A lástima
Alvarenga Peixoto
Na masmorra da Ilha das Cobras,
lembrando-se da família
Eu não lastimo o próximo perigo,
Nem a escura prisão estreita e forte;
Lastimo os caros filhos e a consorte,
A perda irreparável de um amigo.
A prisão não lastimo, outra vez digo,
Nem o ver iminente o duro corte;
É ventura também achar a morte
Quando a vida só serve de castigo.
Ah! quão depressa então acabar vira
Este sonho, este enredo, esta quimera,
Que passa por verdade e é mentira.
Se filhos e consorte não tivera,
E do amigo as virtudes possuíra,
Só de vida um momento não quisera.
terça-feira, junho 03, 2014
A lástima. Alvarenga Peixoto. Poesia
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