmo é em beira-de-leito, é em leito de hospital. Sem esta prática, formam-se teóricos de cuspe-e-giz, não médicos. Mas isto, o Governo faz questão de não ver pois, como vimos, seu interesse é o de fazer um “médico anti-médico”, uma “medicina que tem vergonha e renega seu próprio nome”.
Os empresários adoram esta “medicina de cuspe-e-giz”, adoram o tal “ensino baseado em problemas” impingido pelo MEC ( “reuniões” nas quais os alunos levam e discutem problemas, “observados” por um tutor ).
Este tipo de ensino baseado em reuniões teóricas, em cuspe-e-giz, já está fazendo seu estrago, as notas do Enade estão aí para mostrar. Este pessoal não está aprendendo medicina; no máximo está sabendo alguma coisa difusa de saúde pública, de “políticas públicas”. É muito mais fácil um aluno de medicina “tipo MEC” saber a data exata da “gloriosa reunião de Alma-Ata”, na União Soviética, onde a OMS se comprometeu com a “saúde publica” mundial, do que saber qual o limite superior da dosagem de potássio no sangue. São anos e anos, carga horária e conteudos esmagadores de “saúde pública” ( seja lá o que for isto ) , “doutrinação socialista de saúde básica”, “atendimento primário”, “políticas comunitárias”, blábláblá, ao invés de aprenderem diagnosticar e tratar doentes, que é a única função precípua do médico ( função esta que o Governo,estrategicamente, retirou, do médico, ao acabar com a Lei de Regulamentação da Medicina, no ano passado ). Os crescentes escândalos e erros médicos estão aí para provar o que eu digo, conforme também exemplifiquei acima. Por enquanto só se divulga a parte teórica, ou seja, os “cursos ruins de Medicina”. E sabem o que o Governo vai fazer ? Acham que vai fazer algo para que os médicos voltem a ser médicos e para que a medicina volte a ser medicina ? Nada disto : vão é mudar a prova. Assim como o Enem, vão retirar cada vez mais a ciência e colocarem política. Vão retirar a medicina e colocarem cada vez mais “as políticas públicas”, as “leis do SUS”, a “consolidação do modelo não-médicocêntrico”, a “luta contra o hospitalocentrismo”, a “valorização político-salarial da equipe multiprofissional”, etc, etc. Aí todo mundo “sai bem” nas “provas do MEC” e tudo bem. Estando livre das amarras “acadêmicas”, esta “medicina podre” só vai arrebentar mesmo é na sala de parto, é na mesa de cirurgia, é debaixo da terra. Mas aí as coisas, mais uma vez, se “ajeitam” neste país : aqui ninguém descobre o porquê se foi parar debaixo da terra e, quando se descobre, não acontece nada mesmo. Ou, então, quando acontecer, vamos “jogar a culpa no médico”, “ele é quem errou”, pois já está longe, na lembrança e no espaço, na história e na geografia, quem foi a faculdade que o formou, quem foi o Governo que forneceu a ideologia espúria que o deformou enquanto profissional.
Este “estudo” que fiz acima mostra bem como funciona o conúbio destrutivo entre o socialismo ( “Governo mandando em tudo” ) e os tubarões do capital ( “donos de faculdade”), redundando em prejuízo apenas para a “massa amorfa” que está localizada entre os dois segmentos de poder ( o Estado e o Grande Capital ).
A equipe de engambelação do Governo, que é muito mais inteligente do que você, leitor, e eu, juntos e somados, virá logo em defesa de uma contra-tese : “o Marcelo está errado, pois as faculdades públicas estão bem melhores do que as privadas, mostrando que o “estatismo” é melhor do que o capitalismo”. Esta é uma ótima tese para “me derrubar”. No entanto, vamos lá analisá-la :
1) em primeiro lugar, o Governo tem vários mecanismos para “adubar” as notas de suas faculdades. Já falei nisto em meu último artigo de domingo, 21.12.14, no site : dm.com.br.
2) entre os mecanismos está o de valorizar doutores ( gente que pesquisa a rebimbela da parafuseta, a preço de ouro, e sem precisar dar aula ).
3) ou , então, o mecanismo de valorizar número de pessoal e salários. O Governo, com o dinheiro que assalta de nós ( extorção de impostos, taxas, contribuições, etc ), tem trilhões para gastar com pessoal e salário. A sociedade civil, faculdades particulares, não tem este recurso infinito.
4) Outros mecanismos que favorecem o público : dar notas para quem dá cotas, bolsas. Dar notas para quem “abriu no ano passado”, dar notas para quem “abriu onde os capitalistas não queriam abrir”.
5) As faculdades federais ( melhores notas que as particulares ) são mais antigas, ainda eram de uma época em que medicina era medicina, e não este arremedo estatal que aí está. Como faculdades antigas, tinham hospitais, tinham cadáveres, laboratórios, coisas que o MEC não exige mais das “novas e particulares faculdades”. Tanto é que algumas federais novas também tiraram nota ruim no MEC. Tanto é que algumas federais novas também tiraram nota ruim no MEC. Com as cotas em faculdades públicas de Medicina ( mais uma ação politiqueira equivocada do Governo, ao invés de cobrar de quem pode pagar nas Federais, ou de dar um ensino médio decente para os pobres poderem concorrer por mérito, de igual para igual ) só entra por mérito quem é quase-gênio ou doente obsessivo. Muitos destes “decoram Medicina em livros”, mesmo sem saber o que estão dizendo, como papagaios. Estes também tendem a aumentar artificialmente a nota de faculdades públicas. Digo “artificialmente” porque um “decoreba” destes, quando na frente de um paciente, num leito de hospital ou numa sala de cirurgia, não “sabe nada”; medicina não é teoria.
6) As faculdades antigas tinham um ensino baseado na clínica, ou seja, o estudante tinha de “colocar a mão na massa”, “pegar em paciente”, tocar enfermaria, e não ficar em “reuniõezinhas de PBL, “meninos perdidos na Terra do Nunca”, discutindo “psicossocialmente” a influência do asfalto no superego da minhoca. O Governo “força” o PBL porque é um “modelo baseado no socialismo”, ou seja, em reuniões intermináveis, muito cuspe, muito blábláblá, e pouca ação, pouca ciência prática, pouca “intervenção”. O tal PBL virou uma ótima justificativa para a faculdade particular não “gastar dinheiro” com hospitais, enfermarias, estruturas clínicas, preceptores que sabem o que fazem. Os 1.800 reais que pagam para os “tutores” é o claro exemplo daquele didato popular : “quem sabe faz, quem não sabe ensina”. Sim, os tais “tutores teóricos” apenas ensinam, mas não fazem. E medicina não é teoria, é uma ciência eminentemente prática. É muito complexa teoricamente, mas a teoria só pode ser “fixada” e aplicada na prática. Sem a prática a teoria se perde, ou não tem como ser aplicada de modo algum.
No entanto, para o Governo, que quer uma “Faculdade de Medicina Anti-Médica”, isto é um prato cheio, e não será desmontado. Aí vemos como o Governo “ajuda o Capital” e vice-versa, não importando o quanto sofra o aluno, o quanto sofra o paciente.
Assim caminhamos para o próximo ato governamental : ao pegar a mulher com o amante no sofá vai queimar o sofá. Vai facilitar a prova. Não se preocupem , o ano que vem já teremos notas melhores...
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Marcelo Caixeta, médico psiquiatra

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