POBRE FAMÍLIA RICA
Charles Fonseca
Eram nove. Sobreviveram oito. Sete mulheres. Que fartura! Muito pobres, muito ricos. Ele, um boêmio de voz encantadora. Uma patativa, um rouxinol, uma sabiá. Sabia agradar as mulheres. E foi abençoado. À noite, deitavam-se em torno dele na cama do casal, de travessa para comportar a todos. Cantava “E a fonte a cantar” e a filharada respondia “chuá, chuá”... Ele retrucava “E a água a correr” e o coral “xuê, xuê”. Que bela cena, que amor sem amanhã! Até hoje, velhinho, todos a reverenciar sua imagem, a cada semana um deles se reveza em estar presente junto aos pais. Silente, sábia, mãe ternura, a mulher que a todos criou a ajudá-lo hoje como sempre, a relevar seus senões, a contornar o incontornável, a todos os filhos dizia sem hesitar “Ele é o pai”. Esta a família humilde e sábia que me acolheu e maior prêmio, a filha primeira, espero que me acompanhe aos meus últimos dias.
domingo, agosto 10, 2014
POBRE FAMÍLIA RICA. Charles Fonseca. Prosa
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